Em silêncio, os mitos fundadores: D. Afonso Henriques e o milagre de Ourique.
Um olhar despreconceituado… ou talvez não. A verdade é tudo o que nós ignoramos.
28.2.14
Os dois poderes
27.2.14
Ideias... boas, más!
As ideias não são boas nem más!
Há ideias que trazem paz e outras, sangue...
Entre ambas, pouco há a dizer.
Há ideias que trazem paz e outras, sangue...
Entre ambas, pouco há a dizer.
O Poeta, no entanto, em tempo de abulia, lá ia recitando: «Nem paz nem guerra / nem lei...»
O resto é Disputa!
25.2.14
Ofuscados
Há quem teça para se esconder, apenas a paisagem espera que taciturnos figurantes a atravessem. Sob o arco, de costas para as colunas, os olhos ofuscados adivinham a forma da muralha alcandorada num tapete verde que, do lado invisível, se precipita para o mar adiado...
O arco pode ser do triunfo e ter sido construído para celebrar a chegada de joaquina e joão. O Povo apinhado, olhos ofuscados pelo esplendor não deixaria de celebrar as vestes reais.
Na retina, grupos juvenis, sentados no empedrado, ainda procuram sob a moldura os dourados que descem do sol e, por momentos, fica a sensação de que no lugar do carvão deveria estar o ouro ou a lágrima da moura expulsa da alcáçova...
Não muito longe, a torre sineira, sem cabaça, dá notícia da masmorra... e eu deixo de fora uma mão que vai afagando os pés de algum transeunte inseguro, mesmo que possa acabar exposto no pelourinho fronteiriço à gula da real.
Perante a prosápia que hoje tive que suportar, nem o marquês nem maria, nem joão nem joaquina, com ou sem bigode, serão capazes de me fazer descrever a viagem do maestro ao volante de um fulminante chevrolet...
24.2.14
Bem-vindos à plastisfera do Teste intermédio
Ao contrário da caruma, o plástico não é biodegradável. Aos poucos, o planeta vai sendo plastificado e a caruma mais não é que acendalha involuntária.
Na pessoana ilha extrema do sul ainda haveria caruma, apesar do poeta, cedo, ter prescindido do leito vegetal em que os amantes saboreariam o leite de coco... Em Pessoa, o amor é antecipadamente plastificado... e nem o luar o pode alegrar nem atear.
Já para o Príncipe dos Poetas não se podia viver que, a todo o momento, lhe podiam furtar a esteira, a escrava, a pena e o tinteiro, sem esquecer a própria vida... O que ele mais temia era o céu sereno, isto é, plastificado, porque a sua impassibilidade escondia a perfídia que lhe roubaria a amada e a deitaria ao abismo.
Quanto ao imperador da língua portuguesa, ao plástico preferia o cartão! As naus da Índia, da Soberba, da Vingança, da Cobiça e da Sensualidade jazem num mar de sargaços...
Da alegoria fingida, os autores do Teste Intermédio não quiseram ver o que se esconde por baixo do terraço e por isso eliminaram a Nau da Cobiça e a Nau da Sensualidade. Eliminaram as figuras de autoridade e mataram a competência argumentativa de Vieira... talvez porque pensassem recuperá-la no Grupo III: « Defenda um ponto de vista pessoal sobre o papel que a palavra pode assumir no mundo atual.»
- Um belo exemplo de enunciado plastificado!
23.2.14
"Individadamento" e autofagia
«... e os bonitos, ou os que querem parecer, todos esfaimados aos trapos; e ali ficam engasgados e presos, com dívidas de um ano para outro ano e de uma safra para outra safra, e lá vai a vida.» Padre António Vieira
Pouco interessa o século, pouco interessa o Sermão! No essencial, nada muda na exploração, na vaidade e na dívida. Para evitar males maiores, já deveria ter sido criada uma disciplina que ensinasse a história da dívida aos jovens deste país. E, assim, já estariam familiarizados com o campo lexical da dívida, evitando erros desagradáveis, porque o erro não resulta apenas de disléxica teimosia, interna desatenção, rebaixamento social...
Apesar da dívida ser tema nacional, alguns dos meus alunos preferem escrever "individados" a endividados. E temo que, um dia destes, os novos gramáticos, se tal categoria ainda sobrevive, legitime, após aturada análise estatística, a opção "individados". Explicá-la-ão como resultado de um processo fonológico de assimilação completa, pois terá obedecido à lei do menor esforço e, sobretudo, a um ato de autofagia...
22.2.14
CARUMA deveria extinguir-se hoje!
CARUMA deveria extinguir-se hoje!
Em 2005, a caruma era tapete para a autocaravana que iria acompanhar-me na reforma logo que chegasse aos 36 anos de serviço efetivo. Em 2005, ainda parecia possível viajar, conhecer os lugares mais recônditos, aproveitar a vida antes que ela desfalecesse...
Só que ainda em 2005, tudo começou a mudar para pior. As leis tornaram-se voláteis, colocando-se ao serviço do oportunismo político do momento. De lá para cá, a remuneração não parou de diminuir, os preços dos combustíveis e das portagens não pararam de aumentar. As regras da aposentação deram paulatinamente lugar a novas regras: o cálculo do valor da reforma foi mudando e valor a auferir diminuindo sob o ditact da TROIKA.
Entretanto, a autocaravana foi-se imobilizando e tornou-se uma fonte de prejuízo, facto que retirou a caruma de cena... agora já era só asfalto.
Assim, no dia em que Passos Coelho vê um futuro radioso, a autocaravana partiu, e eu vejo-me obrigado a antecipar a reforma, com a penalização que os políticos do momento decidirem... O problema é que a Nau vai cheia de desiludidos como eu!
Doravante Caruma continuará, mas sem chama...
21.2.14
Praxistas mamões
«Cortámos aos que têm mais para poupar os que têm menos!» O democrata Passos Coelho dixit.
O princípio parece correto, cristão e até social-democrata, agora que a social democracia quer voltar a esconder o partido popular democrático...
O princípio também parece decorrer da doutrina social da igreja e até o papa franciscano não lhe poderá ser indiferente!
O problema é que o corte é cego e repete-se duas a três vezes ao ano, sem dar conta que, entretanto, muitos dos que tinham mais passaram a ter menos e que alguns dos que pareciam ter menos têm agora mais e, principalmente, que há uns tantos que passaram a ter muitíssimo mais.
O termo MAMÃO não é muito elegante, mas serve para designar dois grupos fraternos que se têm multiplicado à sombra da social democracia - o dos que não param de mamar e o dos parvos.
De qualquer modo, a simples ideia de que governar é cortar a torto e a direito só pode pertencer a alguém que nunca percebeu o ideário social democrata ou a doutrina social da igreja.
Enfim, estamos a ser governados por praxistas mamões! Só resta saber se sado-masoquistas, se ressabiados...
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