17.11.14

Que farei eu com esta espada?

A pergunta é do Conde D. Henrique: À espada em tuas mãos achada/ Teu olhar desce. / «Que farei eu com esta espada?» // Ergueste-a, e fez-se.»

É a primeira vez que a guerra surge em Mensagem, apesar da 1ª parte - Brasão - surgir sob o lema BELLUM SINE BELLO.
A guerra é um dos fios condutores da obra. Um fio místico, redentor, eivado das novelas de cavalaria medievais, do messianismo de Vieira e do sebastianismo do século XIX...
Vale a pena tomar nota que os cavaleiros-heróis são transformados em mitos, prontos a alimentar a ideologia do Estado Novo:

D. Afonso Henriques, o PAI: (...) a bênção como espada / A espada como bênção!

D. Fernando, o Infante de Portugal, o FILHO: «Dá-me Deus o seu gládio, por que eu faça / a sua santa guerra (...) E eu vou, e a luz do gládio erguido dá / em minha face calma

Nun' Álvares Pereira, o CAVALEIRO: «Que auréola te cerca? / É a espada (...) / Mas que espada é que, erguida, / Faz esse halo no céu? / É Excalibur, a ungida, / Que o Rei Artur te deu. // Ergue a luz da tua espada / Para a estrada se ver!» 

Na 2ª parte, Mar Português, apesar das vitórias não há sinal de espada, de gládio ou de Excalibur!

Só na 3ª parte, O Encoberto, surge O Desejado: Mestre de Paz, ergue o teu gládio ungido/ Excalibur do Fim, em jeito tal/ Que a sua luz ao mundo dividido / Revele o Santo Graal

Embora a obra termine com a exortação - É a hora! - o Poeta parece estar muito próximo do Apocalipse, abraçando o mito do Quinto Império de Vieira, pois ao AÇO sempre preferiu a LUZ...


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