6.8.14

Na serra da Aboboreira





Fui à procura de pedras funerárias e olhem o que encontrei… E ainda recebi um telefonema do Diretor a informar-me da decisão do MEC. Ao que entendi, se não me apetecer dar aulas, no próximo ano letivo, posso continuar por aqui. O solo parece fértil, os arroios correm sorrateiros e não deve ser difícil seguir o caminho das feras… Quanto a alimento, sempre poderei descer ao povoado pela calada da noite…

5.8.14

A mesa

Em cima da mesa
um par inútil de lentes
um relógio de aniversário
notícias absurdas do dia
versos em prosa interrompidos

 

Por cima da mesa
sol vozes
sons vibrantes e descontinuados

 

Ao lado da mesa
ainda com sol
cadeiras brancas
um cão invisível que ladra

 

Através da mesa
uma lapiseira que goteja
panos enfunados
uma motoreta que arqueja

 

Para lá da mesa
no lugar de um velho papagaio
imitador de sons vibrantes e descontinuados
só ouço distante o sino das 19 horas

 

Por enquanto atrás da mesa branca sem sol
espero o papagaio da voz vibrante e descontinuada…

Ilusões forçadas



Fico surpreendido ao olhar as duas fotografias. Na primeira, nem o jovem parece correr nem o mais velho parece estar parado. No entanto, na segunda, o jovem alcança o mais velho. Como? Na sequência, pensava que apenas um segundo separaria as duas imagens…

Na vida, as coisas não são muito diferentes. Até há pouco tempo, pensava que conhecia relativamente bem a transição da primeira república para o estado novo. Tudo me parecia ter decorrido com uma certa celeridade. Só que ao ler o primeiro volume de Salazar , de Filipe Ribeiro de Menezes, começo a perceber que a minha percepção da realidade histórica é demasiado frouxa e está contaminada quer pela propaganda do regime salazarista quer pela diabolização do regime democrático.

E é pena que tal me esteja a acontecer, pois é um pouco tarde para poder intervir na barbárie mental que nos rege… Tal como na minha infância havia uma casa das cobras na torre sineira da aldeia, hoje também há em nós um banco velho cheio de víboras…

A solução está em voltar-lhe as costas! Quanto às víboras, elas que se envenenem umas às outras!

4.8.14

O destino

O Douro sempre por perto! E eu gasto o dia entre o socalco e a margem, ora a pé ora de carro. As palavras do Porto Antigo parecem sorrir-me; o mesmo acontecera na Venda das Caldas. No entanto, eu vou pensando no destino: uns nascem entre pedras e outros medram nas veigas e nas lezírias...
Em rigor, nasci na terra seca, entre a serra e a lezíria. E a água sempre me fez muita falta, de tal modo que, mesmo no verão, não me importa que chova...
E, hoje, pouco mais quero acrescentar, pois creio que também deve ter sido por decisão do destino que terá nascido o NOVO BANCO - um banco elíseo...
/MCG

3.8.14

De Tormes à Régua

Marcas de um passado produtivo e de um presente ocioso, impreparado para garantir o futuro desta luxuriante região.
Os sinais continuam a ser de uma economia de subsistência  subjugada por obras palacianas.

2.8.14

Eça revisitado: Casa-Museu Eça de Queiroz





A visita à Casa-Museu EÇA de QUEIROZ ajudou-me a compreender que, afinal, o homem exagerava nas queixas quanto à austeridade em que se via obrigado a viver. Eça era um cosmopolita que gostava de viver como tal; de requintado gosto e fino paladar, fruía os prazeres que a vida lhe podia trazer e, provavelmente, experimentava-os ou antecipava-os através das personagens que foi criando…

A visita à Casa-Museu permite que me desfaça da ideia que Pessoa quis impor: a de que o cosmopolitismo de Eça seria fruto do deslumbramento do provinciano…

1.8.14

Portela de Gôve



Podia ser, mas não é! Tem paisagem natural ou tinha. Mas alguém decidiu escondê-la. Só espreitando por entre as edificações, construídas ao sabor do capricho dos donos… Planeamento?!!

Primeira impressão, num dia de verão cinzento. Exceção: A Casa do Almocreve – acolhedora e bem decorada.