20.6.23

Vingança fora de tempo

Compreendo que João Tordo tenha escrito o romance "Naufrágio" sobre a natureza do macho... Só não compreendo porque é que vai insistindo na 'natureza humana', já que o próprio retrata Jaime como predador e as mulheres como 'presas'.
A natureza humana é um mito útil para aliviar consciências, no entanto, incapaz de acrescentar responsabilidade. Culpa, sim, porque a vitimização começa por ser um processo que esconde a incapacidade de denunciar na hora o agressor...
Enquanto não surge o alarme publico, a vítima vai sendo devorada já não pelo predador, mas por um sistema vexatório da autoestima, trate-se da abordagem religiosa ou da científica (psicoterapia) e claro... a droga e o álcool.
A queda do herói é inevitável nesta obra, apesar dos romances de Jaime Toledo albergarem todos os ingredientes necessários à alienação das suas jovens leitoras, não muitos diferentes da Bovary de Flaubert... Se o herói se salva isso é coisa de somenos, o mal já estava feito e era duradouro. 
Acossado pela demoníaca comunicação social, Jaime apercebe-se que há muito mergulhara na ilusão, soltando amarras e deixando que 'Narcisse'  se afunde em frente de Santo Amaro.. que, por esta hora, já  deve ter entrado no Paraíso Celeste...

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