7.12.18

A lupa revisionista

Para quê dar o nome de um escritor a um aeroporto? No caso, o do poeta Pablo Neruda, prémio nobel em 1971.
Por seu turno, as feministas chilenas pretendem que o aeroporto de Santiago seja batizado com o nome da escritora Gabriela Mistral, prémio nobel em 1945...
Argumento: Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto (Pablo Neruda), o homem, terá desrespeitado a dignidade das mulheres…
Compreendo o argumento e condeno a prática, mas creio que, para o bem da poesia, o melhor seria deixar os poetas de fora desta mania de batizar aeroportos, aviões, barcos, praças, ruas e vielas… 
Afinal, o que é que se espera de um poeta? Versos…

6.12.18

O alcance das palavras

O cuco do Freixial
-Marido cuco me levades
e mais duas lousas.(Inês Pereira)
- Pois assi se fazem as cousas. (Pêro Marques)

Traído, insultado e abusado, Pêro não compreende o alcance das palavras da fogosa esposa…
De que serve o estudo? perguntaria Cesário…
De nada, pois, mesmo se incipiente, a memória o apaga… delita…

5.12.18

Verdade ou mentira?

A ser verdade, o melhor é não trabalhar… Afinal, uma boa parte dos impostos é aplicada em quem não trabalha. 
A discrepância francesa não é diferente da portuguesa. Os efeitos começam a sentir-se na radicalização social… Em 2019 se verá!

4.12.18

A literatura e a cidadania

«A literatura não existe para educar o Homem a ser cidadão, a menos que o eduque para cidadão do mundo - a única cidadania decente que hoje existe.» Jorge de Sena, O Romantismo, 1966

Perante o fastio do aluno e, sobretudo, a desvalorização da obra literária, pouco tenho a acrescentar… Temo, todavia, que a atual educação literária esteja a apostar, mais uma vez, no nacionalismo e nos restos do imperialismo cultural, isto para aqueles que continuam a ver na literatura um manual identitário…
No caso português, se excetuarmos alguma ousadia do 'projeto de leitura', o corpus literário não escapa ao narcisismo nacionalista.
De qualquer modo querer educar as novas gerações sem 'formar' os professores é infrutífero, pois estes defendem-se aplicando os modelos do passado.
Infelizmente, apesar de terem passado muitos anos, Jorge de Sena continua a ter razão… e os apóstolos da cidadania local proliferam...

3.12.18

No aproveitar é que está o ganho!

Considere-se a instrução, correspondente ao I Grupo, Parte III, de uma prova de avaliação de Português, 12º ano:
   -  Produza um texto expositivo sobre o modo como o heterónimo Ricardo Reis recomenda que vivamos, considerando as consequências dessa opção.
Quer saber como é que o aluno resolveu o problema colocado no Teste? Procure em https://esjapportugues12.blogs.sapo.pt/1394.html
      Quadro síntese-Ricardo Reis
Tenha um smartphone ou um iphone à mão, pesquise, copie, cole, modificando um ou outro conector… E já está!
Lá dizia Camilo Pessanha:
Eu vi a luz em um país perdido.
A minha alma é lânguida e inerme.
O! Quem pudesse deslizar sem ruído!
No chão sumir-se, como faz um verme… 
(INSCRIÇÃO)

2.12.18

A palavra-chave do ano

Ontem, foi feriado, e para além da atenção prestada à república de Macron e de me ter interrogado sobre o resultado de tantas idas a Berlim - bem sei que não é o resultado que interessa! -, li 22 textos sobre a aplicação do ditado «no aproveitar é que está o ganho».
Hoje que Macron avalia os estragos, e sem saber se o regresso de Berlim foi conseguido, continuo a ler sobre a visão de Caeiro…
E o que leio não me traz proveito - nem nunca esperei que trouxesse! - embora me preste a este jogo diário que não me traz qualquer ganho.
Para completar o desânimo, só me faltava que, de hora a hora, insistam em convencer-me que a palavra-chave do ano é 'professor'...

1.12.18

Na república de Macron

No coração de Paris, o movimento inorgânico dos coletes amarelos caiu nas mãos dos "casseurs" radicais. 
Perante os sucessivos episódios de violência, as forças da ordem revelam falta de mobilidade - uma atitude estática, só justificada pelo pesado e inadequado equipamento para este tipo de confrontos…
Independentemente das razões dos «coletes amarelos», urge enquadrá-los de modo a que, de futuro, não possam movimentar-se livremente… E, sobretudo, é necessário reavaliar as causas da revolta, de modo evitar políticas cegas, como a que parece estar a acontecer na república de Macron…
Na república de Macron, enquanto o coração de Paris é vandalizado, o Presidente mantém-se em Buenos Aires, entre os Grandes do G20...
Até Marine Le Pen revela mais bom senso do que Macron, pois esta tarde solicitou aos «gilets jaunes» que dispersassem para que as forças da ordem pudessem dominar os «casseurs»...