30.9.14

Estou farto de engraçadinhos que pedem desculpa


Estou farto de engraçadinhos que só sabem fazer associações espúrias. Vivem da piada boçal, do sorriso trocista, do desconhavo patético... Desprezam quem é zeloso e procura, a cada passo, aprender...
Chegam atrasados, interrompem descaradamente o trabalho em curso, e acreditam que "pedir desculpa" é quanto basta. Nunca ouvem nem registam uma instrução; deixam o manual fechado e fazem-se surpreendidos quando são chamados a modificar o comportamento...
O problema é que são os engraçadinhos que fazem carreira política e acabam por nos governar. E foi na escola, na minha escola, que aprenderam a "pedir desculpa"!
 
Um destes dias, bato com a porta!

29.9.14

O Estado Português contra o Estado Islâmico...


Portugal prepara-se para participar na coligação contra o Estado Islâmico. Quer dizer: o Estado Português decide participar na coligação "mundial" contra um "estado" que não existe...
E não existe porque, pelo menos, na primeira fase, o que está em causa é a ocupação de território, vitimando todos os que encontram pelo caminho.
O que significa que há um território "indefeso" porque os Estados que, supostamente, deveriam assegurar a sua defesa são fracos...
E é essa fragilidade dos Estados que é preocupante, porque ela é cada vez mais dependente da coligação mundial de interesses. 
 
A Nação Portuguesa é, hoje, dirigida por um estado fraco, que abandona grande parte do seu território, tornando-o indefeso, deixando-o ao alcance de uma qualquer horda que resolva ocupá-lo.
 
O que eu não compreendo: Como é possível aceitar falar de um "Estado Islâmico"? Será que este novo Estado é construído por uma Nação Islâmica?  Qual é verdadeira causa da ação de destruição levada a cabo no Oriente Médio? 
O que eu desconheço: Quais são os verdadeiros efeitos da ação de bombardeamento aéreo levada a cabo pela Coligação?
O que me deixa perplexo: Todos dias se fala do Estado Islâmico como um identidade, mas ninguém se preocupa em criar um Estado Arménio, um Estado Curdo? Será que o Estado Português tem alguma coisa a dizer sobre esta matéria ou, apenas, está interessado em obedecer às ordens da Coligação?
 

28.9.14

A desilusão do povo português

A maioria dos comentadores políticos repetem diariamente que o povo português está desiludido com a classe política.
Duvido! Se tal fosse verdade, o povo ter-se ia revoltado e teria deitado pela borda fora políticos e apaniguados.
O desfasamento entre a ação política e o interesse doméstico e pessoal é de tal ordem que até os anarquistas foram varridos das ruas e das páginas da imprensa escrita e do audiovisual...
A desilusão pressupõe um período de ilusão, de sonho, de utopia. Ora, as últimas gerações mais não têm feito que revindicar uma fatia do bolo...
E o dia de hoje não altera nada! A corrida continua a ser à partilha do orçamento! Quanto ao povo, este dorme, dorme, dorme... 
 
Quem está desiludido, sou eu!
 

27.9.14

Carlos Moedas e os brinquedos para porcos…

Vivo há anos preocupado, nem vou dizer com o quê, porque ninguém quer saber das minhas preocupações. Mas como não quero ser egoísta, estou aqui a pensar no azar do futuro  comissário europeu Moedas que vai ter de distribuir 80 mil milhões de euros, ele que se habituara a cortar, a torto e a direito na fazenda do vizinho.

Parece que na próxima 3ª feira, Moedas terá que responder a 40 perguntas para ficar a saber se é o homem adequado, não para cortar, mas para distribuir tantos milhões pela ciência, pela  investigação e pela inovação. Cavaco já disse sim – que era o melhor que nos poderia ter acontecido! Pelo que lhe disseram, porque, de verdade, há muito que não tem certezas…

Como acredito que a esta hora Moedas esteja a ser submetido a uma redentora sabatina jesuítica, apelo a que oiça atentamente a emissão desta tarde da TSF, transmitida do Montijo. Acabo de ouvir que uma parte desses milhões pode ser aplicada na produção de brinquedos para porcos…

Se não tiver tempo de ouvir a referida emissão, lembro-lhe que, em Bruxelas, estão reunidos 60 sábios porcinos a discutir o tipo  e a duração dos brinquedos que os porcos podem utilizar durante  os  tempos livres.

Caso uma das 40 perguntas incida na ocupação do tempo dos digníssimos suínos, recordo ao Doutor Moedas que um porco vive, em média, quatro meses. Se retirarmos o tempo que passa a dormir, a comer e (…), ainda sobra muito tempo para brincar. Há, no entanto, uma questão que algum arguto membro do júri lhe poderá colocar: – Será que um porco ficará feliz, melhorando a  qualidade do presunto, se o produtor lhe oferecer uma bola?

Cuidado Doutor Moedas, esta resposta obriga a conhecer os porcos, e não só os dos montados alentejanos. É uma das áreas de investigação mais prementes para a defesa do bem-estar do porco europeu, muito distinto do porco do Tio Sam e do Terceiro Mundo.

A TSF ensinou-me hoje que uma bola não é um brinquedo satisfatório para o porco europeu. Ao fim de 15 dias de brincar com a bola, mesmo se do CR, ele sente-se enfastiado…

Em conclusão, Doutor Moedas, se quer ganhar o lugar não se esqueça do bem-estar do porco europeu e, consequentemente, do nosso e, em primeiríssimo lugar, do seu.

26.9.14

O interlocutor

Já não encontro ninguém que reconheça que de determinado assunto nada sabe. Desconheço se o estado do conhecimento atual deve ser considerado como sincrético…

Em cada ação verbal pressinto que o interlocutor detesta que lhe seja atribuído esse estatuto. O interlocutor moderno finge que ouve e acredita mais no que vê… os restantes sentidos, entretanto, vão definhando se algum dia desabrocharam…

O  interlocutor não dá tempo ao locutor. Rasura-o e cavalga-o despudoradamente, mesmo que para isso tenha de desconversar, de mentir, de amalgamar. O  interlocutor galopa numa estrada de ambiguidade e de ambivalência…

O interlocutor desconhece o silêncio e o deserto e o abismo…

O interlocutor, apavorado, despreza o nada.

O  interlocutor não descansa enquanto não mata o locutor. Não aquele que há em mim, mas o que há em si! O interlocutor é um génio e eu sou o NADA.

25.9.14

Dos que mentem e furtam com unhas políticas

« A primeira máxima de toda a Política do mundo é que todos os seus preceitos se encerram em dois: o bom para mim e o mau para vós.» Anónimo do séc. XVII, Arte de Furtar.

No dicionário da política portuguesa, os termos "mentira" e "furto" ocupam lugar de relevo. Não há dia em que não sejamos confrontados com uma nova mentira ou um novo furto, com a particularidade dos protagonistas já não se satisfazerem só com o furto ou só com a mentira...
Será necessário nomeá-los?
(...) 
Há por aí uns tantos comentadores bajuladores, preocupados com a governação da res publica, que, confrontados com a venialidade dos seus mentores, acabam de descobrir que, neste país, para ser político é necessário ser santo.
Ao ouvir pensamento tão beato, não pude deixar de associar duas ideias: a) Só chega a santo quem faz carreira como pecador; b) nos últimos dias, os governantes têm vindo a reconhecer os seus pecados, pedindo desculpa aos fiéis e, até, aos infiéis...

Afinal, não há motivo para desesperar: os pecadores já estão a subir ao Céu. Só que o Céu deles fica, cá, na Terra. 
/MCG

24.9.14

À conversa com um aluno

Professor,
Li hoje no seu 'Blog' o texto: «Sou contra os TPC por princípio.»
E agora, sendo contra os TPC não por princípio, mas por meio e fim, fiquei também contra a ideia do professor (que não entendi bem se o professor a defendia realmente ou estava apenas a ser irónico...).
Não vejo qualquer problema em que os alunos peçam ajuda aos professores e que se aproximem deles para tirar dúvidas, acredito até no benefício que um tempo dedicado apenas a essa tarefa, conhecido como "Apoio", possa trazer. Mas será no fundo esse o problema? Vamos agora aumentar a carga horária de forma a que todos os alunos façam aquilo que não fizeram nas aulas?
Parece-me que é uma decisão pouco considerada...
A meu ver, existem dois tipos principais de alunos que não "progredirão ao ritmo exigido", aqueles a quem não lhes interessa progredir, aos quais eu chamo 'desinteressados' (e com os quais vejo demasiada gente não se "ralando") e aqueles que até são interessados, mas não conseguem progredir (sabe Deus porquê, julgo eu).
Estes últimos parecem-me aqueles para quem o "Apoio" deveria ser a solução.
Mas sendo franco, parece-me que qualquer um com ou sem dificuldades, pode procurar informação, interessar-se por ela, desenvolvê-la e evoluir com isso.
Os trabalhos de casa não deveriam ser uma obrigação, mas sim um interesse do aluno; parece-me que a ideia do trabalho de casa ser obrigatório e verificado é perigosa. Inverte-nos as ideias, deixa de ser uma tarefa para o aluno e passa a ser uma tarefa do professor.
Com a habitual exaltação,
Manerix Ventus

Poucos são os alunos que têm a coragem de abordar questões que são decisivas para a vida familiar e, sobretudo, para a consolidação da aprendizagem realizada na sala de aula. Manerix Ventus é uma exceção: fá-lo sem tibiezas.
Compreendo que possa surgir o temor de que o tempo vivido na escola pudesse aumentar, caso os TPC fossem realizados na Escola e não em Casa. Esta decisão, a ser tomada, exige uma clarificação da matriz curricular de cada ciclo de estudos e, consequentemente, do tempo necessário à sua aplicação.
Por outro lado, as tarefas de consolidação das aprendizagens não visam substituir a inatividade a que muitos alunos se entregam durante os tempos letivos - até porque, em regra, essa falta de aplicação é substituída, com claro prejuízo para os restantes alunos, por comportamentos informais de quem se encontra numa esplanada...
Na perspetiva de Manerix Ventus compete ao aluno procurar o apoio de que necessite em fontes diversificadas e não apenas no professor, deixando de ser um sujeito passivo às ordens de pais, tutores, professores, explicadores... Só posso concordar, apesar desta assunção da responsabilidade pelo aluno estar condicionada pela idade e, particularmente, pela sua maturidade...
Finalmente, quero tranquilizar o meu interlocutor, pois ele desconfia que eu esteja a ser irónico ao colar-me ao enunciado "Sou contra os TPC por princípio.» Como deve ter entendido, eu não prezo os TPC, pois, em muitos casos, eles são sinónimos de pouca inteligência, apesar de exigirem repetição e memorização.
A IRONIA, se existe, resulta da incapacidade do sistema educativo em encontrar estratégias de consolidação da aprendizagem que não provoquem instabilidade familiar, sobrecarga física e desperdício de tempo e de recursos materiais e humanos...
A IRONIA, se existe, resulta da incapacidade de PENSAR e de FAZER PENSAR.
Obrigado, Manerix Ventus!

23.9.14

O reino deles é o pronto-a-vestir

Os meus alunos detestam alfaiates; preferem o pronto-a-vestir!
Tirar as medidas, fazer as provas não é com eles. Hoje, revi-me no alfaiate, atento aos detalhes, convencido de que o todo só assentará que nem uma luva se por  trás houver um protótipo a suplantar... Ainda pensei que faria sentido que ignorassem a Odisseia ou a Eneida, mas o fastio é mais extenso. Pouco lhes interessa que a Epopeia lusa celebre os heróis (navegadores, reis e outros que, por mérito, se foram libertando da lei da morte) e menos ainda os preocupa que, no seu tempo, o Poeta denunciasse a apagada e vil tristeza que se apossara dos dirigentes, a começar pelo rei...  
O reino deles é o pronto-a vestir!   

O debate entre Seguro e Costa deveria ter decorrido numa barbearia (ou numa alfaiataria). Lá há tesouras, há navalhas que bem poderiam ter utilizado para que nos víssemos livres deles. Dum PS fratricida! Também, o reino deles é o pronto-a-vestir!  

22.9.14

O contrato de leitura

A Revolução» de que ele e os seus amigos nunca paravam de falar seria como apontar um lança-chamas a tudo, até restar apenas terra queimada, e depois - bem, era simples - ele e os seus amigos reconstruíriam o mundo à imagem deles. Uma vez vista, esta realidade tornava-se óbvia, mas depois havia que enfrentar um pensamento: como podiam pessoas incapazes de organizar as suas suas próprias vidas, que viviam em permanente desordem, construir alguma coisa que valesse a pena?" Doris Lessing, O Sonho mais Doce, editorial Presença, pág. 59 

Passo os dias a pedir aos meus alunos que, na apresentação oral e escrita da obra lida, em vez de se enredarem interminavelmente no enredo, aproveitem para destacar o que terão aprendido durante a leitura...
O excerto de O SONHO MAIS DOCE, de Doris Lessing, é um bom exemplo do que é possível apresentar e debater com os colegas de turma (e não só!)...
Nos anos 60 ( tal como nos anos 70, em Portugal), a Revolução fazia parte do discurso quotidiano das juventudes europeias; o que era necessário era deitar abaixo as instituições e depois se veria... E é neste "depois" que tudo se torna caótico, porque, afinal, os modelos da "revolução" eram totalitários... Os jovens que detestavam os pais, que abandonavam as escolas, que viviam em "comunidades" só podiam reconstruir o mundo à sua própria imagem...
São estes jovens (e os seus filhos) que, hoje, governam o mundo - um mundo igual ao dos seus pais, embora mais precário e asfixiante...
Terá valido a pena?

21.9.14

Um ministro polémico que a quase tudo diz NÃO...


Pessoalmente, NÃO vejo qualquer motivo para considerar o Doutor Nuno Crato "uma personalidade polémica". 
Sempre gostei de ler entrevistas, só que as respostas de Nuno Crato a João Céu Silva (DN 21 de setembro de 2014) deixam-me frustradíssimo.
Quando leio uma entrevista, procuro compreender o pensamento do entrevistado, o móbil das suas ações.
Ora o pensamento e a ação de Nuno Crato são fáceis de configurar. SeNÃO, vejam:

  • O director-geral NÃO faz parte da equipa governamental... 
  • NÃO estou de acordo com essa perspectiva...
  • NÃO, NUNCA afirmei isso...
  • NÃO estou a comentar sobre o futuro
  • SEMPRE tive um relacionamento muito bom com o ministro Vítor Gaspar...  
  • A educação é o futuro do país...
  • NÃO tenho reparado nisso ...
  • NUNCA o vi a incentivar jovens à emigração...
  • A educação é o setor do país que afeta mais pessoas...
  • NÃO queria entrar nesses pormenores ...
  • NÃO é verdade...
  • NÃO o diria...
  • Alguns comportamentos NÃO são aceitáveis...
  • NÃO sei responder caso a caso...
  • NÃO sei dizer o que são mega-agrupamentos...
  • NÃO preciso de um segundo mandato.
  • NÃO é um assunto que conheça o suficiente.
  • NÃO há despedimento de professores contratados, nem conheço algum professor despedido.
Li a entrevista e fiquei cansado. Felizmente, o ministro confessa que NÃO precisa de um segundo mandato...

20.9.14

«Sou contra os TPC por princípio.»

«.... da mesma forma que eu não tenho qualquer autoridade na elaboração de um exame, na escolha das disciplinas que são leccionadas aos meus filhos, na forma e no ritmo com que o professor dá as aulas, também a escola não deve invadir o nosso final do dia e apropriar-se de um tempo que não é seu por direito. Os trabalhos de casa são uma espécie de tempo roubado aos pais, às famílias e às crianças.» Inês Teotónio Pereira, i 20 setembro 2014

Hoje, sábado, enviei um mail a 75 alunos a especificar o trabalho de casa, a curto e a médio prazo. Fi-lo por falta de tempo, pois, na sala de aula, continua a haver alunos que pensam estar em casa - despreocupados e a preguiçar...

Inês Teotónio Pereira é contra os TPC, porque estes roubam tempo «aos pais, às famílias e às crianças». 
Por uma vez concordo, até porque há muitos alunos que, sobretudo, ao fim de semana, passam o tempo a mudar de casa: ora, a mãe; ora, o pai; ora os avós... 
O problema é que, sem tarefas de consolidação das aprendizagens, os alunos dificilmente progredirão ao ritmo exigido.
Então, como resolver o problema sem perturbar mais a vida familiar?

Creio que há uma decisão que poderia ser tomada pelo MEC, agora que as escolas adotam, na sua maioria, o turno único: As tarefas de consolidação de aprendizagem seriam feitas na escola, com supervisão de professores contratados para tal função.

... Os alunos não necessitariam de transportar os materiais escolares de casa para a escola e da escola para casa; as tarefas de consolidação de aprendizagem eram verificadas de imediato; os pais deixariam de culpabilizar os professores; o desemprego diminuiria; o sucesso escolar aumentaria...

19.9.14

740 mil milhões de euros


« No final de Julho, o endividamento total da economia portuguesa atingia os 444,3% do produto interno bruto do país, o que representa um peso de 740 mil milhões de euros que o sector público e privado têm às costas.» i, 19 setembro 2014

Estes dados, em termos de educação, exigem um programa nacional de combate à iliteracia económica e financeira. Porém, o MEC não dá nenhum sinal de que querer contribuir para a necessária mudança de mentalidade... 
As consequências estão à vista: uma classe política inapta que, no entanto, sabe que não corre o risco de ser afastada do poder, pois o sistema educativo está desenhado para perpetuar a iliteracia de qualquer maioria... 

18.9.14

A culpa é dos serviços


 "Houve um erro dos serviços do Ministério, não das escolas nem dos diretores." Nuno Crato

Nos ministérios da Educação e da Justiça há demasiados e gravosos erros. Sabemos, entretanto, que a culpa é dos serviços... ou de quem os não avisou.


Os ministros surgem, também eles, como vítimas, e é nesse estado depressivo que se dirigem ao país e aos deputados para dizer que não têm culpa.
E eles já aprenderam a pedir desculpa em público. Se o tivessem feito no confessionário, teriam, pelo menos, de rezar um Pai nosso e uma avé-Maria... 

E a responsabilidade de quem é?  Já alguém foi demitido ou pediu a demissão?

17.9.14

Na sala de aula, o plural não passa de convenção...


Há quem não tenha coragem de expor verbalmente as suas certezas; basta, no entanto um olhar ou um sorriso ou a combinação de ambos para destapar preconceitos ancestrais...
Não é fácil combater esses estereótipos; de qualquer modo esperar-se-ia que a escolarização ajudasse a combater a bestialidade que domina as atitudes de determinados indivíduos que se consideram superiores a todos aqueles que deles se distinguem por alguma propriedade: a inteligência, a cor, a religião, a etnia, a ideologia, a idade...

Por isso, volto a insistir nas noções de ponto de vista e de visão do mundo - na multiversidade. O termo pode parecer estranho, mas anuncia a possibilidade de existirem passagens, não apenas no nascimento ou na morte, mas também entre lugares, povos, culturas, religiões. Para que tal aconteça são necessários cada vez mais línguas (interpretes) que vivam nas fronteiras dos preconceitos e que, assim, possam ajudar a compreender que a língua que falamos é expressão dos nossos estereótipos ou da nossa disponibilidade para resolver os problemas no interior das línguas, e não fora, com recurso a ferramentas destrutivas mais ou menos avançadas...

Claro que haverá quem pergunte se o multiverso existe, tão habituados que estamos ao universo. Vivemos tão intensamente os ciclos de vida que acabamos por ignorar (ou desvalorizar) os ciclos que se desenvolvem mesmo ao lado, não fossemos nós apenas EU. O plural não é mais do que uma convenção...

16.9.14

Passagens, de Teolinda Gersão


Marta “queria saber dos homens-estátua: se ainda lá estava o que se mascarava de estátua de pedra, com uma pomba batendo as asas por cima da cabeça, ao som da música de Mozart…» Passagens, A Cerimónia, pág. 152.
A Cerimónia corresponde à terceira parte do romance Passagens. Ponto de encontro e Noite são as duas outras partes de um velório interminável, em que a Morte ganha voz através da defunta, das empregadas do Lar para onde fora atirada na fase final da vida, e, sobretudo, dos familiares que, sob a forma de diálogos platónicos, procuram fazer o luto, exorcizando a responsabilidade de cada um. No essencial, a rememoração visa desfazer a ilusão de vidas que se queriam conseguidas, mas que, na verdade, eram produto de uma imaginação delirante… ( A certo momento, comecei a pensar na escrita do esquecido Augusto Abelaira…)
Da Morte à Vida vai apenas um pequeno passo, em que o acaso parece ter um papel determinante. Um passo de abertura, de passagem… Longe de Deus, tudo acaba, por ação do fogo, devolvido aos restantes elementos primordiais.
Ana 2: «Como imaginas a passagem?»
Ana 1: «Sem sobressaltos, previsível. Apenas um regresso aos elementos, ao ponto de partida. Através do fogo voltar à terra, ao ar, à água. Continuar a fazer parte do ciclo da vida.» op.cit., pág. 129
De leitura rápida, este romance bem construído, revelador da fragilidade das relações familiares, levanta-me, no entanto uma questão: qual é o seu destinatário?

15.9.14

Carta de Maria de Lurdes Rodrigues

Apesar da desvalorização profissional e salarial a que os professores foram submetidos, publico esta Carta porque sempre tive a sua autora como uma mulher trabalhadora, determinada e honesta.

Como acontece frequentemente na atividade política (e não só), a consciência pessoal não é determinante: a rede de interesses e de influências esmaga a determinação e a honestidade do decisor, sem que este consiga romper a malha que o aprisiona...
Em política, não há mãos limpas!

Carta enviada hoje por Maria de Lurdes Rodrigues em reacção à sentença da Justiça:

Posição sobre a sentença
1. A sentença proferida neste caso é de uma enorme injustiça. Reafirmo que não cometi qualquer crime e que não desisto de lutar para que se apure a verdade e seja feita justiça. Tenho grande orgulho em ter servido o meu país como ministra da Educação e de, em todos os momentos, ter dado o meu melhor na defesa do interesse público. Regressei à minha atividade profissional no ensino e na investigação e tenho orgulho do trabalho que entretanto realizei. Nunca me dediquei a traficar influências ou favores. Vivo hoje, como no passado, exclusivamente do meu trabalho.
2. Fui acusada do crime de prevaricação de titular de cargo público por, alegadamente, ter beneficiado João Pedroso solicitando-lhe um trabalho jurídico que não seria necessário, através de procedimento ilegal. Ignorando-se o que se passou no julgamento, daquelas acusações resultou a minha condenação. Ora, no julgamento fez-se a prova de que: — o trabalho era necessário. As testemunhas ouvidas, incluindo quatro ex-ministros da Educação (dois de governos do PS e dois de governos do PSD ou PSD/CDS), confirmaram a necessidade e importância do trabalho solicitado e a inexistência de recursos jurídicos internos para o realizar; — as decisões por mim tomadas foram legais. Fazem parte do processo um relatório do Tribunal de Contas e um parecer jurídico do Professor Mário Esteves de Oliveira que demonstram a legalidade dos atos por mim praticados; — eu não conhecia João Pedroso, não tinha com ele relações de amizade, profissionais ou outras, nunca tinha desenvolvido com ele qualquer atividade profissional ou política nem tinha, com ele, qualquer afinidade político-partidária.
3. Além de injusta, esta sentença é de enorme gravidade, constituindo um precedente que põe em causa princípios básicos do Estado de direito e do regime democrático. De facto: — fui condenada sem qualquer prova direta da acusação que me foi feita (como foi, aliás, reconhecido pelo próprio Procurador nas suas alegações 2 finais). Para a prática do crime de prevaricação é necessário que o titular de cargo político tenha decidido conscientemente contra o direito e com intenção de prejudicar ou beneficiar alguém. No julgamento não houve uma única testemunha nem existe um único documento que indique ter eu agido com consciência de não cumprir a lei. Pelo contrário, ficou provado que decidi com base em pareceres dos juristas do Ministério. Como não houve a mínima prova de que tivesse intenção de beneficiar a pessoa contratada. Faz parte do processo um parecer do Professor Figueiredo Dias que, analisando os factos e argumentos da acusação, confirma a inexistência, neste caso, de qualquer crime; — a fundamentação da sentença viola o princípio da separação de poderes. As instituições de justiça podem e devem julgar a legalidade ou ilegalidade dos atos praticados, não a sua necessidade ou justificação política; — houve, neste caso, uma instrumentalização da justiça no âmbito de conflitos político-partidários. A ideia do putativo crime nasceu na Assembleia da República em 2008, com intervenções de deputados do PSD e do PCP. Foi, aliás, um deputado do PCP que apresentou, na Procuradoria, a denúncia caluniosa em que todo este caso se baseia; — a argumentação usada pelo Ministério Público na acusação, bem como pelo tribunal durante o julgamento, revelam a existência de preconceitos sobre os políticos, em particular sobre os políticos que exerceram ou exercem cargos governativos.
4. Lamento que, no Portugal democrático e num Estado de Direito, seja possível usar o sistema de justiça para perseguir pessoas apenas porque exerceram cargos políticos ou porque, nesse exercício, defenderam escolhas políticas diferentes das dos queixosos, ou dos instrutores, ou dos julgadores. O sistema de justiça existe para apurar e provar inequivocamente a prática de crimes, não para perseguir pessoas cujo único “crime” terá sido o de aceitar o desafio de servir o seu país. Continuarei a lutar pela minha absoluta absolvição, eu que não devia ter sequer sido acusada. Continuarei a lutar pela verdade e pela reposição da justiça a que tenho direito.
Lisboa, 15 de Setembro de 2014 
Maria de Lurdes Rodrigues

14.9.14

Jorge Pedreira e o preço dos manuais escolares

a) «Eu acho que um produto de menor qualidade tem consequências pedagógicas porque degrada a relação do aluno e do professor com o manual escolar
b) « A ideia do livro único funciona em sociedades muito pobres - como os países africanos de língua portuguesa, em que as famílias não têm qualquer capacidade de comparticipar a compra de um livro.»
            Notícias Magazine, 14 de setembro de 2014, Vida Inteligente

Jorge Pedreira, sociólogo, ex-diretor geral do ensino superior, ex-secretário de Estado adjunto e da Educação ( responsável pela lei de controlo de qualidade dos manuais) e atual presidente do conselho de administração da UnyLeyatem um rico currículo, mas é um homem que deturpa a realidade.

Quem ler a entrevista compreenderá que nos Estados Unidos há estados pobres em que «os manuais são feitos em papel mais barato; os conteúdos são os mesmos, mas os custos de produção são substancialmente mais baixos» e que a Portugal, país rico, interessa mais preservar a qualidade dos manuais, mesmo que isso implique apoios do Estado aos que conseguem fazer prova da sua pobreza... 
Para Jorge Pedreira, num país rico e democrático, o livro único não faz qualquer sentido. O livro único é um privilégio dos países muito pobres da África lusófona...
Nós não somos muito ricos, por exemplo, não somos a Noruega, mas, no entendimento de Jorge Pedreira, somos mais ricos do que alguns estados da América do Norte e, sobretudo, de África, como Angola, Moçambique... Ou será que estava a pensar na Guiné Bissau?
O problema é que em Portugal os ricos confundem a árvore com a floresta para proteger os interesses: privados e pessoais.
/MCG

13.9.14

Homens de mão...


A instituição liderada por Carlos Costa diz que o novo conselho de administração do Novo Banco será conhecido "logo que concluídos os procedimentos prévios exigíveis". O Económico sabe que esse anúncio pode ser feito nas próximas horas.
Vítor Bento sai do NOVO BANCO porque não concorda com o patrão - Carlos Costa. Houve tempo em que pensei que o Governador, amigo de Cavaco, servia o Presidente, mas estava enganado...
Carlos Costa serve Catroga e os delfins Coelho e Albuquerque e, em primeiríssimo lugar, a TROIKA. Por seu turno, Vítor Bento, o conselheiro de Cavaco, serve o Presidente, e a sua demissão vem mostrar que o Presidente já não manda nada...
Quanto à oposição, esta ainda não compreendeu que, depois da adesão ao euro, o futuro de Portugal seria de desmantelamento de tudo o que pudesse ser expressão de alguma soberania... na saúde, na educação, na economia, na justiça, na finança...
Quem é que nos explica quais são "os procedimentos prévios exigíveis" à designação do novo conselho de administração?
Ou seja: teremos nova administração para desmantelar o que sobra do BES, quando os mandantes encontrarem os homens de mão...

12.9.14

Ainda que tivesse a voz de ferro...


Ainda que tivesse a voz de ferro (Camões, Os Lusíadas, Canto V, estância 16) de pouco serviria insurgir-me contra a displicência humana.
No ano letivo que agora se inicia, regresso mais uma vez à Epopeia lusitana com a mesma sensação: ninguém lê a obra, ninguém quer ler o Épico, o único épico que experimentou a matéria de que a obra é constituída...

Constou-me que vai nascer mais um partido - democrático e republicano ou será republicano e democrático? Aposto desde já que uma das primeiras vítimas será Camões!

Substituamos, entretanto, a voz de ferro pela voz de veludo, e pode ser que surja algum jovem que contrarie o meu cepticismo, lendo, por exemplo, um pequeno conto de Pepetela: «Estranhos Pássaros de Asas Abertas»: 

«E passaram atrevidamente ao largo dele, imparáveis, os barcos daqueles espíritos indómitos que tiveram o valor de vergar as vontades dos deuses. Mas que outros deuses e valores irremediavelmente ofenderam.»


11.9.14

Ao aludir à Varanda do Município...

Sabemos que  Seguro odeia todo o tipo de promiscuidade. Em Penamacor, país natal do Secretário Geral,  ele nunca viu com bons olhos a familiaridade entre homens e animais. No entanto, lá aprendeu que tratar “por tu” não só iguala, como, em tempos pretéritos, rebaixava o interlocutor…
Surpreendido com tal cortesia, comecei a interrogar-me sobre o verdadeiro motivo de Seguro. Ontem, finalmente, percebi  que a alusão à varanda do município serviu para situar o adversário. Costa é, na essência, um candidato promíscuo: Costa foi viver para o Intendente! Costa recebe nos Paços do Conselho o Jorge Jesus e o Luís Filipe Vieira – homens que preferem o “tu” a qualquer outra forma de tratamento! Costa promove as noivas e os noivos de Santo António, esse santo menor que se habituou de tal modo à promiscuidade que falava com os peixes e as aves… sem, todavia, descurar os pregadores… Ao Costa só lhe falta fazer como "os querubins do lar" de Cesário Verde…

Quanto a Seguro, que bem lhe faz o ar do campo! Domina tudo o que cerca...
É pena que esteja de costas para a linha do Horizonte…

10.9.14

O homem até pode ser seguro, mas não tem futuro

Dois portugueses simpáticos que se odeiam! Olham e sorriem para o respetivo espelho...
O "ofendido" até pode ser seguro, mas promete o que, a ser verdade, nenhum eleitor deseja: um candidato que, de antemão, anuncia instabilidade. Sem maioria absoluta não pode governar; com ela, demite-se se a TROIKA o obrigar a subir os impostos... Imagina-se soberano de um país sem soberania!
O "traidor", mais florentino, pouco promete, a não ser que não fará alianças com o PSD e o CDS. Admite governar sem maioria absoluta, mas não diz objetivamente se o fará com o PCP e com o Bloco de Esquerda. Por outro lado, promete unir o Partido. Mas como se deliberadamente provocou a cisão entre os militantes e mesmo entre os simpatizantes?
Nenhum deles diz uma palavra sobre o modo de resolver o problema que, já em 1942, Salazar equacionava: Como conciliar a dependência económica com a independência política?
/MCG

9.9.14

Cercado

Quando determino um objetivo, procuro cumpri-lo em função do bem comum e pessoal. Avanço sem rodeios, embora frequentemente me veja agir de forma cortês, quando o mais adequado seria o soco e o pontapé...
Sei, por outro lado, que o caminho mais curto nem sempre permite atingir a desejada meta. A cada momento, revejo o objetivo e a circunstância e, na maioria dos casos, sinto-me cercado por fatores endógenos e exógenos.
Quando os fatores são endógenos, ciente de que para tudo há um limite, avanço passo a passo, lastimando qualquer cedência, qualquer recuo: no entanto, o dia de hoje só pode ser a antecâmara do de amanhã, mesmo que a luz se extinga definitivamente. Neste caso, nada perco; a vida é razão suficiente.
Quando os fatores são exógenos, ciente de que tudo se expande à ordem da ininteligibilidade, avanço em círculo, esperando não incomodar ninguém, se possível facilitar-lhe o caminho: despendo anos, dias, horas..., sem nada esperar em troca a não ser um pouco de tranquilidade que me permita avançar passo a passo...  
Talvez seja por isso que não compreendo porque há sempre alguém pronto a acusar-me de ações que eu nunca pratiquei, alguém que me atribui um poder que eu não tenho, nem nunca tive.
Talvez seja por isso que não compreendo a falta de ponderação... a ausência de razoabilidade.

/MCG

8.9.14

Razão e emoção

Poderá a razão agir indiferente à emoção? Se isso fosse possível, tal significaria que o coração não se deixaria abalar pelos estímulos sensoriais...
Uma das formas de iludir a intranquilidade quotidiana é o recurso à placidez, à paciência. Receio, todavia, que a paciência mais não seja do que uma manifestação de masoquismo e de auto-controlo.

Tantos são os estímulos negativos recebidos pelo coração!Mas ninguém quer saber, tal é o egotismo reinante... 

7.9.14

Menos que zero….

Na política como no desporto, na saúde como na educação, na justiça como na segurança, caímos num lugar indescritível. Poder-se ia pensar num não-lugar, mas infelizmente o lugar  é de violência, fraude, mentira, saque, desrespeito, ignorância… De nada serve procurar os rostos, porque todos somados são menos que zero…

E menos que zero mata qualquer utopia, qualquer outro lugar alternativo a este. Escorregámos para um redemoinho sem fundo, onde vivemos  alapados às paredes.

6.9.14

Vazio

Vazio. Equipamento social vazio neste fim de tarde…

Vazio. Só as aves, periquitos de colar, pontuam furiosamente o cimo das árvores…

E eu alargo o olhar, vazio.

/MCG

5.9.14

Na Travessa dos Pescadores

Na parte antiga da cidade de Lisboa, os senhorios (?) procuram recuperar os prédios em ruínas com o objetivo de os rendibilizar. Quem entra naquelas construções vê certamente a melhoria dos espaços e das infraestruturas.
Há, contudo, dois ou três aspetos preocupantes: a estreiteza das vielas e a consequente impossibilidade de mobilizar, com a necessária celeridade, serviços de bombeiros e de saúde; a inexistência de elevadores, obrigando os inquilinos a esforços desumanos; e a pequenez das acomodações, lembrando os viveiros de outrora…
Esta ideia de conservar o antigo tem custos elevados!
( Na foto desaparecida, estava bem visível o engenho exigido para superar as dificuldades de mobilidade. Em, particular, gosto da escada lançada no vazio…)
II
Sufoco!
Não é só o calor e o mau cheiro, mas também a náusea que se vai abatendo sobre as pessoas… Para além da falta de respeito e, sobretudo, de responsabilidade… Uns tantos condenados de curta duração e muita mentira nas arenas internacionais!
Lembrei-me agora do Raul Brandão e por isso mais não digo.

4.9.14

Ler em português para conhecer


Há uns dias, José Eduardo Agualusa proclamava que o mercado do livro lusófono em Portugal não tem futuro.
Afinal, o que é que os portugueses andam a ler? Será que leem, apenas, em Inglês? Ou já deixaram de ler?
E mais importante, ainda, a leitura traz-lhes conhecimento? Ou só divertimento?

Aparentemente, em inglês, lemos livros técnicos e, em português, leríamos livros de divertimento... No entanto, os meus alunos, para se divertirem, preferem ler em inglês ou traduções de autores anglossaxónicos... Os que ainda leem!

Deste modo, ler em português para conhecer ou para se divertir é cada menos frequente. Porquê?
Onde é que devemos procurar as causas? No leitor ou no escritor?

2.9.14

A Europa Alemã

Num artigo publicado hoje no Financial Times, em conjunto com Karl Lamers, antigo porta-voz da CDU alemã para a política externa, Wolfgang Schäuble sugere que a Comissão Europeia passe a ter "um comissário europeu para o Orçamento, com poderes para rejeitar os orçamentos nacionais, caso eles não correspondam às regras que acordámos em conjunto".
O pensamento de Wolfgang Schäuble não é novidade! Já, em 1940, Walter Funk defendia na capital austríaca: «A política económica alemã tem por objetivo acabar com a atomização económica da Europa, considerando uma loucura a autarcia excessiva na qual todo o país pequeno deseja fabricar tudo, desde o botão até à locomotiva pesada.» No mesmo ano, já defendera «a intensificação de toda a vida económica no espaço vital europeu.»
Por seu turno, a 10 de outubro de 1940, Raffaello Riccardi «descrevia o alargamento da solidariedade já existente dentro do Eixo e apelava à criação de uma hierarquia económica entre as nações, que determinaria o acesso às matérias-primas; para esse efeito, os velhos impérios coloniais seriam redistribuídos.»
Encontrei estas pérolas na obra " Salazar - Uma Biografia Política" , vol. III,  de Filipe Ribeiro Meneses. No Capítulo II, Estudando a «Nova Ordem», páginas 60 e 61. 
Vale a pena comparar o projeto italo-alemão dos anos 40 com o pensamento politico alemão atual. Sobretudo, no momento em que o Sr. Putin começa a assustar a Alemanha...
E não se esqueçam de comer mais fruta e legumes: "Comam! Vocês devem comer, eu devo comer, nós devemos comer", disse o ministro Christian Schmidt em declarações à Deutschlandfunk, uma rádio alemã. 

1.9.14

O mundo, o sujeito e a máscara...


A virtude estóica é a renúncia a todos os bens do mundo e cujo curso é fatalmente determinado.

Não sei se a expressão "todos os bens do mundo" inclui o sujeito. Não sei se o sujeito pode alguma vez assumir-se como uma entidade autónoma, isto, apesar da longa tradição ocidental proclamar essa autonomia do sujeito.
Admitamos, por um instante, que o sujeito é "um bem do mundo" e que como tal se encontra "fatalmente determinado". Neste caso, que lugar haverá para a renúncia, para a passividade, para o distanciamento?Admitamos ainda que o sujeito mais não é do que "um bem do mundo", em que só este último avança ou recua, que lugar fica para a ação individual virtuosa ou viciosa?
(...)
Por este andar, chega-se à conclusão de que o Bem e o Mal (Deus e o Diabo) são uma inevitabilidade do mundo a que não podemos renunciar ou, pelo contrário, propriedades do sujeito que não pode livremente aspirar à virtude estóica...
(...)
A vida fica deste modo difícil de gerir, incapaz de compreender se é apenas mundo, se é apenas sujeito. Mas, o pior são as máscaras que se vão multiplicando e que, na representação, fingem ora ser o mundo, ora ser o sujeito.