3.4.14

Um português que não sabe qual é a sua pensão de reforma

Daqui não se vê, mas posso assegurar que se trata de um ser atarracado, braços cruzados sobre o dilatado ventre, sorriso aberto e luminoso sob testa ampla ainda coberta por nívea cabelama. Não fosse a veste negra e a gravata rosada, poder-se-ia imaginar um albino de origem nacional-socialista. Um qualquer farsista ter-lhe-á roubado o bigode de pequeno hitler, deixando, no entanto, adivinhar um dentinho de ouro…
Rotundo desde tenra idade, cedo descobriu que estava destinado a ganhar uma fortuna. Já nos anos 70, auferia 100 contos numa daquelas empresas privadas cujo monopólio era assegurado pelo Estado… De lá para cá, ainda não parou de ganhar dinheiro  e nem no tempo do Vasco Gonçalves soube o que era ficar sem emprego. Apesar de tudo, recebia 50 contos. (Vale a pena recordar que um professor ganhava 5 ou 6 contos a explorar o Estado!)
Já reformado, este indefectível amante da pátria continua a trabalhar na EDP,  em tempos, empresa pública, que ajudou a vender, e a fazer a parte de tantos conselhos fiscais e de administração que já lhes perdeu a conta…
E foi certamente essa falta de memória que o levou a afirmar: «Eu neste momento não sei qual é a minha pensão de reforma.»
De referir que este tipo de português é uma espécie vaidosa que se baba com facilidade e que não tem sentido do ridículo.

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