Nasceu em Bafatá (Guiné-Bissau), filho de Juvenal
Cabral e Iva Pinhal Évora, a 12 de setembro de 1924. Morreu a 20 de janeiro de
1973, assassinado.
Apesar de nascido na Guiné, era comummente
considerado de Cabo Verde, onde nascera o pai e onde estudou.
Em 1932, a família mudou-se para a ilha de
Santiago, Cabo Verde.
Em1937/38, entra no Liceu de São Vicente.
Escreve os primeiros cadernos de poesia: "Nos
Intervalos da Arte da Minerva" e "Quando Cupido Acerta no Alvo"
(1941)
Fundador e Presidente da Associação Desportiva do
Liceu de Cabo Verde (1942/43). Dinamizador da atividade cultural no liceu.
Em 1943/44: Membro da Academia Cultivar,
Organização dos Estudantes Democráticos e da Vanguarda da Juventude Literária
nas ilhas de Cabo Verde. Como tal, participa nas atividades da juventude
relacionadas com a tomada de consciência da situação colonial do povo de Cabo
Verde.
1944: Presidente da Associação dos Estudantes do
Liceu de Cabo Verde. Termina o Liceu com média de 17 valores (máximo 18).
1944/45: Secretário do "Boavista Futebol
Clube" da Praia.
1945/46: Obtém a primeira bolsa de estudos do Liceu
de Cabo Verde por distinção e a segunda da Missão dos Estudantes do Ultramar,
por concurso. Começa os estudos universitários em Lisboa, no Instituto Superior
de Agronomia, onde conhece a sua primeira mulher, Maria Helena de Ataíde
Vilhena Rodrigues. À noite, dá aulas de alfabetização a operários da zona de
Alcântara.
1946: Envia à revista Seara Nova o poema "A
minha poesia sou eu".
1947: Secretário da Direcção da Secção das Ilhas de
Cabo Verde, Guiné e São Tomé da "Casa dos Estudantes do Império"
(CEI).
1948: Vice-Presidente da Direcção da Secção da
Ilhas de Cabo Verde, Guiné e São Tomé da "Casa dos Estudantes do
Império".
1949: Cria, em Lisboa, com Mário Pinto de Andrade e
outros africanos, a "Casa de África".
No Boletim de 1949, assina, com o nome de Arlindo
António, um texto intitulado "Hoje e Amanhã".
Passa as últimas férias escolares na Praia, onde
dirige, na Rádio Cabo Verde, um programa cultural, que vem a ser proibido.
Tenta iniciar uma campanha de alfabetização e profere conferências que viriam a
ser proibidas pelas autoridades.
1948: Presidente do Comité da Cultura da "Casa
dos Estudantes do Império". Co-fundador e colaborador da Revista
"Mensagem", órgão dos estudantes africanos em Portugal. Participa,
como conferencista, no Movimento Africano de Revisão da História do
Colonialismo Português. Interessa-se particularmente pela revista do papel de
Honório Barreto na história da Guiné.
1950: Secretário-Geral da "Casa dos Estudantes
do Império". Termina o curso de Agronomia com uma tese final sobre "A
erosão dos solos agrícolas, a partir de uma investigação do concelho alentejano
de Cuba".
Em 1953, como engenheiro agrónomo, trabalhou em
Portugal, Angola e Guiné, onde procedeu ao 1º e único recenseamento agrícola
existente no país.
Começou a sua atividade política na década de 40,
participando no MUD Juvenil, nas organizações africanas legais Casa dos
Estudantes do Império e Casa de África Portuguesa, na década de 50 nas
clandestinas africanas MAC (Movimento Anticolonialista) e FRAIN (Frente
Revolucionária Africana para a Independência Nacional). Nesse período, Amílcar
Cabral trabalhou em estreita colaboração com outros estudantes, tais como
Agostinho Neto, Marcelino Santos, Vasco Cabral e Mário Andrade.
Membro (estagiário) das Brigadas dos Solos de
Santarém da Estação Agronómica Nacional (Portugal).
1951: Vice-Presidente da "Casa dos Estudantes
do Império". Incentiva, com outros estudantes originários de África
(Francisco José Tenreiro e Mário Pinto de Andrade), a criação do Centro de
Estudos Africanos em Lisboa. Casa, a 20 de dezembro, com Maria Helena Vilhena
Rodrigues.
1952: Amílcar Cabral termina os seus estudos e
começa a trabalhar na Estação Agronómica de Lisboa, onde vive. Recusa um lugar
de professor assistente no Instituto de Agronomia. Contratado pelo Ministério
Ultramar para adjunto dos serviços agrícolas e florestais, chega a 20 de setembro
a Bissau, onde a sua mulher se lhe junta em novembro. Vivem na residência do
diretor da Granja Experimental. Inicia trabalhos no Posto Agrícola Experimental
de Pessubé (Bissau), que vem a dirigir.
1953: Dirige e efetua o Recenseamento Agrícola da
Guiné-Bissau. Nasce a sua primeira filha, Iva Maria.
1953/54: Adjunto do Chefe da Repartição Provincial
dos Serviços Agrícolas e Florestais da Guiné Portuguesa.
1954: Chefe substituto da Repartição Provincial dos
Serviços Agrícolas e Florestais da Guiné Portuguesa. Inspetor-geral do Comércio
da Guiné (por substituição). Membro do Comité Executivo do Centro de Estudos da
Guiné Portuguesa. Tentativa da criação da Associação de Desportos e Recreação,
em Bissau; a Associação é proibida e Amílcar Cabral é obrigado a abandonar a
Guiné. Setembro: Assiste, como delegado do governo português, a Conferência
"Arachide-Mils" em Bambey, Senegal.
1955: Funda o Movimento para a Independência
Nacional da Guiné (MING). Realiza trabalhos agronómicos em Angola.
1955/56: Em Angola, organiza e dirige a Brigada de
Estudos Agrológicos da Sociedade Agrícola de Cassequel (Angola).
Funda, com Viriato da Cruz e outros africanos, o
Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUA). Participa na elaboração
dos documentos enviados a ONU com vista a servirem de base a discussão do caso
português.
Nascimento do PAIGC
1956, 19 de setembro - Criação, em Bissau, do PAI
(Partido Africano da Independência), que mais tarde vem a adoptar o nome de
PAICG, Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde. Os
comandantes eram praticamente todos cabo-verdianos. Em contrapartida, o grosso
da infantaria era composta por guineenses, com especial representação da etnia
balanta (os pés descalços e os sem terra). Dezembro - Criação, em Luanda, do
MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola).
O PAIGC nunca foi um movimento internamente
pacífico: A ideia que ficou na memória dos guineenses é que Cabo Verde era o
braço armado da metrópole colonial, que as ilhas é que dominavam o continente.
(Testemunho de Corsino Tolentino). Ex-ministro da educação de Cabo verde,
Tolentino considera que a contradição intercomunitária existiu sempre no
partido de uma forma latente ou expressa. Muitas vezes, ela polarizou-se em
torno da questão da mestiçagem: o burmedjo, a corruptela do vermelho, como era
conhecido o mestiço da Guiné ou de Cabo Verde, sempre entendido como algo
impuro e ameaçador, com enorme carga negativa.
1956/60
. Nas suas estadas em Portugal, propaga, entre os
estudantes africanos, a ideia da necessidade de criar nesse país uma
organização para a luta contra o colonialismo português.
. Funda, com Viriato da Cruz, Mário Pinto de
Andrade, Lúcio Lara, Marcelino dos Santos e outros, e por inspiração do MPLA e
do PAI, o Movimento pela Libertação dos Povos das Colónias Portuguesas (MLPCP).
. Com outros camaradas, estabelece as bases para a
união do MPLA com a União das Populações da Angola (UPA).
. Colaborador Extraordinário da Junta de
Investigação do Ultramar (Lisboa).
. Colaborador do professor J. V. Botelho na cadeira
de Conservação do Solo do Instituto Superior de Agronomia (Lisboa) para os
estudos de solo de Angola.
. Colaborador permanente do professor Arie L.
Azevedo na cadeira de Agricultura Tropical e Solo do Instituto Superior de
Agronomia (Lisboa) para os estudos da tecnologia do solo em certas regiões de
Angola.
. Assistente permanente do professor C. M. Baeta
Neves na cadeira de Entomologia Agrícola do Instituto Superior de Agronomia
(Lisboa).
. Membro efectivo da Sociedade de Ciências
Agronómicas (Lisboa).
1957
. Reunião, em Paris, de consulta e estudo para o
desenvolvimento da luta contra o colonialismo português.
1958/60
. Colaborador Extraordinário (Encarregado de
Investigação) da Direcção-Geral dos Serviços Agrícolas (Lisboa).
. Director de Gabinete dos Estudos Agronómicos
(Lisboa).
1958
. Encarregado do Estudo Agrilógico das Plantações
de Cafeeiros da Companhia Angolana de Agricultura (Amboim, Angola).
. Encarregado dos estudos preliminares dos solos da
Fazenda Monganhia pertencente à Companhia Angolana de Agricultura.
. Assiste, como observador, à 1ª Conferência dos
Povos Africanos, em Acra.
. Criação do MAC, Movimento Anticolonialista, em
que participam nacionalistas de Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde e São
Tomé e Príncipe.
. Assiste ao XXIV Congresso Luso-Espanhol para o
Progresso das Ciências em Madrid.
. Dezembro: Preside a reunião ampliada do PAI, em Bissau,
onde se dedica a reorganização do Partido e é elaborado um plano de acção, que
tem como acção prioritária a mobilização do campo.
1959
. Organizador e dirigente da Brigada dos Estudos
Agrológicos da Companhia Angolana de Agricultura.
. Preside, durante uma breve estadia em Bissau, uma
reunião para a fusão no PAI de outros movimentos anticolonialistas, do qual
resulta um só partido unificado.
. Cria, em Dacar, o Movimento de Libertação da
Guiné e Cabo Verde (MLGCV), ligado ao PAIGC.
. 3 de agosto: Uma manifestação dos trabalhadores
do porto da Bissau é violentamente reprimida pelas tropas coloniais. Cerca de
50 mortos e uma centena de feridos marcam o "Massacre de Pidjiguiti"
. Périplo pelo Congo, Ghana (onde se encontra com
Kwame N' Krumah), Senegal e República da Guiné.
. Participa na Conferência de Frankfurt, organizada
por africanos das colónias portuguesas, para estabelecer um plano de luta comum
(no exterior e interior) contra o colonialismo português.
. Participa em duas reuniões do Comité dos
Refugiados Políticos para a Libertação da África sob dominação portuguesa.
1960
. Janeiro: Amílcar Cabral deixa definitivamente
Lisboa.
. Em Paris, no Hotel de la Paix, na Rua de
Blainville, encontra-se com Mário de Andrade, Viriato da Cruz e Marcelino dos
Santos.
. 3 de janeiro: 3ª Reunião do Comité dos Refugiados
Políticos para a Libertação da África sob Dominação Portuguesa.
. 25 a 30 de janeiro: Delegado à 2ª Conferência dos
Povos Africanos.
. Representantes do Movimento Anticolonialista
(MAC), Abel Djassi (Amílcar Cabral), Hugo de Menezes, Lúcio Lara e Viriato
Cruz, da União das Populações de Angola (UPA), J. Gilmore (Holden Roberto),
fundam com outros delegados das colónias portuguesas nessa Conferência, a
Frente Revolucionária Africana para a Independência Nacional das Colónias
Portuguesas (FRAIN).
. 3 março: Organiza, em Londres e na qualidade de
Presidente da FRAIN, a primeira conferência de imprensa de um responsável dos
movimentos de libertação das colónias portuguesas. Conhece Basil Davidson.
. Redige, em Londres, sob o pseudónimo Abel Djassi,
o documento "Facts about Portuguese Colonialism".
. Maio: Instalação da direcção do PAI em Conakry.
. Reunião do MLGCV em Conacry.
. Fundação da Escola de Quadros do PAIGC, em
Conacry.
. Agosto: Cabral desloca-se à China (Pequim) para
negociar o treino dos quadros do PAIGC na Academia Militar de Nanquim.
. 15 novembro: O PAIGC dirige ao governo português
um memorando em que propõe negociações. Salazar não responde.
. 1 de dezembro: O PAIGC envia ao Governo Português
um memorando assinado pelo Bureau Político, com o apoio do Comité Director do
MLGCV.
. Dezembro: Lançamento do órgão de informação do
PAIGC, "Libertação".
. A ONU considera a Guiné-Bissau como território
não-autónomo, contrariando as teses portuguesas que a designavam como
"Província ultramarina".
1961
. Janeiro: Delegado ao Conselho de Solidariedade
Afro-asiático no Cairo.
. 18 a 20 de abril: Criação em Casablanca, da
Confederação das Organizações Nacionalistas Portuguesas (CONCP), da qual Cabral
será um dos Presidentes.
. 16 de maio: Comunicado sobre a União do MLGCV com
a Union des Ressortissants de la Guinée Portugaise (URGP) e de todos os
patriotas da Guiné Portuguesa e das ilhas de Cabo Verde residentes na República
da Guiné.
. Julho: Amílcar Cabral apresenta uma comunicação
nas Nações das Unidas sobre a situação do seu país.
. 12 a 15 de julho: 1ª Conferência das Organizações
Nacionalistas da "Guiné Portuguesa" e das Ilhas de Cabo Verde, em
Dakar.
. 3 de agosto: O PAIGC adota medidas para o
lançamento de acções diretas.
. Setembro: Memorandum à Assembleia Geral da ONU.
. Outubro: Carta Aberta ao Governo Português.
. 20 a 23 de outubro: Seminário sobre os problemas
das colónias portuguesas em Nova Deli.
. Nascimento da União Geral dos Estudantes da
África Negra sob Dominação Colonial Portuguesa (UGEAN).
. O Brasil concede bolsas de estudos a militantes
nacionalistas das Colónias Portuguesas.
. Leopold Senghor dá os primeiros sinais de
simpatia, ao conceder asilo a cabo-verdianos e guineenses.
. Amílcar Cabral é nomeado Conselheiro Técnico do
Ministro da Economia Rural da Guiné Conakry.
Início da luta armada de libertação
1962
. 15/30 de janeiro: Revisão do Programa e dos
Estatutos do PAIGC.
. 23 de janeiro: Início da luta armada, com o
ataque ao quartel de Tite, no sul da Guiné Bissau. Chegam a Conakry os
primeiros recrutas a fim de receberem treinos militar.
. A PIDE prende Rafael Barbosa, Mamadou Turé (Momo)
e Albino Sampa.
. Junho: Petição ao Comité Especial da ONU para os
territórios administrados por Portugal.
. Publicação de "Guiné e Cabo Verde Frente ao
Colonialismo Português".
. 14 de agosto: Nasce a 2ª filha de Cabral, Ana
Luísa.
. 12 de novembro: Amílcar Cabral intervém na IV
Comissão da Assembleia Geral da ONU.
. Dezembro: Amílcar Cabral participa no Congresso
do Partido Democrático da Guiné (PDG). Obtém apoio para transportar armamentos
através desse país.
1963
. 22 de fevereiro: Redige nova mensagem aos
soldados, sargentos e oficiais portugueses que prestam serviços no exército
colonial na Guiné.
. 8 de março: Conferência de imprensa em Paris, no
"Comité de Soutien à l'Angola et aux Peuples des Colonies Portugaises".
. 25 de maio: Criação da Organização da Unidade
Africana (OUA).
. julho: Abertura da Frente Norte.
. 7 a 20 de julho: Reunião no Bureau do PAIGC em
Dakar, tendo como objectivo o estudo dos problemas do desenvolvimento da Luta
de Libertação Nacional nas Ilhas de Cabo Verde.
. Carta para o Presidente do Comité de Libertação
Africana da OUA (Dar-Es-Salam), sobre o interesse dos militantes do PAIGC na
Conferência de Dakar e sobretudo no trabalho da Comissão de Conciliação. O
PAIGC propõe à Conferência a criação de um Museu da Libertação Africana, a
instalar em Bissau após a independência e convida representantes do Comité a
visitar as zonas libertadas do norte da Guiné-Bissau.
. dezembro: Visita do Secretário Executivo do
Comité dos Nove.
1964
. janeiro a março: Batalha de Komo.
. 13 a 17 de fevereiro: 1º Congresso do PAIGC em
Cassacá, região libertada do sul do país, sob a presidência de Amílcar Cabral.
Eleito o Bureau Político do Comité Central do PAIGC.
. 1 de março: Participa, em Itália, num seminário
organizado pelo Centro Frantz Fanon, de Milão.
. Publica uma breve análise da estrutura social da
Guiné-Bissau.
. 25 de setembro: Proclamação, pela FRELIMO, da
insurreição armada geral em Moçambique.
. Novembro: Constituição das primeiras unidades do
Exército Popular, Organização da Milícia Popular e abertura da Frente Leste.
. Dezembro: Edição do primeiro livro escolar pelo
PAIGC.
1965
. Inauguração, em Conakry, da Escola Piloto,
internato para os filhos dos combatentes e crianças nas zonas libertadas.
. Criação em Kiev, na URSS, de uma escola para a
formação de enfermeiros do PAIGC.
. Primeiro encontro de Amílcar Cabral com o
Comandante Ernesto Che Guevara.
. Agosto: Visita da primeira missão da ONU às
regiões libertadas da Guiné-Bissau.
. 3 a 6 de outubro: 2ª Conferência da CONCP, em
Dar-Es-Salam.
. novembro: Publicação das Palavras de Ordem
dirigidas aos combatentes.
. dezembro: Criação das Forças Armadas
Revolucionárias do Povo (FARP).
1966
. 3 de janeiro: 1ª Conferência da Tricontinental em
Havana. Amílcar Cabral tem diversos encontros com Fidel Castro, em Escambray,
Havana.
. Início da ajuda cubana, que fornece assessoria
militar e médica ao PAIGC.
. O PAIGC ocupa e controla metade do território da
Guiné-Bissau.
. maio: Amílcar Cabral casa com Ana Maria Voss de
Sá.
. Realiza uma visita à República da Argélia.
. 19 de dezembro: Promulgação da Lei da Justiça
Militar.
. Dezembro: Reorganização das Forças Armadas
Revolucionárias Populares (FARP).
ARRANQUE DA "RÁDIO LIBERTAÇÃO"
1967
. 16 de julho: Início das emissões da "Rádio
Libertação", a partir de Conakry.
. outubro: Primeiro entrega de armas à população da
região de Quitafine, na Frente Sul.
1968
. 19 de fevereiro: Ataque ao Aeroporto de
Bissalanca (a 10 km de Bissau) por um comando do exército popular.
. Intervenção de Cabral perante a Comissão dos
Direitos Humanos da ONU sobre os crimes do colonialismo português.
. Nomeação do General António Spínola como
Governador da Guiné-Bissau.
1969
. Janeiro: Participa na Conferência da
Solidariedade com os Povos das Colónias Portuguesas, no Sudão.
. 5 de fevereiro: Tomada da fortificação de Madina
do Boé e libertação dessa região.
. abril: Nova Intervenção de Cabral durante a
Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas.
. 19 a 24 de outubro: Seminário de Quadros em
Conakry.
. 6 de dezembro: Nasce a terceira filha N'Dira
Abel.
. 22 de dezembro: Revolução 275 do Conselho de
Segurança da ONU sobre as operações militares portuguesas contra a Guiné.
. dezembro: Lançamento, em Londres, da 1ª Edição de
textos e discursos de Cabral
. O PAIGC ocupa e controla dois terços do
território da Guiné-Bissau.
1970
. A editora Max Perot publica, em Paris, a obra
"O Poder das Armas", de Amílcar Cabral.
. 20 de fevereiro: Conferência sobre
"Libertação Nacional e Cultura", no primeiro " In Memoriam"
de Eduardo Mondlane, organizada pela Universidade de Siracusa, Estados Unidos.
. 25 a 26 de fevereiro: Apresentação do
"Relatório da Guiné Portuguesa e do Movimento de Libertação" perante
o Sub-Comité de África do Comité dos Negócios Estrangeiros dos Estados Unidos.
. fevereiro: Conferência na Sede nas Nações Unidas
em Nova Iorque e em Washington, perante a Comissão de Relações Exteriores do
Congresso norte-americano.
. abril: Cabral assiste as celebrações do
Centenário do Nascimento de Lenine em Moscovo.
. Junho: Participa na Conferência de Chefes de
Estados e de Governo de África, em Adis Abeba. Cabral fala em nome do conjunto
dos movimentos de libertação africanos.
. junho: Cabral participa, em Roma, na Conferência
de Solidariedade com os Povos das Colónias Portuguesas.
. 1 de julho: O Papa Paulo VI recebe em audiência Amílcar
Cabral (PAIGC), Agostinho Neto (MPLA) e Marcelino dos Santos (FRELIMO).
. 22 de novembro: Agressão Portuguesa contra a
Guiné Conakry ("Operação Mar Verde"), em que são atacadas,
designadamente, as instalações do PAIGC, que rechaça os invasores. Essa invasão
de território estrangeiro provoca generalizado repúdio internacional, sendo
formalmente condenada pela OUA e pela ONU.
1971
. O General Spínola pede a Lisboa a revisão do
conselho estratégico conhecido como a "Missão Pacificadora
Portuguesa" na Guiné-Bissau de modo a poder avançar na aplicação do seu
conceito de uma "Guiné Melhor".
. abril: Cabral denúncia, em Estocolmo, em
conferência de imprensa, a situação de fome existente em Cabo Verde.
. agosto: Visita Helsínquia, Londres e Dublin, onde
é recebido por altos dirigentes políticos.
. Reunião do Conselho Superior de luta que adota a
decisão de realizar eleições gerais para a Assembleia Nacional Popular e
proclamar proximamente o novo Estado independente da Guiné-Bissau.
. 24 de novembro: Resolução 302 do Conselho de
segurança da ONU sobre as operações Militares Portuguesas contra Senegal.
. 6 de dezembro: Resolução do comité de
Descolonização da ONU, apoiando a independência da Guiné-Bissau e de Cabo
Verde.
. Amílcar Cabral intervém perante a VIII
Conferência dos Chefes do Estado e de Governo africanos em Adis Abeba.
1972
. fevereiro: Perante o Conselho de Segurança da
ONU, reunido na sua 163ª sessão, em Adis Abeba, Cabral convida a Assembleia
Geral das Nações Unidas a enviar uma delegação nas zonas libertadas.
. 4 de fevereiro: Resolução 312 do Conselho de
Segurança sobre a situação dos territórios sob a administração portuguesa.
. 2 a 8 de abril: Visita de um grupo de Diplomatas
do Comité de Descolonização da ONU aos territórios libertados.
. Junho: Amílcar Cabral toma a palavra em nome do
conjunto dos movimentos de libertação nacional africanos no decurso da Reunião
Cimeira da OUA, em Rabat.
. 3 a 7 de julho: Cabral envia à reunião de peritos
organizada pela UNESCO, em Paris, sob o tema "Raça, Identidade e
Dignidade", o texto intitulado "O Papel da Cultura na Luta pela
Independência".
. setembro: Encabeçando uma delegação do PAIGC,
Cabral visita a China, a Coreia do Norte e o Japão.
. 3 de outubro: Discurso perante o XXV Congresso do
Partido Social Democrata da Suécia.
. 15 de outubro: Recebe o Doutoramento Honoris
Causa pela Universidade Lincoln, EUA.
. outubro: Cabral discursa, como observador,
perante a IV Comissão da Assembleia Geral das Nações Unidas, na qualidade de
representante de um povo em luta.
. Resolução do Conselho de Segurança que consagra o
reconhecimento do PAIGC como legítimo representante do povo guineense.
. agosto a outubro: Eleições nas regiões libertadas
dos Conselhos Regionais, que constituirão a Assembleia Nacional Popular.
. 22 de novembro: Em alocução radiofónica, o
general Spínola reconhece que as zonas que o seu exército controla já não são
seguras.
. dezembro: Resolução 322 do Conselho de Segurança
da ONU sobre a situação dos territórios sob administração portuguesa.
. Cabral assiste aos festeja do 50º aniversário da
fundação da URSS.
. 24 de dezembro: A Academia das Ciências da URSS
confere-lhe o título de Doutor Honoris Causa em Ciências Políticas e Sociais.
1973, 20 de janeiro - Amílcar Cabral é assassinado
em Conakry. Na data fatídica, a operação é conduzida por guineenses, negros mas
também mestiços - como Aristides Barbosa. "Ele era o único mestiço do grupo",
crê Aristides Pereira. «Mas era contra os mestiços de Cabo Verde. Nestes casos,
aliás, o mestiço é sempre o pior: quer fazer-se mais negro que o negro!»
A única testemunha presencial viva do assassinato é
Ana Maria de Sá Cabral, a viúva de Cabral. Nos anos 50, viera para Lisboa, onde
fez o Liceu no Colégio Académico. É nessa altura que se cruza, pela primeira
vez com Cabral: Foi no 37 da rua Actor Vale, por onde passavam o Agostinho
Neto, o Mário de Andrade e outros. Quem mo apresentou foi uma jovem santomense,
de nome Esperança. Em maio de 1966, juntara-se ao PAIGC, em Conacri, e a
Amílcar Cabral, que, entretanto, se separara da primeira mulher (a residir em
Portugal).
Fonte: Suplemento do Expresso, 16 de janeiro de
1993.
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