23.9.23

Bocage, tão alto!

Que apreço!

«Aqui nasceu Bocage. o de curta vida. Está no alto daquela coluna, voltado para a igreja de São Julião, e há de estar perguntando a si mesmo por que foi que ali o puseram, tão sozinho, ele que foi homem de boémia, de versos improvisados em tabernas, de tumultuosos amores em camas de aluguer, de muita rixa e vinho. (...) Quem cá ficou, abusou de quem morreu. Manuel Maria merecia uma arrebatada fúria, não esta romanização de senador que vai pregar no fórum sonetos de parabéns.» José Saramago, Viagem a Portugal.

Até a data, o deseja de Saramago (op. cit., pág. 593) encontra-se por cumprir.

Resta saber se alguém ainda o lê e, sobretudo, se o compreende...O tempo não tem culpa se a ignorância vai crescendo de tal modo que muitos dos seus poemas se tornam incompreensíveis... No entanto Bocage deveria ser um exemplo para as novas gerações. Tão alto, porquê? Será complexo de inferioridade?

18.9.23

Por agora

Atento à vida e ficando convencido que não fazemos cá muita falta...

Aqui, entre Setúbal e a Praia da Figueirinha, os sinais são contrários: a cimenteira do Outão tudo desfeia e polui... e o mar avança ao encontro da serra...
(os golfinhos passam ao largo...)

Por outro lado, ando a braços com a Diotima de Sócrates... de quem não tenho qualquer memória. 
Será trauma ou refinada ignorância?

 

14.9.23

António Costa recorda

Diz o António Costa: (No Passos Manuel, após o 25 de Abril) só havia radicais (UEC's e MRPP's, GDUP´s) e três socialistas.

Muito eu gostava de saber quem eram os outros dois, eu que tive a oportunidade de testemunhar a luta política e até de a sentir na sala de aula...
Por luta política, entenda-se o saneamento dos 'fascistas', o enfrentamento dos direitistas da linha do Estoril e, sobretudo, a rejeição dos autores neorrealistas que tinham passado a fazer parte dos programas de Português.
(Os jornalistas perderam a oportunidade de esclarecer o público.)

10.9.23

Para que serve governar em maioria?

Como todos sabemos, falta alojamento, e o que existe, muitas vezes, não obedece às regras de construção antissísmica nem respeita, por exemplo, os veios de água e a indisciplinada disposição florestal...
O que sabemos é que não estamos preparados para reduzir os efeitos de um tremor de terra mais forte. Não criamos pontos de fuga nem explicamos às populações que o nível da água do mar vai submergir uma boa parte do litoral.
Portanto, se eu fosse governo deixava de discutir a crise da habitação e dava início a um programa de  construção de alojamento descentralizado, antissísmico, e que permitisse resolver a desertificação e, sobretudo, combater a apetência pelo lucro fácil e imediato.
A discussão atual do problema da habitação é retrógrada e nunca resolverá nenhum dos grandes desafios que nos são colocados, como, por exemplo, um ataque nuclear cada vez mais provável... não se trata de resolver os problemas dos jovens, dos polícias, dos médicos, dos professores... trata-se de resolver os problemas da maioria e para isso é que os portugueses deram uma maioria ao atual governo.


7.9.23

O esmoler

Nada mal! Já encontrei o epíteto!
O rico vai atirando as moedas que lhe sobram da colecta com um único objetivo: fixar o eleitorado.
Em obediência ao princípio da igualdade, vai nivelando, sem incomodar o patronato.
O rebanho dos pobres de espírito cresce diariamente... Só que ao contrário do que possam imaginar, estes não são bem-aventurados.

O pior é que o esmoler sabe que no reino dos pobres de espírito não há ninguém capaz de lhe frustrar os intentos.... e lá vai caminhando sobre as águas da cegueira.


6.9.23

Finalmente

 

... a reparação do meu veículo vai avançar. Desde 17 de Julho que o CLIO esperava por uma decisão das companhias de seguros.
Esta espera dá para perceber que tudo serve para evitar a assunção de responsabilidades. E, sobretudo, serve para entender que há muita incompetência da parte de quem deveria ser célere na resolução dos litígios. 
(Enfim, a Justiça ou não atua ou chega quase sempre tarde. E quem é que beneficia?)
Já agora pergunto: O que é que justifica que uma companhia de seguros tenha ressuscitado um endereço de correio eletrónico inativo, do tempo em que eu fora seu cliente, isto há mais de 14 anos?
E utilizou-o para me informar (ou seria a oficina?) que assumia o pagamento da reparação do veículo...
 
Por agora só a AUTO ÍNDIA, que acolheu o veículo, se salva, pois esperou pacientemente pela decisão de reparação.

3.9.23

Inter pocula

«É por isso que um banquete político me parece um equívoco inestético. Nele, o festim se reduz a coisa pouca, mas também os discursos perdem muito do seu alcance ao serem proferidos entre copos.» Kierkegaard, O Banquete.

Raramente vou a banquetes e muito menos políticos, deixei de beber, a não ser água... café e chá... por esta ordem. Falta-me certamente a experiência solidária, ia a dizer comunitária, no entanto não vejo como é que os discursos dos políticos podem nutrir as ideias de comensais já toldados... a não ser que tudo não passe de encenação...

1.9.23

O litro de azeite


Li que o litro de azeite pode chegar aos 10 € e não estou a falar do gourmet. 
A responsabilidade é do preço dos combustíveis. Gosto da justificação.... a apanha mecânica substituiu os panos e as mãos, sem esquecer os paus...
No entanto, há uma solução: eliminam-se os homens e deixa-se a azeitona apodrecer no solo e este agradece...

Estamos a chegar àquele tempo, em que a inflação acabará  por nos atirar para os braços uns dos outros, e não será pelos melhores motivos...

(Acabei de ler um livrinho muito esclarecedor sobre o futuro que nos invade: Canibais e Reis, de Marvin Harris. Despachem-se que um destes dias, vamos ficar todos às escuras.)