31.3.11

De volta… a Sintra


Depois de acompanhar cerca de 100 alunos pelas velhas ruas de Sintra, seguindo a lição queirosiana, regressei à Lagoa Azul, onde voltei a encontrar as velhas tartarugas. Há 20 anos, eram três ou quatro; hoje seriam, mais de vinte.

No essencial, pouco tem mudado. As marcas de revivalismo mantêm-se, apesar das ruinas de alguns edifícios, o que significará  que os novos ricos ainda não estão suficientemente ricos… Lá chegaremos!


Na vila velha, o número de turistas jovens é cada vez maior. Hoje, escolas portuguesas, espanholas e alemãs cruzaram-se a caminho de Seteais. Em passo de corrida, olhando à direita e à esquerda. Mas vendo o quê?

(A circulação automóvel continua catastrófica; infelizmente, a mobilidade dos autocarros é mínima… e os passeios são tão apertados que os transeuntes arriscam  ser atropelados!)

30.3.11

As margens dos rios…


Olho as margens dos rios do meu pobre país e raramente vejo sinal da presença humana, como se, por decreto divino, o homem tivesse sido expulso da terra.

E quanto mais penso no assunto, mais me convenço que esta ausência nos foi exigida, não por Deus, mas por aqueles que, agora, nos exigem o retorno…

Deslumbrados com o  euro, hipotecámos o escudo, abandonámos os rios e voltámos a importar tudo, como já acontecera nos séculos XVIII e XIX.

Se quisermos recuperar o rumo, comecemos por reduzir as importações e, no caso de insistirmos no supérfluo, não hesitemos em aumentar-lhe o IVA…

E quando o essencial começar a faltar, voltarei a olhar as margens dos rios, novamente, habitadas e produtivas…

28.3.11

NADA mesmo…


Para quem se sente à deriva , vítima de um estado saqueado por políticos incompetentes e predadores, vale a pena imitar a lição da flor submersa: enraizamento e manter-se à tona.

Não perder a calma e o sentido de humor e, sobretudo, não esperar nada da actual classe governante!

NADA mesmo…

27.3.11

Movimento, cor e pólen…


Afinal, o comboio do pinhal interior ou não é azul ou a CP resolveu pregar-me uma partida.


Carros antigos domingueiros desafiam a ponte metálica…

e rodam garridos numa terra deserta sob um céu plúmbeo.

Passemos ou não,
os êmbolos,
engrenagens
quase eternas;
ao lado,
casas
desabitadas,
antenas
desorientadas…

outrora,
agora,
com ou sem
roda, comboio,turbina,
o zângão fecunda,
morre.

(Infelizmente, também há o zângão estéril que sobrevive!

O outro visto por Pepetela e por João Tordo

E se a ficção coincidir com a realidade? Só a lonjura do exílio poderia criar o equívoco, mas, de facto, é sempre possível encontrar um Jeremias Cangundo nem que seja nas LETRAS PERIGOSAS de Pepetela, que, nesta “estória”, continua a ajustar contas com os escritores aburguesados que, depois de longo exílio voluntário, regressam à procura de reconhecimento e dinheiro…

Partir, por cobardia ou por força das circunstâncias, pode trazer problemas inultrapassáveis. Nunca sabemos quem iremos encontrar. E, sobretudo, se acreditarmos que o outro é, por natureza, acolhedor.

A verdade é que, em terra estranha, a diferença de pele, de religião, de língua pode trazer ódio, perseguição e morte. ELSA, narrativa de João Tordo, retrata exemplarmente a vida de um emigrante africano numa sociedade multicultural como a britânica, tradicionalmente acolhedora e, simultaneamente, segregadora… o apartheid continua vivo, apesar de politicamente inaceitável…

PS: A D. Quixote lançou, em 2009, a antologia “Em Busca da Felicidade”, constituída por dez “flores”, apesar de algumas já terem nascido murchas. No entanto, vale a pena colhê-las.

/MCG

26.3.11

Apesar de…

Apesar da chuva e da sombra, Mação não esquece a música.

( Chove intensamente e o Tejo, aqui ao lado, parece agradecer!) 
Apesar da Isabel Alçada, dos sindicatos, do Parlamento…, a escola primária reinventou o presente.

(E esperemos que a chuva dê vida às árvores de Mação, antes que a canícula chegue!)
Na barragem, a água presa…

por cima, a água solta!
A barragem, vista de longe, parece um comboio azul da CP, em greve…
( De perto, as comportas ignoram o desacerto do país…)
Entretanto, por perto, o país, ocioso, continua a encher o bandulho…

24.3.11

Al-quadus (balde de nora)

Ainda não passaram 24 horas, mas já se enxerga um alcatruz alaranjado cheio de professores! Quantos são? Quantos são?

Entrámos na Primavera laranja!

Resta saber se também fazem aprovar a demolição de todos os gabinetes, entretanto, criados para gerir e supervisionar o processo de avaliação!