10.1.10

E se passar este pórtico?

E se passar este pórtico, o que é que eu descubro? Ontem, fiquei a saber que a antiga igreja-sede da paróquia de S. Francisco de Assis, em Lisboa (no Mosteiro de Santos-o-Novo) , só abre à 6ªfeira, às 17h30.
(De acordo com informação institucional: O Mosteiro de Santos-o-Novo é notável, pelo seu grandioso Claustro e pela sua Igreja dedicada aos Santos Mártires de Lisboa: - Veríssimo, Máxima e Júlia, cuja Festa se celebra a 3 de Outubro. A sua utilização inicial foi como Convento das Comendadeiras de Santiago de Espada.)
No entanto, as portas estão fechadas! Porquê? Será porque no mosteiro do século XVII instalaram a residência universitária do ISCTE?
De fora, a ideia é de ruína! Um dos edifícios encontra-se parcialmente arruinado.
Curiosamente, o “Palheiro” albergou o Instituto do Professorado Primário Oficial Português ou Instituto do Presidente Sidónio Pais, tendo o convento das Comendadeiras da Ordem Santiago de Espada sido transformado inicialmente em residência para os filhos dos professores primários. Lá residiram, entre outros, o professor cientista Pinto Peixoto, o humorista Zé Vilhena e a ex-deputada Odete Santos. Esta última, já como estudante universitária e que ficou com uma péssima imagem da instituição.
Apesar de tudo o que eu não sabia antes de me aventurar pela história deste edifício, pelo menos, do século XVII, o que continua na minha retina é que parte da fachada deste património está muito mal tratado e, provavelmente, esconde muitas histórias mal contadas ou por contar, desde que a República tomou conta dele. Sem esquecer os acessos, vergonhosos…
Quem é que gere este património?

8.1.10

Desarrumo na fronteira…

Acordo, casamento, pacto… entre o mesmo sexo (ME/Sindicatos; Homem/Homem – Mulher/ Mulher; Governo /Oposição…) Sem esquecer o Pinto da Costa que, ao contrário de Orpheu, eliminou finalmente a fronteira que separa a vida da morte …

O impossível perde, a cada passo, o prefixo, atirando-nos para o jardim das delícias…

Um jardim, para mim, inefável… tal como Lídia Jorge o define, ao interrogar o futuro, sem perceber que este já não é inevitável: «E o inefável é aquilo que sucede de forma tão densamente expressiva que se torna impossível analisá-lo ou sobre ele falar, para reutilizar a própria semântica da palavra.» Contrato Sentimental, 2009

Ainda perplexo, pensei que era melhor esquecer o dia, quando compreendi que este era diferente dos anteriores. Afinal, a chuva cedeu o lugar ao frio, impedindo-me de mergulhar nas águas regeneradoras da euforia… e, de súbito, regresso aos PARAÍSOS ARTIFICIAIS de Jorge de Sena: Inefável é o que não pode ser dito.

Não há mais pardieiros, promiscuidade, compadrio, censura, mediocridade… no meu país.

7.1.10

Quando a resposta tarda…

Falar do tempo não faz qualquer sentido, embora nos encontros fortuitos possa ser tema dominante. Há muito que o arrumei na gaveta aristotélica da metafísica. Nessa gaveta, guardo tudo o que se vem tornando inexplicável. Lá moram Deus, a Alma, a Vida Eterna, o Sentido… E por isso também não me passa pela cabeça "enganar o tempo"!

O que é irremediável, remediado está! Compreendo que se possa querer enganar o envelhecimento, que esse, sim, é de ordem física! Todavia, não creio que se possa voltar atrás.
O Corpo estrangula o Sentido até que a matéria de que é feito se diluía, se dissolva perdidamente…

Quando a resposta tarda, não é má vontade, é apenas uma recaída… a grande Ilusão!

5.1.10

Dúvida

 

A palavra 'carantonha' é uma palavra simples ou modificada por sufixação? Na 2ª hipótese, qual é o sufixo?

2.1.10

Ter tempo… no Museu do Neorrealismo

Finalmente, arranjei tempo para ir a Vila Franca de Xira visitar o novo Museu do Neo-Realismo. Em destaque, uma exposição (escrevivendo) sobre a vida e obra de Urbano Tavares Rodrigues; outra (completíssima) sobre Soeiro Pereira Gomes; e uma terceira sobre a globalidade do movimento neo-realista,  no que se reporta à literatura, ao teatro, ao cinema e à música.

Para quem não esteja muito apressado, pode, durante 1h30, revisitar os homens e as mulheres que, de algum modo, se opuseram ao Estado Novo e, deste modo, compreender os dramas vividos pelo povo e, também, os dramas sentidos pelos artistas que, em muitos casos, vítimas da censura, da clandestinidade ou das prisões acabaram por ficar prisioneiros das suas circunstancias.

(Entrada gratuita.)

1.1.10

RESPOSTA…

Há uns meses, um colega enviou-me a intervenção de António Nóvoa, no Debate Nacional sobre Educação /  Assembleia da República, a 22 de Maio de 2006. Creio que M.B.Reis me incitava a reflectir sobre as ideias de Nóvoa, num cenário de construção de um Projecto Educativo.

Só hoje encontrei o tempo de leitura necessário ao pronunciamento. Ora, resumindo: em matéria de educação, Portugal continua na cauda da Europa; a insatisfação “quantitativa” e “qualitativa” continua em alta; avessos à «pedagogia”, desvalorizamos a cultura escolar e preferimos o “centro social”, atribuindo à escola uma multiplicidade de papéis que são da responsabilidade da sociedade; em termos de prioridades, dificilmente as conseguimos equacionar e hierarquizar…, de tal modo que os “bons” professores têm gasto uma boa parte do seu precioso tempo a participar ou a testemunhar numa peça que põe em cena o drama do respectivo estatuto e da avaliação docente – tudo questões prioritárias, mas que não asseguram:

  • os níveis mínimos de aprendizagem;
  • o sucesso de todos os alunos;
  • a valorização do trabalho escolar;
  • a satisfação dos interesses dos alunos, com esforço próprio e a maior liberdade que for possível;
  • a recuperação do contrato educativo para reinstituir um sentido para a escola;
  • o alargamento das vias tecnológicas e profissionalizantes;
  • a existência de escolas diferentes, para que se possa falar de liberdade de escolha;
  • o reforço da formação de professores, aproximando-os da realidade escolar concreta;
  • a inserção cuidada dos novos professores nas escolas;
  • a criação de lideranças profissionais num quadro de um trabalho cooperativo.

Pelo que fica dito, parece que construir um projecto educativo pressupõe saber se queremos ser uma escola diferente, isto é, orientada para o futuro; uma escola que aposte, do mesmo modo, na formação humanística, artística, científica e tecnológica; uma escola capaz de definir projectos de aprendizagem; uma escola que valorize o trabalho; uma escola que integre; uma escola que privilegie a profissionalidade e a responsabilidade; uma escola geradora de lideranças…

Já agora, para afinar a reflexão, deixo aqui as palavras de Lídia Jorge: « O lugar da instrução escolar é um lugar único e irrepetível. Não é um local de trabalho, nem é um local concebido para jogo e deleite, é um outro lugar, onde trabalho, jogo e deleite se cruzam de modo a que todo o exercício seja suportável, e a felicidade resulte da aplicação do exercício.» Contrato Sentimental, pág.50, Sextante editora, Setembro de 2009.  

Sombras…

  Maré-cheia, maré-vazia!

De facto, o que mais me tem interessado nesta passagem 2009-2010 tem sido o livro de Lídia Jorge Contrato Sentimental sobre o PORTUGAL FUTURO, a partir da genuína fórmula PORTUGAL=LIXO.