6.6.17

Começo a compreender

Começo a compreender por que motivo o Mal se tornou minúsculo e creio que até o Supremo Bem segue pela mesma estrada. 
Também a História já se tornara minúscula, sem esquecer Deus que cedeu a maiúscula à multiplicidade de representantes que vão edificando templos ( e não o Templo!) a cada esquina...
Alguém me explicou que os intelectuais abdicaram face à proliferação da descabelada opinião em que um corte de cabelo é mais importante do que a multidão faminta que se deixa asfixiar nas lixeiras...
Começo a compreender que alguém possa esbracejar além da vidraça porque, apesar de tudo, não se pode ser arruaceiro sozinho...
Começo a compreender por que motivo há uns sindicalistas que querem «um compromisso do governo para negociar um regime especial de aposentação para os docentes, ao fim de 36 anos de serviço, sem penalização
De qualquer modo, penso que todos sabemos que um compromisso é uma coisa minúscula! 

5.6.17

As sementes do Mal

Vários países árabes estão a cortar relações com o Qatar por causa de supostos comentários feitos pelo emir do Qatar, Tamim bin Hamad al-Thani, que foram publicados no site da agência de notícias estatal por hackers.
Nesses comentários, o emir elogia o Irão como sendo um poder islâmico, rival da Arábia Saudita, criticando ainda Riade, capital da Arábia Saudita.
Qatar

Primeiro, Donald Trump vende 110 mil milhões de dólares de armas à Arábia Saudita... e agora os aliados dos Estados Unidos da América mostram-se ofendidos com os comentários do emir Tamim bin Hamad al-Thani... 
Uma guerra sunita- chiita vem mesmo a calhar! Mas para quem? As sementes do Mal proliferam... E a inteligência regride...

A sensação dos residentes aqui no Qatar está entre a surpresa e a preocupação depois de, esta segunda-feira, seis países terem anunciado o corte de relações com o país do Golfo Pérsico.
Com o fecho da fronteira com a Arábia Saudita, o Qatar perde a única rota por terra de importações de alimentos e materiais. Surpresa no Qatar

Nota: No Qatar, vivem (trabalham?) 1500 portugueses.

4.6.17

O que me escapa...

Alameda
 «As utopias pós-modernas são anarquistas. (...) Militam contra os objetivos definidos e os planos, contra o sacrifício que visa o benefício futuro, contra a satisfação diferida - contra todas as perspetivas de outrora que se alimentavam da ideia de que o futuro podia ser controlado, definido, forçado a observar uma forma antecipadamente traçada - o que tinha por efeito que as ações presentes de cada um fossem consideradas "grávidas de consequências".»
Zygmunt Bauman, A Vida Fragmentada...

Creio que Baumam se refere à utopia neoliberal e à utopia tecnológica, ambas libertas de qualquer perspetiva intencional...
Há nestas considerações qualquer coisa que me escapa pois, se não me engano, o anarquismo do início século XX, através da ação direta, visava eliminar o despotismo que governava o mundo, revelando assim uma perspetiva intencional.
Creio mesmo que, apesar da propaganda que tudo atribui ao estado islâmico, chegámos, hoje, a um ponto em que os projetos imperialistas se cruzam com a revolta imediata dos indivíduos que, ostracizados, não se importam de sacrificar a vida, não tanto porque procurem o eterno consolo das mil noivas, mas porque o presente é simplesmente insuportável.
O que é deveras preocupante é o modo como se vai diluindo o sentido de responsabilidade, instalando a deriva...

3.6.17

A globalidade e a universalidade


Jardim do Torel
«A modernidade pensou-se outrora universal. Representa-se, hoje, como global.(....) A globalidade é simples aceitação resignada do que se passa "lá fora"; um assentimento ao qual se mistura sempre a amargura da capitulação, ainda que adoçada pelas exortações auto-reconfortantes do tipo "se não podes vencê-los, junta-te a eles". A globalidade exila os filósofos, condenando-os, nus, ao deserto do qual a universalidade prometia emancipá-los.»
              Zygmunt Bauman, A Fresta Aberta no Véu.


Viver o momento é o lema! Pouco interessa se vamos hipotecando o futuro! E porque não, se a vida são dois dias!
Agora, os putos enchem balões e é quanto basta para verem o futuro a esfumar-se no instante... Decadentes, nem precisamos de saber latim. Carpe diem!
Jardim do Torel


2.6.17

Gostava de...

Gostava de ser otimista, com ou sem /p/, mas não consigo... subo e desço escadas em contramão, acelero e desacelero, em obediência a um fluxo imposto...
Gostava de ir à feira do livro, mas o fluxo humano desnorteia-me, e ver os autores expostos, entristece-me; lembra-me a feira da agricultura de outros tempos... e claro, saber que por ali se passeiam autores que o não são, aborrece-me... 
Gostava de dizer que sim a quem me sopra a canção do bandido, mas já não tenho tempo para me deixar arrastar para rotinas inúteis...
Gostava de premiar apenas aqueles que trabalham arduamente, mas se o fizesse ninguém compreenderia...
E sobretudo gostava de não ter chegado a este ponto, mas a leitura de pacote enfurece-me.

1.6.17

O clima de Donald Trump

Embora o acordo de Paris seja legalmente vinculante, não está prevista nenhuma sanção a países que não cumpram as estipulações.

Grato ao eleitor americano, o Senhor Donald Trump está-se, oficialmente, nas tintas para o clima do planeta. Diz que o que interessa é o emprego, a indústria, o comércio... Provavelmente, pela sua cabeça deve ter passado a ideia de que ao multiplicar o emprego, conseguirá acabar com a pobreza, a doença...
Eu até entendo este tipo de fundamentalismo, o que não compreendo é a passividade da inteligência americana.
De qualquer modo, ficamos a saber o que nos espera. Há, todavia, outro problema: o daqueles países que declaram aplicar o acordo de Paris, a partir de 2020, mas que objetivamente o ignoram... sem que haja qualquer tipo de penalização.

O problema da prioridade

Ontem, fui ver a peça Henrique IV, de Luigi Pirandello, espetáculo comemorativo do 45.º aniversário do Teatro da Comuna... bem encenado, bem representado, freudiano e nietzschiano... numa hora em que estas "autoridades" já tiveram maior e melhor receção...
A verdade é que o Pequeno Auditório do CCB oferecia um significativo número de lugares vagos... No entanto, como os lugares não estavam marcados, os espetadores formavam fila, à direita e à esquerda, enquanto as portas não abriam...
Hoje, cedo, desloquei-me à Gare do Oriente, onde decorrem umas obras mal sinalizadas e, para superar a rotunda, necessitei de 20 minutos. Porquê? Porque ninguém obedece à sinalização, não se importando de barrar a passagem...
Depois, passei pelo Lidl de Moscavide, e o problema da prioridade virou caricatura: os idosos do local discutiam acaloradamente quem é que tinha prioridade no atendimento - um tinha 84 anos, outra teria 84 anos e uns meses, mais atrás alguém gritava que tinha 87, sem esquecer a grávida não se sabia de quantos meses, e a senhora que, perante o impasse, se lastimava que ia perder o autocarro...
Apesar de tudo no CCB, tudo decorreu com maior tranquilidade, pois até tive oportunidade para fechar os olhos sem que ninguém protestasse...