31.7.09

Os Pinhos que se cuidem!

Lisboetas em acção, sob a batuta (deveria ser do Rui!) da Isabel.

Sobras maltratadas do passado.
O amarelo da Serra, embora rasteiro.
Ilusões!
A dedaleira é uma planta medicinal que, se transformada em chá, mata.
Em Cortinhas é a sério! Para tudo é preciso ter jeito! Calcorreei 9 quilómetros e acabei por encontrar o que nos faz falta: atitude.

29.7.09

A Serra Amarela

Foi necessário percorrer 402 Km para chegar aqui. Por entre o verde de Cerdeira não antevejo qualquer explicação para o epíteto "amarela" - Serra Amarela. Talvez, amanhã, consiga uma explicação plausível. No entanto, para quê esforçar-me se há tanta gente por aí que não dá cavaco a ninguém!?

27.7.09

Pingue-pongue…

Hoje é igual a lugares: da Portela de Loures / Sacavém ao Saldanha (Escamões / Fórum Picoas); do Saldanha a Alcântara; de Alcântara à Galp da 2ª Circular; da 2ª circular ao shopping de Torres Novas; do shopping ao Lar de S. Bento; do Lar de S. Bento a Aveiras; de Aveiras a Mem Martins (Ouressa), passando por ESSanta Maria na outrora Portela (Sintra); de Sintra a Mem Martins (Pera Doce); de Mem Martins ao lado esquerdo da Rua do Ouro; da Rua do Ouro à Portela de Loures / Sacavém…

Na rádio, em fundo, enquanto contemplo os vinhedos de Arruda, oiço o despique entre o PS e o PSD e penso que as encostas verdejantes deste país são mais belas que os políticos do meu país – florescem alheias à crise e se o sol ou a chuva faltam não se queixam. E reflicto nos gestos ora de minha mãe ora de minha filha que, imperturbáveis, vivem o enigma: da contemporaneidade do homem (video experimental). A seu modo, ambas se recusam a seguir um rumo diferente daquele que sonharam, mesmo que o próximo movimento seja de queda no abismo…

E como se o dia precisasse de ser legitimado reencontrei finalmente o (António José) Silva Carvalho, ilustre desconhecido da cena literária, igual a si próprio, desterrado no Algueirão que porfia em remar ( “pescador” da Póvoa de Varzim ou será de Vila do Conde?) contra a Mediocridade, edições Aquário:

O QUE É?

Que se poderá ainda escrever / que não tenha sido escrito? / Tudo. Nada foi escrito para o que é,/ para o que está a acontecer. / A palavra de ontem é de ontem, / de outro lugar, de outro tempo. / Não serve para sugerir o que agora / se está a passar, a passagem / sem limites diluindo-se em consciência de um tempo e de um espaço./ (…) 11.07.2000

25.7.09

Os novos figurões…

Em vez de apostar no país, os partidos apostam cada vez mais em castas. Criam-se novos figurantes e reconhece-lhes nobres lutas…, quando, na maioria dos casos, nem minorias representam. Entram em cena endeusados, à medida dos plasmas a que acedemos por “fibra”… Ou será por ráfia?

Qualquer português consegue identificar meia dúzia dos problemas que nos atormentam e, também, conseguirá apontar duas ou três soluções… No entanto, nenhum dos novos portugueses sabe ir além do seu círculo de amigos (e de palavras), de tão globais que são perderam a noção do local. E as melhores soluções são locais. As soluções globais são sempre devastadoras!

Por uns tempos, vamos ouvi-los perorar uma linguagem barroca, sedutora. Aos amigos dirão que o orçamento é vasto e que a cultura não mais será ultrajada. Aos amigos prometerão que “casar” voltará a significar “juntar casas” e que as leis que contrariam os seus impulsos serão revogadas. Aos amigos imporão a lei do mais forte, do mais mecânico… Aos amigos  reafirmarão que não haverá mais limites nem fronteiras… Aos amigos mostrarão que nada há de ignóbil em acumular riqueza…

E os restantes, a maioria, nada poderão dizer, propor, impor… apenas lhes é exigido que, inebriados, votem no dia certo, à hora certa, nos novos figurões.

23.7.09

Em cena…

Questionado pela TSF sobre se admite voltar, o socialista Manuel Alegre respondeu: «Vai haver outras eleições, quem sabe se amanhã não posso voltar».

De saída da Assembleia da República, 34 anos depois de lá ter entrado, M.A. ameaça voltar. Porquê? E para quê? Se a luta política ainda o seduz, então não deve abandonar barco em tempo de tormenta.

Manuel Alegre encontrou o inimigo no seu próprio terreno e em vez de o enfrentar de dentro, prefere assistir à derrocada da sua própria casa – dar mesmo um empurrãozinho! - para, depois, regressar em glória…

Este tipo de encenação agrada a muita gente, mas defrauda a democracia, ao deixar no ar a suspeita de que quando se quiser se pode alterar o rumo e salvar a nação.

Antero de Quental, se pudesse regressar, voltaria a preferir o suicídio à espada de Dâmocles… e a Manuel Alegre o que se pede é que regresse à POESIA…

21.7.09

Os amigos da tirania…

Ultimamente, alguns comentadores políticos têm vindo a insistir que a Constituição não deve consignar qualquer reserva ideológica. E como primeiro argumento apontam que numa democracia consolidada não há espaço para qualquer tipo de proibição ou de sanção, porque o cidadão sabe, em cada momento, destrinçar o bem do mal. Muito gostaria de aprovar este raciocínio, mas a história mostra à saciedade que os grupos (as classes, as castas, as corporações, a arraia-miúda…) são facilmente manipuláveis e, raramente, agem de forma racional e respeitadora dos direitos humanos. Qualquer caudilho consegue cegar multidões e destruir, em pouco tempo, tudo o que sustenta a democracia…

Num tempo de profunda crise económica e ideológica, estes comentadores deveriam saber que este é um momento muito perigoso. É um momento favorável à tirania. E deveriam saber que um "bom" tirano é, por definição, um justiceiro que, ao sacrificar dois ou três prevaricadores, rapidamente agrega uma horda sedenta de vingança.

O TERROR começa por amar o livre-pensador para depois imolar os seus filhos…

E o terror habita em muitos de nós que, almas sensíveis, pouco nos importamos se, pela nossa acção, nos prestamos a sacrificar o primeiro que se atravessar no nosso caminho. A Constituição, em nome da Humanidade, deve definir os limites e não apagá-los definitivamente, porque se o fizermos o tirano esmagar-nos-á…

19.7.09

O anti-capitalista…

«O regime de atenção capitalista fundamenta-se numa alternância de concentração e distracção recíprocas, que desemboca, por um lado, em processos de intensificação da percepção e, por outro, em zonas de anestesia e passividade hipnótica.» Eduardo Prado Coelho, in O Fio da Modernidade, pág. 57, notícias editorial, nov. 2004

Registo, aqui, estas palavras de EPC, quando tudo nos anestesia e convida à passividade hipnótica. No meu caso, é o cérebro que recusa a anestesia e que se entretém a acordar-me com pesadelos que mais ninguém sofre. Como, por exemplo, o daquele aluno que, depois de ser esburgado de todos os seus haveres à entrada da sala de exame, bruscamente interrompe o meu sono, deixando-me em pânico, pois sobre a mesa em que resolve a prova avisto um manual e uma quantidade infindável de cadernos de apontamentos... Imperturbável, o aluno continua a tarefa, avesso a qualquer norma, a qualquer olhar… e eu debato-me, sem conseguir explicar como é que ele furou a vigilância… E tudo isto aconteceu, depois de ter descido à praia do Matadouro, onde adormeci, baixei a guarda, como me acontece sempre que desço ao areal, o que raramente faço, compreendo agora, para evitar o outro lado do capitalismo…isto é, a morte cerebral.