30.12.09

Santarém - Uma viagem à minha terra…

Hoje, fui às Portas do Sol, Santarém, (re)ver o Tejo. Apesar do comboio parecer o mesmo, a extensão de água é bem diferente da que ficara alojada na minha memória dos anos 60. E das muralhas, não consegui ver a Santa Iria que…, tendo sido compensado pela “liberdade” do Manuel Sousa Coutinho, na Rua Direita.

Nesta minha viagem (que nada deve a Almeida Garrett!), a decepção instalou-se, quando me apercebi que nos campos, balizados pelas muralhas fernandinas (?), em que outrora jogara futebol, havia agora um mal amanhado parque de estacionamento. E do Ginásio, o que é que fizeram? E, finalmente, tenho que confessar que ainda não foi desta vez que consegui visitar o Convento de S. Francisco. Desde que li As Viagens na minha Terra e tenho notícia das malfeitorias dos exércitos napoleónicos,  que sonho  entrar naquele desditoso monumento. Cheguei por volta das 11h00, mas estava fechado! Para compensar a frustração, a cidade pareceu-me mais dinâmica e, sobretudo, fiel a algumas tradições. 

/MCG

28.12.09

TETRO e a VOZ…

TETRO, de Francis Coppola, ou a regeneração da família, após uma descida aos infernos numa Buenos Aires híbrida e caótica. Rejeitando a catástrofe sempre iminente, F.C. opta pela esperança… Devolve à família o lugar de alicerce da (nova) sociedade.
No entanto, fora do ecrã, as fronteiras diluem-se, não fazendo qualquer sentido legislar sobre o modo como nos devemos arrumar nas gavetas do fisco.
A semântica, que tanto tempo leva a consolidar-se, trai-nos a cada passo e não fosse a atávica ignorância, o Governo, em vez de legislar sobre as “partes” que podem constituir o casal, deveria empenhar-se em resolver os verdadeiros problemas que nos arruínam a cada dia que passa.
Nem a tragédia nem o drama são solução. Só a voz pode crescer e afirmar-se, dando sentido à existência.

26.12.09

O barro de que somos feitos…

 A 26 de Dezembro, ainda há quem nos lembre o barro de que somos feitos. Bastar percorrer a rua Augusta (Lisboa); não precisamos de esperar pela quarta-feira de cinzas! Neste caso, o barro é amoroso e promete uns tempos, ainda que breves, de felicidade.

23.12.09

E se os ventos recolhessem a sua fúria?

O Natal é palhaço, água e carroça. Quase sempre musgo, muitas vezes pedra.Também pode ser palha, menino… e acaba sempre numa cruz! Neste Natal, há amigos que sofrem e por isso os ventos andam desenfreados. E se os ventos recolhessem a sua fúria? A todos os visitantes, Bom Natal!

22.12.09

Obrigado…

 

Concordo. Não posso seguir o exemplo do Alexandre Herculano que acreditava mais no olival do que no parlamento. Quanto ao parlamento actual, o seu estado é ainda mais deplorável do que no século XIX e por isso raramente lhe dou atenção. Não sendo filiado em nenhum dos bandos que consomem os euros europeus, limito-me a colher uns tantos figos que alegram o paladar da minha mulher… e a azeitona fica por conta de um outro familiar mais guloso. Do azeite, apenas vejo um fio luminoso que mal chega para temperar a ceia de Natal…

No reino de Cavaco, não ouso falar de cavacas (nem das caldenses nem das que, neste início de Inverno, poderiam alimentar o fogo regenerador!). Para cavaquear temos o Sócrates e BASTA!, como diria o Almada. E,de facto, a cultura mediterrânica nada diz aos maiorais deste país.

No entanto, a velha oliveira e a não menos velha figueira conseguiram um milagre: o amigo Joaquim Beja pronunciou-se. Há quanto tempo não lhe sentia o humor?

Ainda há dias de júbilo! Para mim, este ano, o Natal chegou mais cedo.

Obrigado. 

16.12.09

Avaliar a indisciplina…

Actualmente, os estudantes do ensino secundário revelam-se capazes de avaliar o trabalho realizado e, na sua maioria, são ponderados na auto-avaliação. Uns tantos chegam a ser modestos.

No entanto, uma minoria valoriza excessivamente o pouco trabalho que efectua e, sobretudo, desvaloriza o prejuízo que resulta da sistemática perturbação que gera na sala de aula.

A indiferença em relação ao trabalho  dos colegas, a interrupção permanente, as conversas paralelas são factores que, se negligenciados, acabarão por atrasar o processo de ensino e prejudicar todos aqueles que têm mais dificuldades.

Se queremos uma sociedade mais justa não podemos continuar a premiar a indisciplina.

13.12.09

O anátema do comboio

Já foi assim na segunda metade do século XIX. O povo, que dera novos mundos ao mundo, via na locomotiva uma máquina infernal capaz de destruir as colheitas e os povoados.

Entretanto, com a circulação do monstro, uma nova geração descobre Paris e sonha ligar Portugal à Europa. É esse o sonho que surge como objectivo primeiro dos conferencistas do casino, em 1871.

No entanto, o país não deixa de ser provinciano. O seu escol bem procura o estrangeiro, mas volta sempre, quando volta, com o sentimento de que há algo de irremediável na atitude portuguesa.

Em meados do século  XX, o comboio volta a ter um papel fundamental no êxodo dos emigrantes. Viajar de comboio torna-se numa penosa e promíscua odisseia. O sonho do regresso passa a fazer-se anualmente em velozes e mortíferos carros, tudo para evitar o maldito comboio.

Hoje, continuamos a suspeitar do comboio. Parece que tememos que ele nos leve de vez para essa Europa tão desejada pelos homens da geração de 70. Preferimos o isolamento, mesmo sabendo que já ninguém quer saber da epopeia de quinhentos.

E é pena, mesmo que viajar seja perder países!