30.9.21

Na universidade de Cabul mandam os cábulas

(Em Alcântara, começo a pressentir que há uma relação etimológica entre cábula e Cabul.)

Os talibans apoderaram-se da Universidade de Cabul, onde os estudantes cábulas nomearam um deles reitor - Mohammad Ashraf Ghairat.
Nos dicionários a que tenho acesso, não encontro explicação para a origem da palavra 'cábula'. O que me dizem é que a origem é obscura. Um entendido vai dizendo que o termo vem do catalão, com o sentido de ardil, tramoia.
Espero, entretanto, que 'cábula' não seja da mesma família de 'cabelo'. Estão a ver porquê?
Infelizmente, se tal acontecesse, começaria a compreender a necessidade dos talibãs - cábulas, cabeludos e barbudos - perseguirem todos os que insistem no corte ou na remoção dos pelos.
A pilosidade, para certos cábulas, é um traço que distingue o sagrado do profano, o bem do mal e, principalmente, uma marca de preguiça ancestral.

28.9.21

O Islão e as redes sociais

"Enquanto não for criado um ambiente islâmico para todos, as mulheres não serão autorizadas a vir para as universidades ou trabalhar. O Islão primeiro", disse, através da sua conta oficial na rede social Twitter, o novo reitor da universidade de Cabul, Mohammad Ashraf Ghaira ( o estudante /talibã, que aos 38 anos, já é reitor).

Esta decisão nada tem a ver com o Deus do Islão. Muito antes do século VII, já as mulheres eram consideradas inferiores e obrigadas a obediência cega - eram objeto de prazer e de procriação. Os privilégios eram todos do homem, de certos homens…

Se o Deus do Islão conhece todas as intenções dos homens, então, é difícil compreender a necessidade de criar «um ambiente islâmico» - este existe no Corão desde o século VII, não cabendo ao homem modificá-lo, por exemplo, através das redes sociais, como o Twitter...

As redes sociais são um instrumento que um genuíno talibã nunca utilizaria, pois a um servo de Deus do Islão não convém ir além do Corão, isto é, ir além da vontade divina.

27.9.21

Em Medina...

 

Parece simples, mas não é ou, então, a explicação não está ao alcance dos sábios… Em Medina, a palavra é confiança, certeza - a voz de Deus é direta… Basta aplicá-la!
Em Medina, tudo já foi dito...

Mas Medina não deixou crescer a barba, não perseguiu os barqueiros…E estes, ingratos, preferiram a moeda, a troco de uma descida aos rios subterrâneos que prometem transportar-nos aos campos elísios.

(As bicicletas esgueiravam-se pelas vielas de Medina sob o olhar implacável dos munícipes...)

26.9.21

Para animar

 


Às 7:58, já estava à espera de poder votar. Às 8:05 h, já estava despachado e, como podem ver, às 10:20, o almoço está pronto.

Que mais posso dizer! 

Espero que não se esqueçam de votar e que os alemães me sigam o exemplo, que bem precisamos deles...

23.9.21

O meu contributo

 



Este é o meu contributo para as  eleições de 26 de setembro.
Se no domingo me deslocar à mesa de voto, procurarei no boletim algo tão extasiante como a paleta desta foto.
Caso não encontre, votarei em conformidade, e sairei de lá com os olhos repletos de sombras…
Mas como nem tudo é o que parece, o melhor é reconhecer, desde já, que o contributo é da Natureza que, apesar das largadas partidárias, me vai iluminando os dias.

22.9.21

Não é uma eira...

Não é uma eira, mas pode ter sido. Dois bancos amputados (na foto) não servem de nada… Tal como surgem, grande é o risco de se virarem, deitando ao chão os incautos de passagem…
Tempos houve em que a eira acumulava maçarocas, outros cereais, figos e passas de uva, à espera de triagem, de esbulho ou de secagem… e sobretudo de aparvoadas conversas. Tudo acabava por ser dito, pondo ponto final ou abrindo novo parágrafo…
E quanto ao que não foi dito no devido tempo, é tarde para o reconstituir. E sobretudo é perigoso, porque as palavras já não procuram o crivo, estatelando-se no terreiro.

20.9.21

As pessoas e o fado

 

Domingo! A campanha eleitoral decorre no jardim Almeida Garrett.

No entanto, junto ao Ginásio, a Junta de Freguesia 'oferece' um dia de fado, farturas e pão com chouriço… Coincidência? 

De facto, lá está, embora menos visível, o slogan PRIMEIRO AS PESSOAS!

Fernando Pessoa, na pele de Ricardo Reis, ensinava que em primeiro lugar devermos obedecer ao Fado, depois venerar os Deuses e, finalmente, lembrarmo-nos que somos homens, talvez pessoas…

18.9.21

Falta de aprumo

Com tanta falta de aprumo nas ruas, nas assembleias, na vida académica, na intervenção mediática…resta-nos a verticalidade da natureza no Jardim José Gomes Ferreira que eles ignoram:

«No princípio do Outono
ainda sobem as últimas folhas
da terra para os ramos.

Só mais tarde
caem
por instinto de sono
e ouro de recorte
num esforço de sol
a querer emendar a morte


Poesia V - Pontapés nas pedras

16.9.21

Palavras presas

 

Ser frágil e misterioso, indiferente à minha presença, cumpre o dia por mais efémero que venha a ser…

A corda está lá, mas não o prende, dá-lhe pouso, indiferente à sua presença.

O contraste estático, só o eu vejo. Mas para quê?

Estas palavras poderiam ser aladas e transparentes, mas não, são presas, mesmo sem terem sido encordoadas.

13.9.21

Picar o ponto

 Há quem pique o ponto, mas não faça nada. 

No fim do dia, devem sentir-se superiores, mas em quê? Mais valia não dar sinal de vida, deixar-se ficar na caminha… 

Afinal, para que é que os colocaram na Terra? Sim, porque nascer, em muitos casos, é um exagero.

A não ser que se tenha vindo ao mundo para infernizar a vida dos outros, argumentando que eles é que são o inferno. Por exemplo, tudo seria mais simples como filhos(s) único(s).

12.9.21

O Sol e a ponte sobre o rio


Eram 7 da manhã! O dia começara cedo: a filha lá ficara no aeroporto, de regresso a Hamburgo, ainda à espera que os efeitos do Covid 19 não exacerbem o rigor alemão...
E eu nada mais podendo fazer, fui espreitar a foz do Trancão, naquela hora quase sozinha.
E para animar, o Sol que madrugava ou melhor eu é que madrugara, obedecendo a uma disciplina antiga do tempo em que o Latim imperava...
Horas mais tarde, já a filha aterrara, eu voltava aos livros, à procura de uma explicação para a discriminação das mulheres no Islão.
Dizem-me que Deus é que sabe e que o homem nunca deverá questionar os seus critérios, tal como as mulheres não devem desafiar os homens... Uma tristeza, não fosse o Sol...

10.9.21

Hoje é dia de S. Sampaio!

O coro é unânime na valorização da ação e da coerência. À distância, tudo parece bater certo. No entanto, muitos foram os momentos em que o coro desafinou. Muitos que, hoje, fazem o elogio do «santo», viram no presidente um demónio caprichoso.
De qualquer modo, a memória dir-nos-á que Jorge Sampaio esteve sempre do lado dos mais fracos e dos mais esquecidos. 
Rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte que o Jorge já não precisa.

6.9.21

Gostar

«O segredo da felicidade e da virtude é gostar daquilo que se é obrigado a fazer. Tal é o fim de todo o condicionamento: fazer as pessoas apreciar o destino social a que não podem escapar.» Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo.

Poucos são aqueles que fazem livremente aquilo de que gostam. Uns tantos não chegam a ter oportunidade de gostar do que quer que seja... e muitos afirmam gostar do que lhes é imposto para que se possam sentir virtuosos e felizes...
As caravanas prometem mais emprego, melhor alojamento, descarbonização, serviço nacional de saúde mais abrangente e eficiente, transparência, e até a Santa Casa promete aumentar os prémios de jogo... desde que continuemos a jogar, sem esquecer a promessa dos 850€ para o ordenado mínimo nacional…
Pelo andar da caravana, um destes dias, somos todos alfas ou betas ou gamas. Tanto dá!

3.9.21

Duma penada


Preocupado? Creio que sim!

Nunca se sabe quando o inimigo ataca. Sim, porque já não se pode confiar em ninguém.

Os povos com história são aqueles que, de forma permanente, combatem os inimigos que se vão revezando.

Durante as tréguas - formas de baixar a guarda - e, quando menos se espera, o amigo vaticina a desistência, por cansaço ou por descrença.

Duma penada, confirma-se, para 2023, a insolvência da nação e o naufrágio do PS. 

E para quê? Para modificar a agenda comunicacional deste fim de semana. Talvez tenham reparado que o dia de ontem foi um dia triste para o Presidente, porque o António Costa se lembrou de celebrar a ação política de um governo de há 40 anos... e foram recordados atos pouco abonatórios.

1.9.21

Gente falaciosa

 

Junto à A1, está a crescer uma nova urbanização, fálica, ao que se percebe.

Destrói-se, para depois se importar, mantendo a galhardia de outros tempos.

Mas é só fachada, a natalidade vai diminuindo e a mortalidade continua impiedosa...

A estatística não engana, só que nada diz sobre a impiedade da pobreza. Promete-se um acréscimo do ordenado mínimo e, ao mesmo tempo, a classe média vai sendo atirada para dentro da chaminé, vai sendo incinerada por gente falaciosa...