29.3.22

O peixão

Posso estar enganado, mas tenho a sensação de que este peixão devora tudo. Claro que a culpa não é dele, mas de quem o colocou no lago...
Li algures que, na Rússia, os meninos e as meninas têm novos manuais da história pátria, diligentemente explicada por 'novos' professores - afinal, na perspetiva putiniana, a Ucrània nunca existiu...
E para o caso de surgirem dúvidas,  o peixão deu ordem para arrasar de vez o território que estava a refrear-lhe a gula.
Por cá, continuamos entretidos com o custo dos combustíveis humanos e mecânicos, sem esquecer que temos um 'novo' parlamento... e que tudo depende do resultado do futebol, para o bem e para o mal, porque a Macedónia do Norte para nós também não existe. Ou existe?

27.3.22

A Besta

As horas escorrem, mesmo se as adiantam... tudo parece retroceder.

As horas desceram às catacumbas, à espera que das trincheiras chegue o sinal de libertação impossível.
Os satélites ignoram a ciência das bombas, incapazes de localizar a nova Besta do Apocalipse.

Só agora a Liberdade começa a compreender que a Besta tanto se alimenta do pacifismo como do belicismo.

(Entretanto, vivemos de imagens manipuladas por  títeres domésticos.)

25.3.22

Mariupol destruída


O general general Mikhail Mizintsev, número dois no comando das forças armadas russas, e o líder checheno, Ramzan Kadyrov, um dos homens mais leais a Putin, tudo têm feito com o fito de derrotar três mil soldados ucranianos liderados pelo comandante do Batalhão Azov, Denis Projipenko,  de modo a tomar as ruínas da cidade de Mariupol

Mariupol foi fundada pelos cossacos no século XVIII, sendo um importante porto do Mar de Azov. Designou-se Jdanov entre 1948 e 1989, em homenagem a Andrei Jdanov. Na Segunda Guerra Mundial a cidade esteve ocupada pelos alemães entre 1941 e 1943 e ficou praticamente destruída, sendo depois reconstruída no típico estilo soviético.

No começo da Guerra Civil no Leste da Ucrânia, em março de 2014, tanto o governo central em Kiev quanto os separatistas da República Popular de Donetsk tentaram exercer controle sobre a região. Em meados de junho do mesmo ano, Mariupol já estava novamente sob controle das tropas da Ucrânia. Desde então, os rebeldes separatistas tentaram várias vezes retomar a cidade, submetendo-a a bombardeamentos esporádicos de artilharia.

Pesquisa de 2020 refere que apenas 0,9% dos habitantes falam ucraniano em casa regularmente. O russo será a língua preferida de 81,9%...

Mariupol: 4 motivos que explicam importância da cidade ucraniana para Putin - BBC News Brasil

21.3.22

As armas

O Poeta, à semelhança de outro Poeta, tudo fez para associar as 'armas' a uns barões que sem elas nada seriam. E nós vamos repetindo...
O Poeta, voluntariamente ou não, dá um valioso contributo para que continuemos a valorizar a expansão da língua, como se as outras línguas fossem descartáveis...
Agora, Putim quer impor pelas armas a língua russa a um povo que fala inglês como se de língua materna se tratasse - esta fuga à sua própria língua esconde certamente uma realidade que preferimos não abordar... No entanto, não é uma questão menor.
Convém não esquecer, apesar de toda a nossa experiência, que pelas armas se calam as línguas...

E se nas 'armas' procurassemos o que o significante proporciona, talvez encontrassemos: alguma folhagem, um rapper, um defesa central sérvio, uma canção, pontos sensíveis, ferramentas variadas, massagens... e longe ficaríamos da guerra.

18.3.22

O sentimento de urgência

Quando este sentimento desponta, isso significa que os dias estão contados, e que é fundamental prestar atenção ao modo como usamos o tempo. 
Ideia barthesiana, talvez, mas útil para quem compreende, traumaticamente ou não,  que já não tem muito tempo para iniciar uma vida nova.
Claro que, na maioria dos casos, os projetos ficam inacabados, se alguma vez iniciados... No entanto, há uma história que fica, satisfatória ou não...

Aquilo que hoje me preocupa é que a invasão russa não só veio modificar o sentido do 'sentimento de urgência', como, sobretudo, veio aniquilar o direito à esperança de milhões de ucranianos a quem não é dado tempo para crescer na sua terra e para a viver à sua maneira.

E nós aqui sentados, a queixarmo-nos...

15.3.22

Como se houvesse amanhã

Prometemos encontrarmo-nos mais tarde, um destes dias ou, até, no dia do Juizo final... Para quê?
Conhecemos a verdade, mesmo que a crença seja inabalável, e, como tal, as declarações de reencontro são uma formalidade para  exorcizar os nossos medos...
Sempre que alguém nos escapa - agora, foi o Jorge -, percebemos que o fim pode chegar, anunciado ou não.

O melhor que temos a fazer é não adiar, como se houvesse amanhã...

12.3.22

É um ser, mas não é humano.


É um ser, mas não é humano. 
À força de querer esmagar o inimigo à porta de casa, só dá razão às suas vítimas na própria Rússia.
Da sua cobardia faz força desmesurada e cega, primeiro na Ucrânia  e depois será tarde...

Entretanto, não se compreende do que é que a NATO está à espera para o atacar no seu covil.
(Não me digam que desconhecem o paradeiro do monstro!)
No entanto, a sua hora soará, mesmo que se se refugie no bunker mais profundo dos Urais.


9.3.22

Argumento safado

 

(A flor e o insecto completam-se!) Infelizmente, a perspetiva humana é bem distinta. 

Numa guerra, como a que a Rússia move contra a Ucrânia, o mais forte procura esmagar o mais fraco com o argumento safado de que o inimigo é a NATO. 

Ora, se tal é verdade, porque é que a Rússia não desafia abertamente a NATO?

Simplesmente, porque a guerra passaria desenrolar-se no território da Federação Russa... alastrando a toda a Europa.

Mesmo assim, andam por aí uns tantos idiotas, desejosos de um extermínio global, convencidos de que escapariam de uma guerra nuclear... 

A este propósito, decidi-me a reler O IDIOTA, de Dostoievski, mas sem grande proveito até ao momento, a não ser que a 'alma russa' vive mergulhada numa artificiosa idolatria.

7.3.22

Reflexo do momento

 

O registo fotográfico não obedece a nenhuma imposição. Foi um reflexo do momento...
No entanto, há sempre alguém que gosta de comentar. Foi o caso de um indivíduo mais ou menos da minha idade que decidiu interpelar-me jocosamente sobre o objetivo do meu ato.
Ouvi e voltei a ouvir a interpelação, só que hoje não me apeteceu responder.
Tenho como princípio não responder a provocações e estou cada vez mais convencido de que essa é a melhor forma de evitar conflitos.

Na guerra, nem a natureza escapa à fúria dos tiranos. E estes nascem facilmente das pedras...

3.3.22

Não se dialoga com o tirano

 

A invasão da Ucrânia pela Rússia é, antes de mais nada, um ato que não pode ser atribuído apenas à loucura de um indivíduo.

Na sua retaguarda movem-se muitos interesses e acorbardam-se muitas populações.

Centrar a atenção no tirano é a forma típica de desresponsabilização a que História já nos habituou, e que acaba em catástrofe.

Por outro lado, dizer, privada ou publicamente, ao tirano que, enquanto o exército invasor se mantiver no território da Ucránia, nenhuma ação militar será levada a cabo para o depor, é uma enorme insensatez.

Não se dialoga com o tirano porque este não tem qualquer respeito pela humanidade. Não se aperta a mão ao tirano. Não se pronuncia o nome do tirano...