7.3.11

O paul do Boquilobo


Em Março, o trilho  do Paul do Boquilobo continua submerso.

(Apenas cegonhas e patos e garças e garridas e canoras aves…)


Mas ao lado, passa o comboio na linha do norte…

(O canavial esconde o pântano e torna a confluência do Almonda com o Tejo indistinta.)


O carvalho apodrece de vez… e nem sinal de bugalhos! - o que nos livra das vespas…

(“Nos” é força de expressão – a terra é de ninguém, mas podia ser minha!)


Por seu lado, os freixos, altivos e longilíneos, continuam à espera da Primavera… 

(Em Maio, espero regressar… e tudo será diferente! Ou talvez não!)

6.3.11

Ponto de vista…

Foi aqui que me tornei funcionário público, a 2 de Janeiro de 1975. Durante os 3 anos que lá passei nunca vi o Liceu nesta perspectiva – a de quem o observa do pátio da vetusta Academia das Ciências. Nesse tempo ainda não sabia o que era o ponto de vista!
(A foto do Passos Manuel desapareceu!
Também, à época, me faltava a perspectiva de que a azinheira forma o bugalho a partir do ovo da vespa colocado no interior dos rebentos… e, fascinado, jogava com eles como se mais não fossem que berlindes!
A ignorância ofusca e esmaga!

5.3.11

Ai flores!

Por alguma razão que desconheço, não tenho conseguido “postar” comentários aos comentários que vão surgindo em CARUMA.

Por isso esclareço:

A) Os primeiros românticos lutaram no campo de batalha em nome de uma alma colectiva - pugnavam pela liberdade dos povos (das nações). Os filhos esqueceram rapidamente essa herança e sucumbiram às sensações, valorizando o corpo e a preguiça; o luxo e a luxúria…

B) Cresci num país em que boa parte dos seus filhos, nos anos 60 do século passado, se viram obrigados a emigrar para França ou por lá se exilaram para escapar à guerra colonial; num país onde se aprendia a língua, a literatura e a cultura francesa; onde França representava a pátria da liberdade… e, entretanto, venho assistindo à morte desse contacto privilegiado, pré-anunciado pela extinção do latim dos curricula em Maio de 1974… (as flores anglo-saxónicas substituíram os gerânios, os lírios e as violetas, sob o olhar cúmplice dos cravos e das rosas…) E essas flores credoras continuam a arrastar-nos para a descaracterização da língua portuguesa…

C) E quanto aos “enganos” há que perdoar …, pois o objectivo era ver a seriedade de Eça ao abordar o problema do adultério nas classes ricas e improdutivas…      

4.3.11

O P.D.A.

Há quem acredite que a Geração “À RASCA” vai forçar uma mudança de política que reconheça às gerações mais novas o direito ao trabalho e a uma remuneração digna. No entanto, hoje, um jovem confirmou-me que a militância juvenil (e não só!) se manifesta de modo muito diverso: já embarcou no Partido do Deixa Andar!

E de facto, ao contrário de gerações anteriores que ousaram atravessar as fronteiras à procura do trabalho que a mãe pátria lhes recusava, assistimos a um deixar andar que revela uma acomodação fatal.

3.3.11

Gente desditosa…

Ler “Portugal Ensaios de História e de Política”, de Vasco Pulido Valente exige perseverança e uma grande dose de masoquismo. Do Liberalismo Português a Cunhal Revisitado, o autor traça um retrato implacável dos governantes que, salvo raríssimas excepções, revelam uma visão retrógrada e / ou formatada por modelos estrangeiros. Eternos Dâmasos Salcedes, os governantes imitam as ideias e as modas estranhas numa busca incessante de um pedestal há muito perdido e, deste modo, infligem ao povo uma vida de miséria e, frequentemente, de morte.

As revoluções mais não são do que frustres insubordinações de quem já não suporta mais um poder caduco que, tendo delapidado os recursos, continua refém de ideologias totalitárias, e que, por sua vez, procedem à redistribuição sôfrega dos lugares e dos recursos, aperreando a classe média e desprezando o povo.

V.P.V. mostra um país falido, ignaro, beato, submisso, incapaz de separar o trigo do joio.

A publicação, em 2009, deste conjunto de ensaios acaba por ser o modo encontrado por V.P.V. para nos demonstrar que, filhos do marcelismo, do movimento do MFA ou de Cunhal, perdemos a noção da verdadeira dimensão de Portugal, continuando a ser governados pelo irrealismo, pela demagogia e, no limite, pela loucura de quem se imagina senhor do mundo, não passando, afinal, de gente mesquinha.

1.3.11

A alma…

E se nos devolvessem a alma? Dou comigo, às 6h00 da manhã, a pensar que foi o «sentimento de si» que matou a alma. Foram os filhos dos românticos que nos condenaram à egolatria e à futilidade…

Fernando Pessoa ainda tentou fingir ser quem não era com resultados satisfatórios para si, mas a alma, essa, perdera-se nas ruelas de um corpo que quis ocupar o palco inteiro – oh, o que sinto eu de mim a esta hora!

27.2.11

A traição da saudação…


A Junta de Freguesia quer que os visitantes, ao passarem sob este original “arco de triunfo”, se sintam como se estivessem em casa. Os franceses, no entanto, terão que reflectir um pouco mais sobre o que os espera…! - Talvez as “mulheres com história” do Carnaval de Loures…