29.6.16

Um exemplo de ironia: a excecionalidade da retenção

O Ministério da Educação defendeu que cabe às escolas decidir se um aluno com muitas negativas passa ou não de ano, no âmbito do caráter de excecionalidade das retenções previsto na lei, interpretado de forma livre pelos estabelecimentos.

Leio a nota do ME, tendo no horizonte a recomendação do FMI de que Portugal necessita de reduzir o número de professores, e eu concordo não com o ME mas com o FMI...
Há alunos que transitam com 7 classificações negativas e outros não. Transitam para onde? 
Pois, deve ser para o ano seguinte. E o que é que fazem no ano seguinte? Dão cabo da turma em que são inseridos e fazem perder a paciência ao Diretor de Turma, sem esquecer os pobres dos professores, às voltas com as chamadas estratégias de recuperação e / ou de enriquecimento. 
Muito da depressão dos docentes tem origem nesta trapalhada, em que muitos chutam para a frente de qualquer modo, porque é considerado incorreto reter o aluno ou, em alternativa, criar turmas de nível.
O insucesso não é apenas resultado da retenção. Em muitos casos, ele é fruto da transição. Há, por aí, muito sucesso individual que tem contribuído para o atraso estrutural deste país.
Não consigo entender por que motivo não são criadas turmas de nível nas disciplinas estruturantes, como Português, Matemática, Língua Estrangeira, História, Filosofia... com os recursos docentes e pedagógicos mais adequados.
Sim, mas para isso, o ME tem de se instalar nas escolas, averiguar o que lá se passa e disponibilizar os recursos financeiros necessários.

Nota final: a figura da autonomia pedagógica é, neste caso, uma boa desculpa para a (ir)responsabilidade do ME.


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