31.10.11

O Terror

Nunca soube se foi o Terror que criou o terrorismo se é este que visa instalar o Terror. De qualquer modo, durante muito tempo, o terrorismo era a estratégia das minorias, a estratégia dos descamisados contra os totalitarismos, revelando, quase sempre, uma máscara libertária…
Hoje, porém, o Terror passou a ser o objetivo dos governantes. Todos os dias, anunciam cortes a torto e a direito. De forma errática,  tomam decisões que visam desertificar o país, chegando à insensatez de aconselhar os jovens a emigrarem. Pensam, talvez, que um novo fluxo migratório lhes traria uma renda capaz de travestir a realidade, como aconteceu nos finais do Estado Novo.
Os guerrilheiros da educação dedicam-se à sabotagem, dando entrevistas cirúrgicas cujo único objetivo é aterrorizar os docentes, ameaçando-os com o desemprego ou, simplesmente, com alteração das condições de trabalho. Sobre a revisão e o incremento de  uma matriz curricular ajustada à realidade atual, nada se faz de forma fundamentada; apenas avançam medidas avulsas que atingem quem não tem voz porque a precariedade é a sua forma de vida.
Entre a ministra Maria de Lurdes Rodrigues e o Ministro Nuno Crato a diferença é só de escala: Se a primeira generalizou a instabilidade entre os docentes, o último está encarregado de demolir o sistema educativo, minando-o diariamente…
E a máscara do Terror continua a ser libertária! Até quando?

29.10.11

Alexandre Herculano - o anonimato



Cada vez que passo, lembro a visita que, um dia, fiz ao quarto de Alexandre Herculano. Uma cama insuficiente para acolher o homem!

À beira-estrada, era possível ver que ali, na Azóia de Baixo, na Quinta de Vale de Lobos, residira um homem ilustre, que terminou os seus dias, longe da Corte, a produzir azeite – herculano. Um belo exemplo de civismo!

Hoje, para quem passa, não há uma placa que assinale o lugar onde o historiador se refugiou, apesar de por lá terem sido plantadas, a partir de 1999, 150.000 oliveiras num sistema de rega importado do Canadá.

Sugestão: Se ainda é o senhor Joaquim Santos Lima que dirige a exploração, peço-lhe que aproveite umas gotas dos subsídios que recebe da União Europeia para assinalar aos transeuntes que  ali se produz um  azeite com tradição,  mas, também, que por ali paira o espírito de Alexandre Herculano.

E já agora acrescento que também não gosto de ver uma ponte romana escondida por um canavial por entre o qual corre uma água suja que aparenta não ter apenas origem nas recentes enxurradas…

/MCG

27.10.11

Andaimes…

Interioridade e exterioridade são apenas andaimes - metáfora labiríntica da impotência.

Construímos portas e pontes, apenas para experimentar entrar e sair. Tantas vezes, repetimos o gesto que morremos!

Traídos, quando o andaime falta…

26.10.11

Três minutos…

1 - O cientista político arregala os olhos e grita: - Deixem-se de considerandos sobre as causas da ruína da pátria porque, agora, é tempo de empobrecer! O nosso programa só tem um sentido – empobrecer!

No fundo a nova ciência política está a ressuscitar o mito salazarista de «quanto mais pobres mais ricos».

2 – Há decisões difíceis, mas que, por vezes, nos iluminam o dia. E isto só acontece quando cada decisor faz o seu trabalho de forma rigorosa e isenta; só acontece quando cada um consegue suspender os afectos (positivos ou negativos) e aplica rigorosamente os critérios previamente estabelecidos pelo grupo de trabalho.

3 – Razão ou preconceito, sombras há, no entanto, que se nos atravessam no caminho e nos deixam a pensar sobre a ambiguidade do gesto, da palavra, do movimento. Sobre a influência que podem ter na formação dos jovens…

25.10.11

Insensatez…

Acordar às 5 h e 15 minutos para preencher uma ficha de observação de uma turma é certamente prova de insensatez, sobretudo quando o patrão corta vencimento, subsídios de férias, de natal e congela progressões na carreira.

E a insensatez é tanto maior quanto esta obrigação resulta da necessidade de compensar o tempo gasto a apreciar as mil “evidências” que mostram que somos um país de vassalos excelentes, no caso, de professores… Ou talvez não?

Com tanta excelência, ainda não aprendi a distinguir os «objetos verdadeiros» dos «objetos falsos»! E, acima de tudo, neste tempo de respigar, ainda não aprendi que o que resta não chega a ser literatura!

Agora, sim, é hora de acordar!

23.10.11

A respigar…

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Devagar e a caminhar, avisto o que parece não fazer falta, mas sem ele os dias seriam todos iguais! Bolorentos!

22.10.11

Respigador

 

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Respigo as sobras;  algumas sabem-me a epifania.

- Que mais posso desejar?

- Talvez, ver-me livre das moscas! Mas elas já aprenderam a respigar há mais tempo…