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1.8.12

O narcisismo da voz

Cada vez que morre um comunicador, há logo quem afiance que a sua voz ficará para sempre. Não valeria a pena exemplificar se, de facto, isso fosse verdade. Por exemplo, quantos reconhecem hoje a voz de Vitorino Nemésio?

Embora existam registos audiovisuais dessa voz, ninguém sente necessidade de os divulgar. Porquê? Provavelmente pela natureza da mensagem! Do fascínio de outrora pouco resta, talvez porque a eloquência nos impeça de ver a obra.

Todavia, de Cristo ou de Maomé nem rosto nem voz, mas isso não impede que a mensagem continue a incendiar a terra.

Só um narcisista se atreve a enunciar a elocução “Para sempre!

/MCG

23.7.12

O clima é amigo

Os alunos das escolas ( 239 ESCOLAS PRIMÁRIAS )  que encerram serão transferidos para centros escolares ou outros estabelecimentos "com infra-estruturas e recursos que permitem melhores condições para o seu sucesso escolar", considera o Ministério da Educação. (Renascença)

Em nome do sucesso escolar, os Governos transferem os alunos. A ideia parece razoável, mas porque é que não se aproveita para transferir, também, as famílias?

Não será melhor fechar as igrejas, os cemitérios, os correios, os postos de saúde?  Não será melhor acabar com o queijo da serra, acabar com o alvarinho, acabar com o porco preto, acabar com a alfarroba e a laranja, arrasar os sobreiros e extinguir as colmeias?

Sobra, no entanto, uma questão: - Como é que este sucesso escolar tem desembocado no insucesso na vida?

E no caso das crianças (e famílias e autarcas) não aceitarem a transferência, tal como os indígenas se viam obrigados a aceitar o Deus dos cristãos, então há sempre o recurso aos incêndios …

… arde o país até porque o clima é amigo!

PS. No meu entendimento, não há sucesso escolar ou outro se não houver enraizamento

4.3.12

Quási…

«Um pouco mais de sol – e fora brasa, / um pouco mais de azul – e fora além.», Mário de Sá-Carneiro

Um pouco mais… e não teria gasto o fim de semana a classificar ‘testes intermédios’!

- Afinal, o que é que me faltou? O golpe d’asa?

- Não, o rio, porque esse com mais ou menos azul continua perto, sem, no entanto, me levar ao mar…

(Ainda a ilusão de poder ser útil!)

6.8.11

Numa esfera distante…



O forte; a ria; o sapal. Do outro lado, o mar.

Um exemplo do que desperdiçamos. Pouco mais fazemos do que ir a banhos. Torramos ao sol, indiferentes aos perigos e à miséria, como se vivêssemos numa esfera bem distante.

(…) Ainda não encontrei o engenheiro naval, Álvaro de Campos, e não vejo motivo para que ele aqui tivesse “nascido”! Ainda se ele tivesse sido construtor civil!

27.7.11

Exotismos!

Valorizamos facilmente o exótico. As árvores de porte altivo são quase sempre exóticas! Sem elas não teríamos jardins, naturais, tropicais ou outros!

Sem a intervenção estrangeira, Portugal não teria sido fundado nem, ao longo dos séculos, teria conseguido manter a soberania…

Hoje, acreditamos que a TROIKA não deve ser confundida com qualquer cavalo de Tróia…

Finalmente, estamos psicologicamente disponíveis para aceitar  avaliadores exóticos (externos).

Nuno Crato, 6ª feira,  anunciar-nos-á que uma nova TROIKA chegou ao Ministério da Educação. E nós bateremos palmas!

E depois andamos surpreendidos com o despertar violento do nacionalismo, embora pensemos que se trata de uma manifestação de exotismo – finlandês, austríaco… norueguês…

Haja paciência!

20.7.11

Luz e sombra…

 Se as tarefas se amontoam ou a vontade é frágil acaba-se por não conhecer o que está na sombra ou para além da fachada.

Mesmo entrando, se à pressa, as peças da história podem deslumbrar, mas apenas isso.

Do martírio desta Santa Eufémia (porque há outras!) até  este registo crescem as sombras…

e nós, contentes…

e eu, apressado, já nem sei porque comecei…

(É tão cedo e já tão tarde!)

8.1.11

Castigare aetatem…

De vez em quando, acordo em Latim. Nunca fui romano, mas hábitos antigos vêm à tona sem serem convocados… Algo me diz que deveria dar mais atenção à antiga lição. No entanto, sufocado pelas novas redes, procuro mergulhar nessa onda comunicacional a que, paradoxalmente, falta  o miolo.

De qualquer modo, as redes estão-se nas tintas para a idade, misturam velhos e novos, criam a ilusão de que o tempo deixou de existir, forjando em vida uma imortalidade definitivamente perdida… Tal o pescador que lança a rede de malha fina num gesto derradeiro…

Assim, estou eu, castigado pela idade, a fazer de conta de que já estou reformado, pois de nada serve o trabalho acumulado nem os descontos efectuados. Para o caso, mais valia emendar a idade

23.12.10

Festas Fartas!

Independentemente da confissão ou da convicção, a grande maioria corre frenética para a noite de Natal, como se não houvesse mais noite. A vertigem arrasta para a despesa fácil e para a mesa farta, como se a riqueza nos fugisse definitivamente.

E de verdade, o ano de 2010 parece assinalar para muitos portugueses uma viragem profunda no estilo de vida... Por enquanto, ainda mantemos rotinas... e por isso Boas Festas a todos os que me têm acompanhado.

(E quanto a 2011, esperemos que, para fazer prova de honestidade, não seja necessário renascer duas vezes!)

15.12.10

De que serve encanar a água?

É tanto o ruído, tantas são as frases sobrepostas que as meninges latejam. Pouco interessa se a palavra encontra interlocutor. Fontes donde a água jorra indiferente à necessidade!

De que serve encanar a água se qualquer riacho a pode encaminhar para o mar? Esse lugar em que, definitivamente, a gota morre.

Inebriados, transformamos o sério em risível, alheios à vida que paulatinamente estiola…

(O sentido atravessa sem cor as fendas destas surdas paredes e eu sigo pelos interstícios para longe do rumor que me esmaga o cérebro. Só não sei porque regresso todos os dias!)

19.11.10

E a pobreza aumenta…

A ideia de construir a paz pela força é uma ideia que me desassossega. A História ensina que mesmo que as armas possam ser um instrumento de libertação, elas acabam por impor a ocupação. E a ocupação militar esconde sempre o roubo das matérias primas do território “libertado”. É esta sequência – libertação / ocupação - que legitima a acção dos grupos anti-NATO.

No entanto, o manifesto anti-NATO, ao apostar no desarmamento, abre a porta ao suicídio das culturas mais idealistas, pois o homem é naturalmente predador.

A guerra lá longe pouco nos diz, mas pesa no orçamento. A cimeira da NATO, em Lisboa, pode dar prestígio a alguns governantes, mas os portugueses não conseguem entender porque é que ela decorre num país à beira do abismo. As despesas com a organização da cimeira e das contra-cimeira são a expressão da irracionalidade das elites…

E a pobreza aumenta a cada minuto que passa lá longe, no Afeganistão, ou, aqui perto, neste país onde até o sol, envergonhado, deixou de ser o habitual anfitrião.

10.11.10

A teia…

Na Loja do Cidadão: – «Se me tocas, mato-te, bandido!» (interlocutor invisível). - «É todos os dias a mesma coisa!» (coro de funcionários revoltados)

Na Praça em frente, dois moldavos sorriem gulosamente para uma carrinha de valores e parecem dizer: – «Logo, à noite, não nos escapas!» De facto, apenas esperavam uma loira emplumada…

Ao lado, na esplanada, uma «bica» alimenta horas de espera infrutífera… no país da (des)burocratização que consegue transformar salas de teatro em “lojas” de atendimento.Turistas pasmados fotografam a fachada do Éden e trocam olhares intrigados.

De manhã, ainda observo os movimentos e sinto os salpicos da chuva; ao fim da tarde, já ausente, oiço palavras marteladas,  palavras dissidentes, palavras sectárias.

Fica-me, contudo, a ideia de que já não conto. A teia cobre-me o rosto como desce a noite. Sem avisar. 

7.11.10

O contraste…

Pouco crente, continuo, no entanto, a caminhar na expectativa de recuperar algum osso mais esboroado. Para que a caminhada se torne menos hipocondríaca, vou observando lugares e comportamentos um pouco ao acaso. E o contraste assalta-me: a Quinta da Vitória (ironia / antífrase?) continua igual a si própria – imutável – no concelho de Loures; do lado de lá da fronteira, o Laboratório Militar e o Instituto Geográfico do Exército desaguam num inesperado canavial, parcialmente ocupado por meia dúzia de barracas…

O bairro de lata, o bairro da Gebalis, ambos em terrenos socialistas, já deixaram de me preocupar. Ninguém quer saber da promiscuidade e da degradação que os infesta. E eu que posso fazer?

Todavia, as instalações militares lembram-me outras instalações militares espalhadas pelo país, de alto baixo, e não posso deixar de me interrogar sobre o preço da manutenção / abandono desse património. Muito eu gostaria de saber quanto é que o Estado gasta e /ou desperdiça anualmente só em espaços ocupados pelas gloriosas forças armadas! Isto não significa que o País não necessite de Forças Armadas. Significa que não há motivo para que elas sejam donas de uma parte do território. Significa que o Estado só deve dispor do território para funções nobres e não pode desperdiçar recursos, gerando contrastes intoleráveis….

30.10.10

Em tempo de caracóis…

O caracol floresce nos dias de chuva e o país anda para trás. De qualquer modo, os portugueses não se coíbem de passar estes três dias de inactividade injustificada longe de casa, mesmo que as viagens tenham custos acrescidos, resultantes de mais portagens e de mais acidentes. Por seu lado, os políticos ocupam o palco, em vaidades infantis e jogos suicidas.