11.7.11

Pelas alminhas do Purgatório!

À consideração do ministro Nuno Crato que está a repensar As Novas Oportunidades (e não só!):

Em 1946, in ALDEIA, Aquilino Ribeiro pronunciava-se assim: «As  chamadas Escolas Industriais e Comerciais fabricam uma espécie de bacharéis às grosas. O que se recomenda é que façam artífices, bons e completos operários. Para isso haveria que reformá-las e criar nas cabeças de concelho escolas de arte e ofícios, individuadas conforme a fisionomia económica da região.»

Se o senhor ministro lesse Aquilino, chamava os presidentes das câmaras municipais e começava por  solicitar que lhe caracterizassem o tecido económico de cada região e só depois decidia o que fazer às Novas Oportunidades, aos Cursos Profissionais e outros que tais…

e fugia a sete pés dos famigerados portfólios prenhes de retábulos das alminhas do Purgatório e de mãos postas…

De nada serve querer reformar (poupar) se não se vê um palmo à frente do nariz!

10.7.11

No Gerês

Bernardo Santareno n’ O Judeu, e José Saramago, no Memorial do Convento, dão-nos uma imagem de um D. João V grotesco. Ou será a imagem que é grotesca?

Quando a Literatura se apodera da História em tempo de decadência, corre-se o risco de que a primeira, ao serviço de preconceitos ideológicos, molde de tal forma o imaginário do leitor que este fique incapacitado de interpretar a “realidade”, entendida como o conjunto das coisas, boas ou más…

Vêm estas considerações a propósito da nota solta: Uma capela em honra de Santa Eufémia, foi mandada edificar por D. João V, em 1733, aliás, o monarca que mais se interessou pela termas, construindo um hospital, residência para médico, boticário, capelas e poço para banhos termais.

Por outro lado, pensando ainda no leitor que não consegue distinguir as sensações dos sentimentos, creio que o melhor é viajar até ao Gerês. Aqui, predominam a cor e o som – as sensações auditivas e as sensações visuais. No lugar onde me encontro, diria que o som da cascata esmaga os verdes da floresta. Quanto ao olfacto, o eucalipto leva a palma ao restante arvoredo, mesmo ao vidoeiro…

Do tacto é melhor não falar, apesar de agora me lembrar que Almeida Garrett não resistia às nervuras das pétalas das rosas, e que Pessoa enamorado da música do romântico e do cérebro de Pascoaes, se atirou às sensações como se a razão nada mais lhe oferecesse como comboio de corda… Afinal, o problema de muitas pessoas é que continuam a criar os seus países, como se lá fora nada existisse!     

9.7.11

À nossa frente…

O sol escasseia. Das aves, não há notícia! A água segue o seu caminho… enquanto a velha senhora espreita os novos vizinhos. Poucos e silenciosos. Alguns regressam ao cair da noite – são belgas e ingleses. Apenas a rádio ‘Fundação” transmite música inglesa, indiferente à presença dos belgas…, embora de hora a hora repita: “à nossa frente só está você!»

/MCG


6.7.11

A causa pública

A um político só fixo o nome a partir do momento em que me convenço que este serve a causa pública. E hoje faleceu uma das poucas mulheres cuja acção política despertou há muito a minha atenção: Maria José Nogueira Pinto. Na minha memória, está agora sentada ao lado de Maria de Lourdes Pintasilgo.

Sempre lhes admirei a convicção e a coerência!

5.7.11

Exemplo…

MOODY'S CORTA 'RATING' DE PORTUGAL PARA 'LIXO'.

Eis um título que, de forma exemplar, dá conta do lugar de Portugal no mundo: o caixote do lixo. Metonimicamente, o “caixote” desaparece para ficar apenas a metáfora em que Portugal soçobra definitivamente. Já nem a língua portuguesa nos salva!

A tirania de agências, como a “moody’s’”, deveria servir para nos questionarmos sobre as nossas opções: ou lutamos por uma república federal europeia ou abandonamos a união europeia e, consequentemente, o euro.

O que não se pode aceitar é que diariamente sejamos humilhados e, sobretudo, devemos combater a política de terror que nos está a ser imposta.

3.7.11

O argumento…

Nas eleições legislativas de 5 de Junho, 85% dos votantes sufragaram a solução dos credores.’ É este o argumento que dá início à ditadura democrática, porque a partir da agora só nos resta pagar e calar. Qualquer desacordo vai ser visto como inoportuno e como causa próxima do falhanço que nos ameaça.

Uns tantos passarão a manifestar-se nas ruas em defesa das “conquistas de Abril”, indiferentes à nova ideologia. Para esta, no entanto, a causa remota, está nessas mesmas conquistas.

Apesar de metade da população não ter votado nas recentes eleições, está aberto o caminho para a gestão do terror porque, aparentemente, 85% dos portugueses apoiam as medidas que os condenam à pobreza.

Em nome da transparência, criam-se e propagam-se falsas evidências. O cilindro da propaganda já está no terreno: abençoam-se os princípios e os objectivos, na expectativa que as estratégias sejam convincentes e os custos diminutos.

No caso das estratégias falharem, resta o recurso à força. ‘85% dos votantes sufragaram a solução dos credores.’    

1.7.11

Nem a sorte nem a magia…

«-Não podemos falhar! Não podemos falhar!» Um enunciado a considerar nas fórmulas mágicas da afirmação de impotência…

Em vez da aposta no trabalho e na contenção, preferimos o esconjuro dos padres da igreja a que nos acolhemos. Quase que apetece gritar que É a hora! mas ficamos por: É o momento!

Fica, todavia, uma dúvida razoável: Não podemos falhar em quê? Para Eça, seria a vida! E para nós, há alguma coisa mais importante do que a vida? Não seria melhor, de uma vez por todas, admitir que falhámos como nação!

Nem a sorte nem a magia nos tirarão do açude em que tombámos, mas talvez pudéssemos aproveitar para criar umas trutas!