29.12.08

Diversas formas de vida

Hoje, ouvi o professor Cavaco Silva com alguma atenção, e percebi a diferença entre o Estado e a Nação... os caravanistas respeitam a Nação e estão-se nas tintas para os Estados, para os superiores interesses..., para a glória futura e imorredoura dos manuais de História. O professor preocupa-se demasiado em assegurar um lugar nos compêndios vindouros. Se discorda da provocação e da incompetência da Assembleia da República, dissolva-a. Para isso foi eleito. Não é elevando o tom que o pastor consegue que as ovelhas regressem ao redil!

28.12.08

Os pastores…

Ao atravessar o Alentejo, vi milhares de ovelhas, carneiros e cordeiros, mas não vi um único pastor.

Para Belém não devem, os pastores, ter partido. Talvez tenham ido até ao Terreiro do Paço…

Por aqui, no Parque de Campismo dos Bancários do Sul e Ilhas (Olhão), só há rolas e centenas de autocaravanistas estrangeiros que se habituaram a passar os rigores do Inverno no Sul da Europa… Alguns só vêem futebol e bebem, bebem…

Estes autocaravanistas, tal como os rebanhos, também parecem viver bem sem pastor…

De qualquer modo, mesmo que queira, não consigo libertar-me dos pastores. Ao longo do dia, lembrei-me dos pastores do Ruy Duarte de Carvalho e mesmo agora continuo a ouvir as piedosas admoestações do Patriarca de Lisboa e, sobretudo, do Papa: o primeiro, preocupado com a guerrilha entre o Ministério da Educação e os professores; o segundo, preocupado com o futuro dos lugares santos…

27.12.08

A prática dos pastores…

/ reis rainhas e donzelas / e muitos por esta estrela / rogam a seu senhor delas / nosso Deos que vá com ela / coma estrela antr’as estrelas // sobre o qual todos pastores / leixam sem pasto as manadas / e se fazem oradores / em oferta dando flores / e suas pobres soldadas. / Gil Vicente, Cortes de Júpiter.

Longe estaria Vicente, em 1521, de imaginar que a prática dos pastores de oferecer os parcos haveres à infanta Dona Beatriz, duquesa de Sabóia, se tornaria moeda corrente nos dias de hoje. Afinal, quem menos tem acaba sempre por saciar a gula dos poderosos e dos manhosos.

Não consta que o ouro, o incenso e a mirra tenham alimentado o menino Jesus, embora a sorte de tais dádiva esteja por esclarecer…

24.12.08

O que fazer com estes fungos?

De facto, não sei como classificar estes fungos! Ao observá-los, fico intranquilo. Evito-os, sabendo que os poderia aniquilar. Mas para quê? Ultimamente, sinto que os fungos se estão apoderar de mim... sopram dentro de mim.

Não sei se estamos à altura!

Sabiamente, o rebanho evita o posto de gasolina. Prefere esperar e passar pelo portão entreaberto, sob o olhar rigoroso do pastor. Ao lado, a tentação, mas o rebanho ignora-a. Como é que o rebanho faz as suas escolhas?
Também nós, em rebanho (ou será matilha ou alcateia?), recebemos a capacidade de escolher entre a sobriedade e o esbanjamento. Não sei se estamos à altura!

17.12.08

O regresso de José Gomes Ferreira...

(Os votantes no Liceu de Camões. Muitos com as listas da oposição disfarçadas nos envelopes do Partido-Que-Vai-Ganhar. Civismo covarde a jogar às escondidas.) José Gomes Ferreira, Grito Plural, 1958

O encontro com José Gomes Ferreira caiu bem. A oradora preparou bem a lição e expô-la com clareza. O recurso a Mário Viegas motivou e, sobretudo, confirmou que, para o Poeta, só a subversão e a ruptura desalinhadas permitiriam instalar o céu na terra.

Uma instalação sublinhada ora pelo encantamento ora pelo cepticismo. O Poeta bem sabia o perigo que corria: para lá da sua janela, os loucos assaltavam os transeuntes e atiravam-nos para debaixo das lagartas das chaimites...

A militância do Poeta é criadora... não serve uma ideia ou um partido. Os poetas alinhados não existem...

E José Gomes Ferreira aprendera a desprezar a mentira!