9.4.11

Um relógio?

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Por esquecimento ou deliberadamente, o relógio oferece-se ao primeiro apressado que por ali passe.

Como passei sem pressa, deixei-o ficar! Talvez o dono o venha buscar… ou já não tenha mais TEMPO!

Définitivement, j’ai retrouvé le temps de mon pays!

8.4.11

Nós…

Não vale a pena fugir, partir para outro lugar. A solução está em nós: a nossa presença é suficiente para determinar o objectivo. Se traçarmos o rumo podemos levar uma vida a percorrê-lo; ter, por vezes dúvidas, mas o caminho não se desvia, continua à espera que o percorramos.

Claro está que podemos querer seguir por atalhos, encurtar o caminho, mas essa é uma decisão reactiva em que o outro já está a mais e nos surge como responsável pela nossa desorientação…

7.4.11

Todo este país é muito triste…

SEGUNDA — (…) De resto, fomos nós alguma cousa?
PRIMEIRATalvez. Eu não sei. Mas, ainda assim, sempre é belo falar do passado... As horas têm caído e nós temos guardado silêncio. Por mim, tenho estado a olhar para a chama daquela vela. Às vezes treme, outras torna-se mais amarela, outras vezes empalidece. Eu não sei por que é que isso se dá. Mas sabemos nós, minhas irmãs, por que se dá qualquer cousa?... (uma pausa)
A MESMA — Falar do passado — isso deve ser belo, porque é inútil e faz tanta pena...
SEGUNDA — Falemos, se quiserdes, de um passado que não tivéssemos tido.

(…)

SEGUNDATodo este país é muito triste... Aquele onde eu vivi outrora era menos triste.

Fernando Pessoa, O Marinheiro

São quatro donzelas, uma morta e três vivas, mas podia ser ao contrário: três mortas e uma viva; ou apenas, UMA, debruçada sobre si, num gesto plangente de rejeição do presente e de reinvenção de um passado outrora feliz…
É esse o tom de toda a obra pessoana decalcado de um país moribundo que insiste numa identidade tão longínqua que cada vez mais se esfuma na bruma…

Deste modo, sobra o gesto fingido da revelação de novas existências capazes de estimular o imaginário colectivo se este não estiver definitivamente enterrado no areal europeu…

Interpretando o sonho pessoano de tornar o outrora-agora, o grupo de teatro  da ESCamões mostrou-me, na última 2ª feira, que só a criação de novas existências pode contrariar a ideia de que Todo este país é muito triste… 
Em termos de produção dramática e ensaística, bem poderíamos tentar responder à pergunta: – Depois de Pessoa, Fomos nós alguma cousa?

6.4.11

Irreversibilidade…

O FMI VEM AÍ!

No entanto, falta cultura aos partidos para perceberem o que isso significa. E porquê? Porque descuram a experiência dos mais velhos, porque recusam o ensinamento da História. As novas gerações ignoram por inteiro os dramas vividos pelos portugueses desde, pelo menos, a independência do Brasil.

O passado tornou-se fonte de escárnio, de riso, de indiferença; acredita-se na magia dos novos gadgets  e pensa-se que a informatização dos procedimentos e a robotização das atitudes tudo redimirá…

A aceleração da modernização tem tido como consequência não só um endividamento trágico, mas, sobretudo, a delapidação de um património de valor incalculável – património físico, edificado e humano…

E o que é que nos espera? Se não houver renovação da classe política, cairemos numa depressão irreversível!

( O deslumbramento foi-nos destruindo paulatinamente; tudo em obediência à lei do menor esforço que alguns confundem com o optimismo ou,em último caso, com a felicidade! O FMI VEM AÍ!)

2.4.11

O desvio de Alexandre Herculano


Cansado de lidar com a imbecilidade política da época, Alexandre Herculano refugiou-se em Vale de Lobos. Não sei se terá semeado alfaces. Sei, todavia, que as ferramentas que utilizava não eram muito diferentes das que possuo.

E uma coisa posso garantir: quem se entrega ao trabalho da terra deixa de ter tempo para acompanhar a intrigalhada que nos destrói a nação…

1.4.11

Videirinhos…



O «rating» português está à beira de ser classificado como LIXO! E tudo porque não sabemos valorizar o capital simbólico. Governados por especuladores sem alma, perdemos, a cada dia que passa, os valores e o património edificados durante um milénio.

Incapazes de banir os videirinhos que já se aprestam a manter ou a reconquistar as cadeiras do poder, continuamos a assistir ao descalabro económico e financeiro do país sem perceber que é tempo de lançar mãos à obra.

Em termos imediatos, precisamos de aprender a identificar os videirinhos,  afastando-os do poder nas eleições de 5 de Junho.

E outra  forma de inverter a presente situação passa pela criação de um movimento geral de rejeição das importações. Há um número ilimitado de produtos (e de ideias!) supérfluos de que podemos facilmente abdicar!

E para delinear essa estratégia , precisamos de novos governantes para quem o capital simbólico represente um trunfo e não um fardo!

31.3.11

De volta… a Sintra


Depois de acompanhar cerca de 100 alunos pelas velhas ruas de Sintra, seguindo a lição queirosiana, regressei à Lagoa Azul, onde voltei a encontrar as velhas tartarugas. Há 20 anos, eram três ou quatro; hoje seriam, mais de vinte.

No essencial, pouco tem mudado. As marcas de revivalismo mantêm-se, apesar das ruinas de alguns edifícios, o que significará  que os novos ricos ainda não estão suficientemente ricos… Lá chegaremos!


Na vila velha, o número de turistas jovens é cada vez maior. Hoje, escolas portuguesas, espanholas e alemãs cruzaram-se a caminho de Seteais. Em passo de corrida, olhando à direita e à esquerda. Mas vendo o quê?

(A circulação automóvel continua catastrófica; infelizmente, a mobilidade dos autocarros é mínima… e os passeios são tão apertados que os transeuntes arriscam  ser atropelados!)