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9.5.15

Vivemos fora de nós

Gare de Alcântara

Os painéis de Almada Negreiros ocupam todo o salão que dá para o Tejo. No corropio de turistas que não sabem como ocupar o tempo, só um ou outro levanta os olhos e parece surpreendido com a cor e as figuras que deram corpo ao estado novo, mas tal ideia não lhes passa pelo pensamento, e até a Nau Catrineta deixou de voltar com as histórias que tinha por contar: 

«Lá vai a Nau Catrineta,
leva muito que contar,
Estava a noite a cair,
e ela em terra a varar.»

Parece que estamos encalhados, e nem a arte sabemos divulgar! Diluídos, vivemos fora de nós, preferimos esconder a identidade...

No entanto, inaptos, insistimos em não ouvir o gajeiro:

«Não vejo terras de Espanha,
nem praias de Portugal.
Vejo sete espadas nuas,
que estão por te matar.» 

Hoje, nem Almeida Garrett nem Almada Negreiros são devidamente apreciados, provavelmente pela mesma razão que «alcântara» perdeu o significado original - ponte.

2.3.15

Pierrot que nunca ninguém soube que houve

1893-1970
Ontem, fui visitar a exposição ALMADA NEGREIROS - Pierrot que nunca ninguém soube que houve -, no Museu de Eletricidade. 
Apesar de os quadros mais importantes se encontrarem no Museu de Arte Moderna (FCG), a exposição dá conta de um percurso nem sempre conhecido e, sobretudo, do falso lado ingénuo do autor multifacetado, cujo saber crítico e pluridisciplinar é posto em relevo no acervo apresentado. Um estudioso incontornável do "fazer" do outro e, ao mesmo tempo, criador de uma obra singular que, apesar de modernista, não descurava a tradição portuguesa e europeia.
Pena é que, em nome de um cânone reducionista, a sua obra esteja cada vez mais esquecida, nomeadamente nas nossas escolas!

A exposição está aberta ao público até 29 de Março de 2015. A não perder! A entrada é gratuita.