Uma gota de sangue, em troca de um remoçamento, de uma conversa de circunstância, de um chega para cá, com ou sem selfie.
Uma gota de sangue, e o cansaço desaparece no paredão, mesmo que não muito longe se acumulem os caixões…
Um olhar despreconceituado… ou talvez não. A verdade é tudo o que nós ignoramos.
Uma gota de sangue, em troca de um remoçamento, de uma conversa de circunstância, de um chega para cá, com ou sem selfie.
Uma gota de sangue, e o cansaço desaparece no paredão, mesmo que não muito longe se acumulem os caixões…
Talvez seja por isso que, por vezes, começo a pensar na minha natureza vegetal, já que da animal não consigo determinar a fronteira entre as diversas categorias a que pressinto, também, pertencer.
É certo que alguns vegetais marcaram os dias da minha infância e nem sempre de maneira positiva, mas se tivesse de me enraizar optaria pela serralha, bravia e leitosa…
Esta ideia de ter tido um passado leguminoso é um pouco obscura, porém é melhor que o prometido pó, já desfeita a cinza…
Será que os deuses teriam piedade da minha pequenez se esculpisse uma serralha no meu corpo?
Bem sei que é difícil aceitar que o futuro possa repetir o passado. No entanto, se pensarmos no que está a acontecer, certos comportamentos são a reprodução de ações anteriores cuidadosamente dissimuladas.
O prémio (ou castigo) de vida não está guardado para ser usufruído na outra margem. É aqui, nesta margem, que o PRESENTE premeia (ou castiga) o passado.
Tristemente, nesta margem, insistimos em bater à porta do palácio, mas lá já não mora a ventura.
A minha preocupação imediata foi não o incomodar. A simples ideia de que a minha presença o levasse a afastar-se enerva-me. Mas não, desta vez, ele continuou na sua rotina e eu segui na minha…
Creio que a vida seria mais autêntica, se incomodássemos menos...
De qualquer modo, por hoje, não quero incomodar mais.
No silêncio, só os pavões dialogam entre si. Sobre o quê? Nunca soube.
(Ouço-os com alguma frequência, estridentes.)
Na árvore, em silêncio, periquitos de colar esperam que o Sol lhes devolva a zoada.
Eu desço, junto ao muro, sem plano, apenas atento ao movimento de um ou outro carro...
Desço só, a pensar na próxima curva, na incerteza que ela esconde, porque tudo o resto é algaraviada.
No dia 14 de fevereiro do ano 286, o Bispo Valentim foi morto à paulada e, posteriormente, decapitado na via Flaminia.
Porquê? Porque desrespeitou o propósito do Imperador Marco Aurélio Valério Cláudio de construir um exército poderoso, mobilizando os jovens para essa causa, o que implicava proibir os casamentos.
O bispo cristão, que desprezava o culto monoteísta do deus Sol, combateu o militarismo de Claudio II, casando os mancebos em segredo.
Mesmo que não esteja visível, a parede está presente... Talvez fosse mais sensato contorná-la, fazendo de conta que ele desaparecera, mas isso significaria abdicar... fugir da razão.
“Não estou zangado com ninguém. Hoje achei apenas que era a minha oportunidade de fazer as pessoas refletir e abrir a discussão a todo o país daquilo que está a ser feito e se podemos fazer alguma coisa que evite voltar a passar por aquilo que passámos em janeiro que foi a pior crise de saúde publica de Portugal dos últimos 100 anos.
Na reunião do Infarmed, Carmo Gomes criticou a atuação do Governo de António Costa, avisando que Portugal andou “sempre atrás da pandemia”, numa referência clara ao atraso na tomada de medidas.
(...) Se conseguirmos, através da testagem, identificar as pessoas infetadas ainda antes de estas manifestarem sintomas, Manuel Carmo Gomes defende que “podemos ter uma resposta forte à epidemia sem ter de submeter o país a uma situação como a que estamos agora”.
Não compreendo o que se passa no Oriente. Com tantos milhares de milhões de corpos em movimento, a Covid-19 parece estar a desaparecer na Índia e na China... Haverá alguma explicação plausível?
Talvez, a Covid-19 seja um castigo lançado a Oriente para castigar os desmandos do Ocidente!
Não quero crer, mas verdade seja dita: os Velhos, mesmo que sejam do Restelo, continuam a ser dizimados, como já o eram quando a peçonha invadiu as ruas de Lisboa.
Vale a pena lembrar que tempos houve em que um Velho nos amaldiçoou por termos ousado ir além do canteiro em que íamos medrando.
«Não há perturbação mais violenta do que olhar para fora e esperar respostas exteriores a perguntas a que talvez só a sua sensibilidade mais íntima, nas horas de maior silêncio, poderá responder.» Rainer Maria Rilke , 17-2-1903 (1875-1926)
Esperar respostas - de assentimento ou de rejeição - é uma inevitabilidade. Quando elas não chegam, é uma desilusão assente numa ilusão.
De facto, à maioria das perguntas só nós podemos responder, se estivermos disponíveis. O resto é presunção.
Lá fora, correm as nuvens sombrias. A direção é indistinta.
CRITÉRIO: o que serve para fazer escolhas, em função de valores.
Numa sociedade com poucos valores (positivos), convém ser poupado no número de critérios, por exemplo, para selecionar quem deve ser vacinado.
Na minha perspetiva, um critério razoável seria vacinar todos os que vivem ou servem um lugar, fosse um lar, um hospital, uma escola, uma fábrica, a sede do conselho de ministros, a presidência da república ou a aldeia mais afetada pela COVID-19.
Claro que esta ideia só faz sentido, caso o Governo esteja efetivamente empenhado, empenhando o país, em assegurar as vacinas necessárias à vacinação real dos portugueses, independentemente da idade, do estatuto social ou profissional…
O resto são quezílias que só comprometem o futuro, porque se crescer a perceção de que a política é outra, então, continuará a ser 'o salve-se quem puder'.
Abro um livro e deixo de seguir o raciocínio do autor - são tantas as citações e confrontos que fico crispado, sem saber quem é o culpado. Enredado, não desisto da leitura, à espera de alguma luz…
Abro os olhos, e o que vejo? Uma parede imperfeita, de cujos orifícios cigarros acesos me acenam em fantasia suficiente para me obrigar a fugir do lugar… num tempo em que a fuga está proibida, a não ser que seja interior, embora mais gravosa…
E os ouvidos, esses, fecham-se, tantas são as recriminações dos cientistas da hora. Começo agora a fingir que subo a escada (rolante), cheio de ideias egoístas: talvez precise de uns sapatos, mas para quê se as sapatarias estão fechadas, mas não, há ali uma sapataria de porta aberta. Em tempos disseram-me que era de uma presidente de junta, de uma vereadora, de uma diretora do centro comercial.