7.6.18

Taciturno

Sobre Tácito, sabemos muito pouco. Até o apelido familiar pelo qual hoje é conhecido (Tácito/Tacitus) é um adjetivo que exprime algo como não manifesto, não expresso, reservado. O que podemos afirmar sobre a sua biografia e personalidade são em parte conjeturas que resultam do cruzamento de dados soltos entre a história do seu tempo e a sua própria obra histórica. Provavelmente nasceu em meados dos anos 50 d. C.; foi senador e chegou a cônsul (em 97) e procônsul da Ásia (110-113); fez parte da elite social e económica da Roma do Principado e alcançou o topo político que a sua época lhe oferecia. Abandonou a administração imperial para se consagrar inteiramente à História. Tácito


(De Cornelii Taciti, conservo a obra De origine et situ Germanorum, cuja leitura há muito abandonei, mas que volto a folhear…e verifico que tempos houve em que dei muita atenção aos lugares e aos costumes dos povos germanos…tudo em Latim)

Por estes dias, prefiro a reserva a pronunciar-me sobre as manobras em curso… Prefiro até revisitar Tácito, mesmo que a tarefa me imponha o recurso continuado ao dicionário…

6.6.18

No dia em que fui de férias

Neste dia 6, terminei mais um ano letivo. A opinião pública dirá que entrei de férias, indiferente ao período de avaliações que amanhã se inicia e ao período de exames que se avizinha e cujo termo está marcado para 31 de julho…
De qualquer modo, as boas almas não se cansam de me desejar "boas férias" e perguntar se volto para o ano, quer dizer, se, depois das férias, não me aposento…
O ano letivo que agora termina foi cansativo - um novo programa e novos alunos em fase de conclusão de ciclo. 
A verdade  é que me é difícil persuadir os alunos (nem todos, felizmente!) que ainda há qualquer coisa que, todos, podemos aprender. A dificuldade é fruto do convencimento de que temos ideias sobre tudo e que as nossas ideias são tão válidas como as alheias, mesmo que todas juntas não tenham qualquer préstimo…
Conceber uma ideia, experimentá-la, avaliar a sua pertinência não faz qualquer sentido para quem se habituou a "achar" que as ideias são inatas, e como tal de nada serve procurar-lhes a raiz, seguir-lhes o desenvolvimento, situá-las  e confrontá-las... 
No dia em que vou de férias, lembro-me sempre do Bexiguinha (Aparição, V.F), pronto a testar a sua natureza divina, pois há sempre quem tenha a ideia de que, injustiçado, o melhor a fazer é proclamar a sua superioridade inteletual, o seu insuperável desdém...

5.6.18

A verdade da aranha

«En psychologie comme en logique, il y a des vérités mais point de vérité.» Albert Camus, Le raisonnement absurde.

Indignar-me, só no momento. Não tenho tempo para mais. É por mais evidente que a soma da verdade de cada um não perfaz a Verdade. Nem ela é possível ou, em último caso, não está ao meu alcance…
Mais sossegado, avanço na teia, calibro todos os nós que a constituem, na esperança que ela não desfaça a minha verdade do dia - cada indivíduo merece uma oportunidade, mesmo se cretino…
E para que o meu sossego não se desmanche, por favor, não me falem em nome da Verdade e muito menos em nome da Justiça!

4.6.18

O ministro da educação, vítima de notícia falsa (!?)

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, confirmou hoje que os professores não vão ter contabilizado qualquer tempo de serviço congelado por terem falhado as negociações com os sindicatos. Um ministro à deriva

Esta notícia deve ser falsa. Porquê? 
Porque o ministro fizera uma promessa a todos os professores que uma parte do tempo de serviço congelado iria ser contabilizado. Parece agora que essa promessa fora feita a 22 sindicatos de professores (não sei se é possível confirmar o número!) e não a todos os professores… E como os, entretanto, 23 sindicatos querem um descongelamento total, o senhor ministro, ignorando que as promessas são para cumprir, decide castigar todos os professores - diga-se que uns tantos já não lhes adianta o descongelamento, pois estão cada vez mais próximos da incineração ou da corrupção dos corpos…
E, como não poderia deixar de ser, o senhor Miguel Sousa Tavares lá veio dar mais uma bicada nos professores, profundo ignorante em matéria de remunerações e progressões, como comprovou, de imediato, ao defender a remuneração acrescida dos médicos, na qualidade de funcionários públicos… nestas coisas, há uns que são filhos e outros que são enteados! Ou será que o SNS lhe faz falta e a Educação, não?

3.6.18

Por pouco tempo!

 Antes, era assim - 29 de abril de 2018...
31 de maio de 2018, ficou assim. Por quanto tempo?

Pode ser que a época dos incêndios não chegue, a Natureza, porém, não deixará de seguir o seu caminho…
Pelo caminho, uns tantos enriquecem à conta da falta de meios dos proprietários. Por sua vez, o Estado, providente e previdente, já abriu a caça à multa...

2.6.18

Borboletas invisíveis I

 «Toutes les grandes actions et toutes les grandes pensées ont un commencement dérisoire.» Albert Camus, Les Murs Absurdes...

... 'dérisoire' é um dos poucos termos que sempre me deu que pensar, que nunca soube traduzir, apesar do suposto 'ridículo' em que vivemos, da 'insignificância' das nossas vidas.
Camus conforta-me ao relativizar os meus atos, pois as grandes ideias, quanto ao seu parto, não se distinguem em nada das minhas, ridículas, fúteis e inúteis... 


Talvez por isso tenha cedido a ir visitar a Quinta Conde de Arcos, aos Olivais. Dos viveiros às hortas comunitárias, das borboletas brancas (invisíveis nas fotos) ao majestoso dragoeiro, só as couves 'baceleiras' despertaram verdadeiramente a minha atenção. E porquê? 
Porque me fazem recordar um prato designado "papas de sarrabulho" que, no entanto, era confecionado com a referida couve baceleira migada e misturada com farinha de milho e um eventual ovo...
Porque atualmente, a informação disponível ignora esta variedade de couve que lembra o arbusto resultante de um bacelo selvagem e porque, em tempos de riqueza gastronómica, não há sarrabulho sem carne de porco, galinha e não sei que mais... 

1.6.18

Sem-abrigo com abrigo!?

O Presidente bem clama a favor da integração dos sem-abrigo e confirma, agora, que o plano está a avançar.Os sem-abrigo na agenda política

Pode ser que sim, embora me pareça que esta realidade social é demasiado dinâmica para que possamos confiar num plano tão bem calendarizado - os sem-abrigo morrem e outros ocupam-lhes o lugar, indiferentes ao voluntarismo presidencial... O país empobrece e o número dos sem-abrigo cresce.


Entretanto, vale a pena registar que os sem-abrigo já descobriram abrigo junto do edifício da Altice nas Picoas, até porque esta parece nem sequer cuidar do mato que medra à sua volta...