31.12.14

O que dizer de 2014?

Mais dívida, mais mentira, mais corrupção, mais precariedade... 

Há quem afirme que o desemprego está a diminuir, mas ninguém comprova. Há quem afirme que os portugueses estão a levantar mais dinheiro, mas ninguém explica quanto é a crédito.

No que me diz respeito, para além de estar mais velho, as despesas com a saúde aumentam, as despesas com apoio a familiares crescem. Os encargos financeiros são cada vez maiores e os rendimentos são cada vez menores.

O meu caso só é significativo porque, infelizmente, ele é a expressão da situação vivida por um número cada vez maior de portugueses.

Como não alimento esperanças sebásticas, desejo a todos um 2015 com saúde e juízo.   

30.12.14

A mentira na primeira página… a rectificação na página 4


Natal de Costa

«Ao contrário do que o i noticiou na edição de ontem, o líder do PS António Costa não passou o Natal a 30 quilómetros de Évora, em Montemor-o-Novo. Pelo erro pedimos desculpa aos leitores e a António Costa.»

Como leitor, gostaria de conhecer o critério editorial que permitiu tamanha asneira. A não ser que não se trate de disparate, mas de propósito bem diverso: pôr em causa a idoneidade do secretário-geral do Partido Socialista

Será que José Sócrates tem razão? A «infâmia» visa desqualificar quem possa fazer sombra a quem nos desgoverna…

29.12.14

Diário de Notícias 150 anos, imperdível...

«Escripto em linguagem decente e urbana, as suas columnas são absolutamente vedadas á exposição dos actos da vida particular do cidadão, ás injúrias, ás alusões deshonestas e reconvenções insidiosas. É pois um jornal de todos e para todos - para pobres e ricos de ambos os sexos e de todas as condições, classes e partidos.» Excerto do Editorial da primeira edição, 29 de dezembro de 1864.  

Do editorial de Eduardo Coelho, gostaria de destacar um princípio: o respeito pela vida privada. Se hoje esse princípio fosse aplicado quantos órgãos de  comunicação social sobreviveriam?

O número de hoje é imperdível! Vai levar tempo a ler. 

O DN convidou 15 dos principais autores portugueses a regressar a um dia dos últimos 150 anos... António Lobo Antunes (22 de Junho de 1971), Afonso Cruz (E o dia é: hoje); António Mega Ferreira ( O meu 5 de Outubro), Gonçalo M. Tavares ( 24 de Junho de 1914 - Diálogos), Hélia Correia (Paris, 29 de Maio de 1913), J. Rentes de Carvalho (8 de Maio de 1945), Lídia Jorge (Nevão de 1954), Luísa Costa Gomes (17 de Maio de 1959), Manuel Alegre (31 de Maio de 1958), Maria Teresa Horta (Aquele dia mágico de Janeiro de 1960), Mário de Carvalho (16 de Maio de 1958), Mário Cláudio (6 de Novembro de 1941), Miguel Sousa Tavares (7 de Junho de 1944), Nuno Júdice (29 de Dezembro de 1935), Valter Hugo Mãe (12 de Agosto de 1978)...

E não só! 

28.12.14

Não há favores sem amigos

Os jornais noticiam as dívidas dos governantes e ninguém coloca dúvidas...
Como é que o vencimento de um ministro ou de um secretário de estado suporta empréstimos no valor de 300.000 ou 400.000 euros? Quem é que avalizou tal procedimento a longo prazo? 
Será que, também, têm amigos prontos a abrir os cordões à bolsa, começando por lhes 'adquirir' o património?
Os amigos em Portugal são verdadeiros filantropos. Basta pensar naquele amigo que deu uma prenda de 14 milhões de euros e naquele outro que paga todas as contas, sem exigir contrapartidas...

E não há só amigos, há também instituições amigas. Fundações, institutos e organismos, como a Caixa Geral de Aposentações. Esta vai ao ponto de telefonar a quem solicitou a aposentação em 2012, perguntando se afinal deseja aposentar-se no final de 2014 ou prefere fazê-lo lá para o verão de 2015... sempre à luz da lei orçamental de 2012...
O gesto é simpático, mas quem pediu a aposentação em 2013 ou em 2014, mesmo se com mais anos de serviço, é fortemente penalizado pela Lei da convergência de pensões...
A Lei nº 11/2014, de 6 de Março, passou a ser aplicada a quem solicitou a aposentação em 2013 e deixa de fora aqueles que o fizeram em 2012... e que, por favor amigo, vão adiando a saída...


27.12.14

Certezas improváveis

I - João Perna cumpria escrupulosamente aquilo que lhe pediam. E se lhe entregavam o que quer que fosse, embrulhos, pacotes, malas - e não estou a dizer que ele transportava, mas se transportasse - ele nunca iria abrir o que quer que fosse. Ricardo Candeias, i, 27.12.2014

Em síntese: João Perna não saberia o que quer que fosse.

II - D. António Monteiro, bispo de Aveiro, em entrevista a Rosa Ramos, i, 27.12.2014:
Queria ser bispo?
De maneira nenhuma.
Porquê?
Quando sentimos o chamamento é para o sacerdócio e realizamo-nos como padres. O ser bispo... é a Igreja que nos chama. Ser padre é uma vocação e ser bispo também tem de ser, mas enquanto eu escolhi ser padre não escolhi ser bispo. escolheram-me. E digo muito honestamente que estava longe das minhas ideias e dos meus propósitos. Nem nunca imaginei. 

...Pois, eu conheci um padre que abandonou a vida sacerdotal porque a Igreja não o escolheu como bispo...
Enfim, a modéstia pode ser uma arte!

III - Isabel Stilwell, Números Sem Espinhas, i, 27.12.2014

a) A maioria dos adolescentes portugueses vive com o pai e a mãe, ambos empregados. E vivem bem..
b) A maioria está contente com o corpo que tem, as raparigas menos...
c) Na escola, gostam mais dos intervalos... e menos das aulas e da comida da cantina...
d) A maioria dos rapazes joga meia hora ou menos por semana, usando o computador para conversar, aceder à internet e fazer os TPC, durante uma três horas por semana...
e) 89% dos adolescentes dizem que nunca estiveram envolvidos em cyberbullying.
f) 84% nunca experimentou tabaco; 59%, álcool; 94%, drogas ilegais.
g)8,8 numa escala de 10, sentem-se muito apoiados pela família...

Nas palavras de Isabel Stilwell, estes dados fazem parte de um dos «estudos mais rigorosos ao comportamento dos adolescentes», o Halth and Behaviour in School Aged Children, coordenado em Portugal pela professora Margarida Gaspar de Matos.

26.12.14

O Livro do Ano, de Afonso Cruz

Bastam 30 minutos para ler O Livro do Ano, de Afonso Cruz!
Desde que saibamos escrever o nome e a morada, estaremos aptos a ler os pequenos textos. E se não soubermos ler, poderemos observar as ilustrações...

Bastam 30 minutos para ler O Livro do Ano, de Afonso Cruz, a não ser que comecemos a saborear cada registo dos dias e das estações.

Saborear e não comer ou devorar como fazem «os senhores do Instituto das Pessoas Normais»!



É um livro que se recomenda a si próprio, sobretudo para os dias frios de Dezembro: 

«Para aquecer o corpo, o melhor 
é uma lareira. Mas, para aquecer
a parte de dentro do corpo,
o melhor é ler.»

É um livro para todos e, especialmente, para os amantes de poesia e de fotografia:

«Nunca podemos tirar uma fotografia ao presente,
pois ainda temos de a revelar ou digitalizar.
A pessoa na fotografia é sempre mais nova
do que a pessoa retratada, não é?
É, disse o meu irmão, o melhor que conseguimos
fazer é fotografar o passado.»
  



25.12.14

É noite de Natal!

Ainda não deve ter feito 30 anos, encostado ao capot de um automóvel numa rua mal iluminada, cabeça descaída, parece dormitar. As mãos tremem-lhe incapazes de alcançar os pertences espalhados sobre o veículo...
As sombras abatem-se sobre o lugar, os carros deixaram de circular. Duma varanda, elevam-se ritmos tropicais. Na esplanada mais próxima, dois indianos bebericam, alheados...
O rapaz sem nome continua tão só que se torna impossível saber se ele tem consciência disso...
É noite de Natal!