Bastide, Roger, Defesa e Ilustração do Marginalismo, in Antropologia Aplicada, editora Perspectiva, S. Paulo, Brasil
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O item das transformações culturais ocidentais
sob o choque das culturas exóticas é um dos que menos interesse suscitaram.
O
luso-tropicalismo de Gilberto Freyre[1] teve
como consequência que várias universidades europeias criaram institutos para
«estudar a acção dos trópicos sobre os brancos e sobre as suas culturas
étnicas.» (pág.78) Que institutos?
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«Os portugueses, e em menor grau os espanhóis,
foram sensíveis, diz G. Freyre, às técnicas, métodos e valores dos povos
tropicais; adoptaram seus sistemas de construção (mais aptos a combater o calor
circundante), de alimentação (utilizando as plantas e os animais do país), suas
roupas (mais leves), seus métodos de higiene e sua medicina empírica.» (pág.79)
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ver a importância do sexo e consequente mestiçagem
(miscigenação) na construção do império colonial português.
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Enquanto a finalidade(...) no luso-tropicalismo
é a adaptação recíproca e de fusão, graças a uma dupla mudança, de uns e de
outros, ela será, na Antropologia Cultural anglo-saxónica, um processo
linear que deveria arrematar-se pela assimilação dos indígenas às culturas
ocidentais. (pág.82)
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O homem marginal: é aquele que participa
de duas culturas que lutam dentro dele e que, por consequência, se sente
dividido: ele pode ser um mestiço, mas vive uma hibridação cultural
independente da miscigenação. (pág.84)
Bibliografia
Regra : «é necessário estudar as transformações que se
operam nas duas culturas e não em uma só delas.» Bastide, pág. 77
Em relação às culturas anteriores
ou inferiores, os católicos agem diferentemente dos protestantes porque se
baseiam em dogmas diferentes. O dogma central do catolicismo é o dogma
da Encarnação (o novo espírito encarna-se no corpo para mudá-lo de dentro)
enquanto que para o protestantismo dogma mais importante é o da Crucificação
( deseja que o velho Adão seja destruído para que nasça o novo Adão... que as
velhas civilizações sejam completamente destruídas para que possa nascer uma
civilização cristã. Bastide, pág. 80
Exemplo de incompreensão do
homem marginal
A antropologia cultural tinha uma
concepção pessimista do marginalismo. Nunca pensou em usar os marginais
do ponto de vista da cultura como condutores de aculturação. (...) a velha
Antropologia Cultural insistia principalmente na dupla personalidade (...) nas reacções
de compensação (...) no desajustamento destes indivíduos, rejeitados pelas duas
sociedades... Bastide, pág.84
O que Barnett mostra é apenas que “os insatisfeitos, os desajustados, os frustrados e os incompetentes” são “os primeiros a aceitar as inovações culturais e a mudança.” Bastide, pág.89Berque, J., Décolonisation, Intérieure et Nature Seconde, Études de Sociologie Tunisienne, Tunis, 1968
[1] - O mundo que o
português criou, Rio de Janeiro, José Olympio, 1940.
Uma Política transacional de Cultura para o Brasil
de hoje, ed. da Rev. Bras. de Estudos Políticos, Minas Gerais, 1960
Aventuras e Rotina, Lisboa, Livros do Brasil,
s/d.
Maîtres
et esclaves, trad fr.
Gallimard, 7,ed., 1952
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