25.1.24

Folhas Caídas

 

Esta folhagem não caiu, foi arrancada das margens do rio e seus afluentes, e esta tarde procurava o mar...

Um destes dias, fui ver o filme FOLHAS CAÍDAS, produção finlandesa... Do filme gostei, mas fiquei com uma péssima impressão da 'ordem' daquele país... trabalho precário, droga, álcool - relações humanas nulas.... (um destes dias, a Federação Russa atravessa a fronteira!)

Fiquei muito bem impressionado. Vê-se que estamos diante de um jovem psiquiatra com uma abordagem desempoeirada, com ideias claras que bem poderiam ser aproveitadas pelo SNS...

E já agora, decidi retirar deste blogue a minha lista de leituras. Afinal, a quem é que elas poderiam servir? A vaidade cresce e acaba por nos fazer mal. 

(Sócrates vai a julgamento por corrupção. Acusação do Ministério Público quase toda reposta.)

21.1.24

Lá atrás

" No meio do quarto a piscina móvel
tem o tamanho do corpo sentado."
   Carlos Drummond de Andrade

Lá atrás, faltava a palavra 'piscina', sobrava o alguidar que tanto servia para depenar a galinha, como para demolhar a roupa e o bacalhau, à vez... E por último, o banho do menino e do avô.
Meninas, não havia ou escondiam-nas, como acontecia na escola, inventada só para elas...
No alguidar, caía o porco e a porca, o galo e a galinha, só menina não caía...
Se a água fervia, a pele, como a da cobra, soltava-se.

Lá atrás, as palavras eram poucas e mal enunciadas, no dizer do professor para quem a norma era divina. Não havia casa de banho, não fazia mal, e se alguém decidia (podia) construir uma, então era o cabo dos trabalhos - licenças, taxas, fiscais... tudo em nome da ordem.
Lá atrás, não havia promessas de que me lembre, a não ser a da entrada direta no reino dos céus, desde que não perdêssemos a pobreza de espírito com que viemos à luz... ou então sermos lançados na casa das cobras que, para o efeito, ficava nos fundos da torre sineira...

19.1.24

Só agora...


Há mais de 10 anos que conheço este cacto e só agora lhe descobri a flor... depois de ter sobrevivido à  recuperação do canteiro... E não pensem que andei distraído!
Coincidência, ou talvez não, só agora me virei para Aristófanes. Tenho devorado as comédias: já vou nas Rãs, concluida a leitura das Vespas e das Aves.
Gastei parte da vida a parafrasear Sófocles e, por vezes, Ésquilo... e agora descubro um primoroso retratista do século V antes de Cristo.
De  facto, a corrupção, a mentira, a mediocridade já tinham assentado arraiais à sombra da democracia. Nem os deuses do Olimpo escapam. Tudo a nu!

11.1.24

Mudar de vida

 

É tarde!
De qualquer modo, hoje fomos à Cinemateca ver o filme de Paulo Rocha, MUDAR DE VIDA, 1966.
Em 1966, fazia 12 anos e habituava-me à 'camioneta da carreira'. O filme abre com a chegada de uma camioneta muito semelhante... Dela, apeia-se Adelino. O meu pai, destruidas as vinhas pelo granizo do início do Verão, partira para França, acompanhado de um jovem que fugia à guerra colonial. ( Nunca mais soube nada dele!)
No filme, Adelino regressa de Angola, para onde fora mobilizado em 1961. O filme não o diz, porque cumprido o dever patriótico, por lá ficou, sem efetivo proveito nem dar notícias...
Regressa, preso de amor impossível e sem coragem para ajustar contas com o irmão. Afinal, ele não dera notícias, e Julia (Maria Barroso) acabara por casar... Júlia tem todos os achaques típicos da heroína romântica. (Não foge à convenção. É salva pela representação de Maria Barroso e pela fixação da câmara.
No Furadouro, a miséria, imposta pelos homens e pelo mar, é uma constante. O tempo parece outro, já descrito por Raúl Brandão. A verdade é que, apesar da antífrase, não se compreende que ninguém parta... Ou seria impossível? Só lhes restava a sepultura. Demasiado triste!
Interessante: os efeitos da alterações climáticas estão bem presentes na vida dos pescadores do Furadouro.

7.1.24

Assoreados

2024 ainda agora começou e já estou cansado. Objetivamente, o desleixo dá cabo de mim: foi preciso pôr a lavar e a secar uma montanha de roupa... e o nevoeiro não tem ajudado. 
Torna-se impossível ir a um encontro num lugar desconhecido, porque o GPS anda cada vez mais confuso e não há lugar para estacionar.
Faltam projetos - todos se consideram melhores, mas ninguém sabe porquê. Deste lugar, observo o Tejo assoreado: a ilha cresce, arrisca virar continente. No entanto, ninguém promete acabar com o assoreamento.
Assoreados, entupimos... 
Eu vou continuar a leitura de Almas Mortas, de Gogol, mesmo que não tenha qualquer motivo para as comprar.

5.1.24

Em 2024

Entrámos. Eu venho sem pressa... a Sammy não compreende por que motivo interrompo tudo o que inicio...Já lá vão seis horas.... há anos que uns tacos esperavam que eu os recolocasse: foi preciso comprar uma cola especial, eliminar os detritos, apará-los do inchaço... e como uma coisa arrasta a outra: liguei o Kirby e aspirei tudo - o cotão, o bolor, o pó.... Duas horas de limpeza!
A Susana regressou a Hamburgo. Vive à sua maneira, e o melhor é não interferir, ajudar enquanto for possível. Por vezes, a sua capacidade de compartimentar irrita, um instante, apenas.
Entretanto, o Ministério Público não desiste de enterrar o Costa. Se eu estivesse no seu lugar, entregava as chaves do Governo ao Marcelo... Há muito que penso que o MP é a continuação do Tribunal do Santo Ofício.