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4.9.12

Apesar de tudo



Apesar de tudo, ainda há sinais de futuro. Basta estar atento e apostar na vida!

Vivemos numa sociedade que multiplica os sinais de morte, que convida à desistência ou, pelo menos, à indiferença. E esse decadentismo é tão forte que aprendemos ( e ensinamos) a elogiar aqueles que antecipam «o fim», sem perceber que esta categoria da realidade não é absoluta.

27.6.12

O distribuidor

Decorria o Portugal-Espanha, e eu pus-me ao caminho. A linha vazia! Nem sombra de TGV!

(Embora não perceba nada de futebol, quando olho para a colocação dos jogadores em campo, procuro, de imediato, o distribuidor. Hoje, como nos últimos tempos, não vi ninguém com essa capacidade! A simples hipótese de uma vitória resultar de uma cavalgada desenfreada por uma das alas causa-me calafrios!)

Entretanto, nada faz sentido. Para quê combater a Espanha se dela somos uma parte!? Se queremos ganhar o Europeu / um lugar no mundo, devemos começar por ganhar Portugal… e isso só acontecerá a partir do dia em que a Ibéria se constituir num verdadeiro espaço cultural, económico e político. E para isso, as nações ibéricas precisam de distribuidores.

( O distribuidor é aquele indivíduo que tem uma visão global do campo / do espaço ibérico e é, a cada momento, capaz de flanquear o jogo.

A Ibéria sempre teve os seus defensores, mas os nacionalismos oportunistas têm vingado sempre.

Agora que perdemos, o melhor é apoiarmos Espanha na próxima partida… e talvez o TGV volte a fazer sentido!

26.6.12

A porta

Sentados (ou deitados?) esperamos a resposta. Talvez o telefone toque, um amigo envie uma sms ou um email caia na caixa de correio. De vez em quando, reunimos e exigimos… que o telefone toque, o amigo envie uma sms ou o email nos traga boas notícias.

Lá fora há um caminho (até vários!), mas o difícil é vencer a porta e sair. Sair, percorrer o caminho, as vezes que for necessário, disponíveis para agarrar o destino – o nosso!

( Quando a escola não nos deixa caminhar.)

16.6.12

A pé, o caminho…



Cansado de responder a perguntas de última hora – Facebook: Grupo Exame de Português - Dúvidas – parto a pé na direção do Tejo. São 30 minutos! Os bancos convidam ao repouso, evito-os, a maré vazia, percorro a zona ribeirinha e desemboco no Oriente, na expectativa de que o 28 me devolva a casa. Passaram 80 minutos! E, entretanto, espero… o 28 está encalhado numa manifestação ou numa festa rural animada por um artista popular.


12.6.12

Interregno

Interregno: período de tempo em que um país fica sem rei, presidente –  a democracia é suspensa e perde a soberania.

Ao longo da sua  História, Portugal já experimentou tantos interregnos que, hoje, agimos como se nada estivesse a acontecer. Enquanto uma parte significativa da população desespera em silêncio, outra parte, de barriga cheia, clama sem perceber que, sendo os recursos financeiros reduzidos, não pode subtrair-se às medidas de austeridade, sobretudo quando estas visam reduzir os custos de funcionamento de organismos geridos sem efectiva supervisão.

Vivemos em estado de exceção e por isso de nada serve esbracejar perante a tutela, porque esta mais não é do que a correia de transmissão dos verdadeiros soberanos…

«Fazei, Senhor, que nunca os admirados / Alemães, Galos, Ítalos e Ingleses, / Possam dizer que são pera mandados,/ Mais que pera mandar, os Portugueses.» Camões, Os Lusíadas, Canto X, estância 152.

No essencial, o Poeta já percebera que o tempo português passaria a ser de interregno. Até quando?

8.6.12

O caminho


«Procura cada qual, por seu próprio caminho, a graça, seja ela qual for, uma simples paisagem com algum céu por cima, uma hora do dia ou da noite, duas árvores, três se forem as de Rembrandt, um murmúrio, sem sabermos se com isto se fecha o caminho ou finalmente se abre…» José Saramago, Memorial do Convento, 1982

São três árvores, as de Rembrandt, saídas das cinzas da noite, deixando, no entanto, que a luz do dia brilhe em fundo revolto. A vida humana decorre absorta, como se para além do claro-escuro nada mais existisse.

O subtexto de pouco serve a Saramago! Saiu do século XVII pela porta da irrisão, pois não consegue escapar ao desespero do grande arquiteto enredado no seu próprio labirinto.

17.5.12

A não ser a dita crise

A - "Durante os anos, os salários foram sendo melhorados e agora, sem razão alguma a não ser a dita crise, estão a tirar tudo aos trabalhadores: os subsídios de férias e de Natal e parte do ordenado", disse à Lusa Anabela Carvalheira, da Federação de Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS).
B –“Nenhuma intervenção externa age se não for percebida, interpretada e assimilada pelo próprio.(Leonor Santos, Auto-avaliação regulada:porquê, o quê e como?)
6000 professores, num momento decisivo para a conclusão da atividade escolar, seguem um rigoroso calendário de formação sem que se torne visível a relação próxima com o ato de classificar que gratuitamente terão de desempenhar nos meses de Junho e Julho, até porque outros milhares estarão, também, envolvidos na classificação de exames sem  prévia formação. Sem esquecer que os professores, enquanto funcionários públicos, perdem os subsídios de férias e de Natal e parte do vencimento!
Na situação de crise prolongada, não posso deixar de pensar que o Governo anda distraído ao gastar recursos que não tem com ações de formação desajustadas no tempo e, sobretudo, que se enganou no destinatário. Esta ação deveria ser ministrada aos sindicalistas do metro (e não só), pois não conseguem interiorizar a crise e os seus efeitos sobre o povo português.
E já agora parece que ainda há muita gente com responsabilidade neste país que não entende que existe em Portugal uma intervenção externa (estrangeira), e que nestes momentos o oportunismo não deixa de fazer o seu caminho.
PS. Eu sou um dos 6000 privilegiados, mas que, hoje até às 10h30, não poderá apanhar o metro por causa dessa coisa estranha que é a crise!

11.5.12

O erro irreparável…

Paulo Freire (1995) propõe que mudemos a nossa atitude frente ao erro, considerando-o uma “forma provisória de saber”.
De tempos a tempos, surge um guru a proclamar a excelência do prazer, do sentimento e, mesmo, do erro. Em geral, proclama que nascemos desprovidos de disciplina e, sobretudo, de livre-arbítrio. No melhor dos casos, nascemos em graça. Nos restantes, filhos das trevas, caímos no erro do qual penosamente sairemos se acreditarmos num qualquer tipo de redenção.
Entrados na floresta, sem bússola ou GPS, rapidamente caímos em desespero, a não ser que, racionalmente, optemos por marcar o caminho percorrido ou por seguir o rasto de eventual pegada humana. Não consta que ninguém, em seu perfeito juízo, tenha decidido perder-se para que subitamente um mestre irrompesse  detrás de uma qualquer moita para conduzir o discípulo pelos caminhos da indagação reflexiva sobre as causas do engano…
Em vez de ensinar o caminho direito, o guru prefere experimentar o discípulo, fazendo-o correr riscos para que ele se torne refém duma situação que acentua a fragilidade da condição humana, apontando o acesso à consciência como o resultado de quem conseguiu desenvencilhar-se da floresta de enganos pela mediação do guru, do sacerdote, do professor, do psicanalista…
Se o erro é inevitável, nada devemos, no entanto, fazer para que ele se instale, porque, na maioria dos casos, ele é irreparável.

1.5.12

Persistência

I - Até correu bem, a ida ao teatro. No geral, os alunos souberam respeitar o trabalho dos atores. O grupo A Barraca representou com sobriedade a peça de Luís Sttau Monteiro, Felizmente Há Luar! O encenador privilegiou a palavra, em detrimento dos efeitos sonoros e visuais que, de certo modo, o texto dramático autoriza.

Em palco, para além do círculo da regência, multiplicaram-se os sinais do Estado Novo: figuras dúbias de gabardine e óculos escuros… E Matilde, esposa extremosa do General Gomes Freire de Andrade, cujos afetos hostilizam o desespero do povo, acaba por se consciencializar de que a esperança reside naqueles que conseguem ver para além das cinzas…

II – Maio surgiu, descontínuo e sombrio. No entanto, as amendoeiras e as nespereiras prometem colheita farta. As oliveiras e as vinhas, em flor… Longe, a retórica farta esgota-se em argumentos primários, incapaz de criar um posto de trabalho… A chuva ainda não desistiu de nós!

12.4.12

Este caminho…

Este caminho só tem um sentido! De nada serve olhar à direita e à esquerda, quando ficamos sós…

Atrás, na encruzilhada, ainda podíamos hesitar ou mesmo inverter a marcha…Agora, os rostos que nos fitam já não veem senão uma nódoa escura!

Os pés calcam a terra, mas o rasto esboroa-se, apesar da lama…

6.4.12

Queimada




A minha relação com o fogo é há 50 anos de ordem traumática. Hoje, finalmente, participei numa queimada catártica, apesar de haver certamente quem me possa acusar de contribuir para o empobrecimento dos solos e de prejudicar a biodiversidade.

27.2.12

Comentar…

Não sei se vale a pena responder a comentários, sejam apreciativos ou depreciativos. Em geral, um comentário serve para explicitar a substância e não para enfatizar o acessório.

Na foto desaparecida, nós vemos a flor da amendoeira que, certamente, procuraremos adjetivar. No entanto, à volta das corolas, atarefam-se as abelhas…

… e claro, na colmeia há sempre um zângão!

18.2.12

Ao entardecer…

O arame farpado bloqueou-me a voragem…

Entretanto, concluo a leitura da enciclopédia ficcional de Roberto Bolaño, A Literatura nazi nas américas,  e fico a pensar na excentricidade, na megalomania, na violência e na irracionalidade daqueles monstros que povoam o continente americano, e cujas raízes ora se escondem ora se revelam na europa…

E claro, o plágio é tão comum que, a páginas tantas (125), acabei por chocar com «o Pessoa bizarro das Caraíbas», cuja morte o encontrou «a trabalhar na obra póstuma dos seus heterónimos.» ( Max von Hauptmann)

(De facto, Roberto Bolaño convida-nos à voragem do entardecer!)

8.1.12

A vertigem do pó

O sonho da ascensão materializa-se, na maioria dos casos, em objetos utilitários e / ou simbólicos. Estes representam o poder e a vaidade humana - e exigem criatividade.

Hoje, ao atravessar a Praça D. Luís (Lisboa), repeti a sensação que, outrora, sentira no Largo Sá da Bandeira (Santarém): a arte, em regra, serve a megalomania do homem e o criador pouco mais é do que um servo.

Entretanto, entre estes dois tempos, experimentei e desafiei a profecia, sem nunca ter realizado a sonhada ascensão familiar, sem nunca ter compreendido a vaidade humana, pois, cedo, saboreei o pó de que somos feitos…

Desfeito o oráculo, a vertigem do pó entranhou-se definitivamente em mim, tornando-me estranho a tudo o que deriva do TER / do PODER.

5.1.12

Quebrada a linha, só a proa esfíngica se inscreve na memória. Quebrada a espera, só a elegia sossega …

A partir de agora, já não há regresso!

(Nova nau se vislumbra no cais da partida…)

27.11.11

Bolota no Parque das Nações!



Sem querer substituir a batata pela bolota, refira-se, no entanto, que esta (tal como a castanha), antes dos descobrimentos, era a base de muitas sopas, havendo, também, quem confecionasse uns saborosos queijinhos de bolota.

Na época de crise que atravessamos, em que os hotéis crescem que nem cogumelos, talvez venha a ser chic degustar uma tradicional sopa de bolota… Por aqui, no Parque das Nações, só faltam os porcos! Ou Não?  

22.11.11

A ditadura da opinião…

Apesar de haver quem pense que a Grécia moderna nada tem a ver com a Grécia antiga, eu espero que não seja assim, e isto porque há vários dias que uma antiga sentença grega não me sai da  cabeça: «os homens são atormentados pela opinião que eles têm das coisas, e não pelas próprias coisas.» Epicteto, Enchyridion
Infelizmente, as notícias públicas e privadas estão cada vez mais contaminadas por apreciações subjetivas que ocultam ou deturpam os factos.
A crise europeia, para ser superada, exige a criação de um estado europeu – o que impõe, em nome do bem comum, perda de soberania. Mas o que se verifica é que a multiplicidade das opiniões insiste em ignorar o caminho: um governo central, um banco central, forças armadas comuns…
A tormenta que atravessamos impõe clarificação da decisão política: ou construímos o estado europeu ou mais vale sair da “união”…

26.10.11

Três minutos…

1 - O cientista político arregala os olhos e grita: - Deixem-se de considerandos sobre as causas da ruína da pátria porque, agora, é tempo de empobrecer! O nosso programa só tem um sentido – empobrecer!

No fundo a nova ciência política está a ressuscitar o mito salazarista de «quanto mais pobres mais ricos».

2 – Há decisões difíceis, mas que, por vezes, nos iluminam o dia. E isto só acontece quando cada decisor faz o seu trabalho de forma rigorosa e isenta; só acontece quando cada um consegue suspender os afectos (positivos ou negativos) e aplica rigorosamente os critérios previamente estabelecidos pelo grupo de trabalho.

3 – Razão ou preconceito, sombras há, no entanto, que se nos atravessam no caminho e nos deixam a pensar sobre a ambiguidade do gesto, da palavra, do movimento. Sobre a influência que podem ter na formação dos jovens…

18.10.11

Literatura e finanças…

A literatura pouco fala de finanças! Os trovadores defendiam que os jograis e os segréis passassem fome, sobretudo se estes lhes fizessem sombra. Fernão Lopes lá refere os cronistas de barriga cheia e de barriga vazia: a fidelidade ao suserano era bem diversa. Gil Vicente refere-se quase sempre aos roubos de fartar vilanagem que não poupavam ninguém. Todos roubavam e todos eram roubados. Os judeus seriam os únicos a rir, mas nem no inferno os queriam.Camões servia trovas aos amigos enquanto a tença valsava nos salões do paço…. e por aí fora. Eça sentia-se roubado pela choldra. Pessoa encharcava-se em aguardente à espera de melhores dias, confiado em Jesus Cristo que nada sabia de finanças! Jorge de Sena, eterno incompreendido,  mal ganhava para alimentar os filhos.Saramago insistia em abrir a burra ao proletariado na ânsia de um milagre igualitário…Dos escritores indignados, nada sei, embora suspeite que deliram por um qualquer subsídio que lhes permita ir escriturando…

No meu caso, que nada percebo de literatura e ainda menos de finanças, creio que o melhor para que o país não se dilua irremediavelmente será diminuir drasticamente a carga fiscal sobre toda a produção nacional, e aumentá-la em 100% para todos os produtos importados. Mas todos!

Sejamos mestres na arte de cotejar. Os nossos credores ficariam satisfeitíssimos connosco!

16.10.11

Vértices

Regresso e não me lembro do marco. Sei que, em tempos, a colocação de um marco era uma questão séria – uma questão de morte. A vida que restava era de eterna fuga. Hoje, a clareza do caminho não me devolve a incerteza do atalho de outrora. No entanto, ainda há quem estabeleça a fronteira; ainda há quem, se eu deslocasse o marco, me ceifasse a vida e a abandonasse no mato até que este me absorvesse definitivamente.

Na verdade, regressar é impossível; renascer é fogo-fátuo. Só me resta adaptar-me ao marco que ali enxergo, embora ainda tenha algum tempo para procurar os vértices e cavar um derradeiro fosso. Não sei se dentro se fora do quadrado…

Bem sei que poderia contar várias “estórias”: da estaca ao escalo, sem ignorar o moderno pilarete. Mas para quê? Em qualquer caso, teria de falar de interesses, negócios, lucros, monopólios, acionistas… e isso deixou de me interessar.

Vou seguir a curva e procurar novo vértice. E ainda me resta saber, se vou pela direita se pela esquerda. E talvez possa seguir em frente. Parece-me que se o fizer, acabarei por descobrir outro vértice. Inesperado? Sim, acabo de destruir a teoria do quadrado!

/MCG