Um olhar despreconceituado… ou talvez não. A verdade é tudo o que nós ignoramos.
31.10.22
A propósito ou, talvez, não
27.10.22
Cito Natália Correia
25.10.22
Da sujidade
23.10.22
Adriano Moreira e a política de integração
(Adriano Moreira. Foi meu professor, no sentido mais absoluto da palavra, sem que nunca tenha ousado dirigir-lhe a palavra. Bastava ouvi-lo, lê-lo... Aqui ficam algumas notas de 1993-94 na Universidade Aberta.)
Política de Integração
2. Integração Multirracial[3]
3. Estatuto dos Indígenas
4. Assimilados
5. Regedorias rurais[4]
6. O problema das terras[5]
Lei orgânica do Ultramar, de 27 de Junho de 1953 [ S. Tomé e Príncipe e Timor deixaram de estar abrangidas pelo estatuto dos indígenas, tal como sempre acontecera com o Estado da Índia, Macau e Cabo Verde ].
Estatuto dos Indígenas - dec.-lei 39666 de 1954 [ estatuto do direito privado dependeria do estatuto político ].
Dec.-lei 43896 de 6091961 regulamenta a organização das regedorias: organizam-se as regedorias, de modo a fazer intervir na gestão dos interesses comuns, de acordo com os processos tradicionais pelos quais sempre manifestámos o maior respeito.[8]
O Dec.-lei 43897 reconhece os usos e costumes locais.
Dec.-lei 43898 de 6091961 sobre a ocupação judicial do território.
O Dec.-lei 43899 de 6091961 legisla sobre os serviços de registo.
* Angola do meu coração, de João Falcato
* Actas do Congresso Internacional de História dos Descobrimentos (Dr. Gilberto Freire; Prof. Damião Peres e Prof. Adriano Moreira)
* Coleção Autores Ultramarinos (Lisboa)
* Coleção Imbondeiro [9]
Belchior, Manuel Dias ( prefácio pelo Dr. Marcelo Caetano), Compreendamos os Negros, 1951, A-G do Ultramar
Cidade, Hernâni, A Literatura Portuguesa e a expansão ultramarina, 1943, A-G. do Ultramar
Correia, Elias História de Angola, 2 volumes, 1937, A-G do Ultramar
Dias, Gastão Sousa, Os Portugueses em Angola, 1959, A-G. do Ultramar
Galvão, Henrique, Dembos, col. "Pelo Império", nº3
Guimarães, Pina, Campanha do Humbe, col. "Pelo Império", nº44
Lavradio, Marquês do, A Campanha do Bailundo, col. "Pelo Império",nº2
Monteiro, Armindo Governação de Angola, 1935, A-G. do Ultramar
Morais, Belo, Operações militares de 1904 - o Bailundo, col. "Pelo Império", nº 91
Oliveira, José Osório, Literatura Africana, 1944, A-G. do Ultramar
Pires, António, Sangue Cuanhama, (1º prémio do concurso literatura colonial), 1949, A-G. do Ultramar
Santos, Afonso Costa V. T., Angola, Coração do Império, 1945, Agência-Geral do Ultramar
* Soares, Freitas, As operações militares no sul de Angola em 1914-1915, A-G. do Ultramar
Soromenho, Castro, Sertanejos de Angola, col. " Pelo Império", nº98
[9] - 0p.cit. p. 298, 299,300 (artigo de Mário António) - extensão do mundo que o Português criou [ o problema da definição de "cultura angolana" e da interpenetração de culturas ]
21.10.22
S. Martinho
S. Martinho[1]
Martinho ---------- Ricardo
Rainha Dona Leonor ---------
Fiéis ---------------
3 Pajens ----------- Marco e Pedro...
Morte ------------ Magda
Job --------------- Rui
Orvalho ----------
No dia do Corpus Christi de 1504
Adereços: capa; espada.
No entanto os actores, principalmente o pobre, deviam estar um pouco mais cuidados para um maior realismo da peça.
Oh pernas minhas! Levai-me nem que seja mais um passo!
Mãos, peguem naquele pau e descansem, por um momento, as dores de tanta paixão.
Deixai-me passar por este caminho, para poder procurar o pão que alimente meu corpo doente até que venha a morte, que eu quero por minha companheira.
Olhai como estou triste e magoado,
Olhai estes pés e estas mãos dilaceradas,
Contemplai estas chagas, que não têm cura;
São incuráveis para azar meu,
Ai que padeço de dores de morte!
E a vida que levo é contra natura!
Que ainda antes de morrer é comido pelos vermes;
Olhai o mal servido de pés e mãos,
Olhai a miséria deste pecador;
Dai-me esmola por Aquele Senhor
Que vos protege de tantas dores;
Esmola bendita me dai, senhores;
Pois eu não a posso ganhar com o meu suor,
Tende compaixão deste pobre doente
Que, em tempos, foi um mancebo são e lúcido.
Pobre:
Eu que era vigoroso e valente,
Homem de bom semblante
Elogiado por toda a gente.
Oh Morte que tardas, quem te detém?
Eu já não me atrevo a ser mais paciente!
Oh paciência de Job,
Que queres que eu faça com tantos tormentos?
Perdoa-me tu que os meus sofrimentos
Não podem silenciar a miséria em que vivo!
Fértil orvalho, que te fiz eu?
Que as ervinhas florescem em Maio,
E sobre as minhas carnes não lanças um saio[2]
Nem as dores deixam que eu o ganhe.
E as donzelas viver louçãs,
Deixa as aves cantar,
E deixa os rebanhos andar pelas penedias.
Leva-me a mim! Porque me desprezas
E matas quem merece a vida?
Tira-me a minha triste alma desta podre prisão,
Não queiras mais sinais.
Do filho de Deus que pobre se viu,
Daquele que por nós foi morto: ferido,
Flagelado e crucificado pela redenção.
Olhai, agora, ricos que bem me podeis
Dar os vossos bens, pois sois tesoureiros,
Sede, assim, bons despenseiros
E as vossas riquezas duplicarão.
Volvei vossos olhos para tanta pobreza,
Que Deus vos recompense de vossa gentileza,
Dai-me esmola, que eu morro de fome.
E voltando-se para a sua escolta:
Senhor, tende compaixão de meus males.
A parte que mais te atormenta!
Deus vos dê riqueza e muita saúde,
Dai-me esmola por vossa virtude,
Que a minha grande pobreza não há quem a sinta.
Nem aos teus males posso pôr cobro.
Pois não trago outra esmola,
Partamos, aqui, esta capa ao meio.
Rogo-te irmão que rezes por mim,
pois ao sofreres dores nesta triste vida,
A tua alma em glória será recebida
com doces cantares.
Cum puerile decus prompsit hosanna pium.
Gloria, laus et honor...
[1] - Adaptação do Auto de Gil Vicente "Martinho". Autores João Miranda ( 10º A) e Manuel Gomes (2002-2003)
[2] - antiga veste larga e com abas e fraldão.
19.10.22
Água de Outubro
17.10.22
A tristeza do mundo
Tenho aqui ao lado, em planos distintos, A Alegria do Mundo, da Agustina Bessa-Luís. A leitura deixa-me a sensação de que o título é demasiado subjetivo. Naqueles anos, o mundo não seria assim tão alegre! No entanto, a autora conseguia recriar as ruínas de tempos esquecidos, imaginando, assim, que participava ativamente de uma alma que só na província permanecia viva... Talvez a Sibila lhe tivesse soprado ao ouvido que o pior ainda estava para vir...
14.10.22
No tempo em que se lia A Sibila de Agustina...
12.10.22
Divulgação: @
Sabe qual é a origem da arroba?
Na
Idade Média os livros eram escritos pelos copistas, à mão. Precursores da
taquigrafia, os copistas simplificavam o trabalho substituindo letras, palavras
e nomes próprios, por símbolos, sinais e abreviaturas.
Não
era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido (tempo era o
que não faltava naquela época ). O motivo era de ordem económica: tinta e papel
eram valiosíssimos.
Foi
assim que surgiu o til (~), para substituir uma letra (um “m” ou um “n”)
que nasalizava a vogal anterior. Um til é quase um enezinho sobre a letra.
Já
para substituir a palavra latina et (e), os copistas criaram um símbolo
que é o resultado do entrelaçamento dessas duas letras: &. Esse
sinal é popularmente conhecido como “e comercial” e em inglês tem o nome de ampersand,
que vem do and (e em inglês) + per se (do latim por si) + and.
Com o
mesmo recurso do entrelaçamento de suas letras, os copistas criaram o símbolo @
para substituir a preposição latina ad, que tinha, entre outros, o
sentido de “casa de”.
Veio a
imprensa, foram-se os copistas, mas os símbolos @ e &
continuaram a ser usados nos livros de contabilidade. O @ aparecia entre
o número de unidades da mercadoria e o preço – por exemplo: o registo contábil
“10@£3” significava “10 unidades ao preço de 3 libras cada uma”. Nessa
época o símbolo @ já ficou conhecido em inglês com at (a ou em).
No século XIX, nos portos da Catalunha, o comércio e
a indústria procuravam imitar práticas comerciais e contáveis dos ingleses.
Como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses atribuíam ao símbolo @
(a ou em ), acharam que ele seria uma medida de peso. Para o entendimento
contribuíram duas coincidências:
1- a unidade de peso comum para os espanhóis na época era
a arroba, cujo “a” inicial lembrava a forma do símbolo;
2- os carregamentos desembarcados vinham frequentemente em
fardos de uma arroba. Dessa forma, os espanhóis interpretavam aquele mesmo
registo de “10@£3” assim: “dez arrobas custando 3 libras cada uma”.
Então o símbolo @ passou a ser usado pelos espanhóis para significar a
medida de peso arroba.
A
palavra Arroba tem origem na palavra árabe ar-ruba, que
significa “a quarta parte”; efectivamente a medida de peso arroba (cerca de
15Kg) correspondia a ¼ de outra medida de peso árabe o quintar (quintal)
correspondente a 58,75 Kg.
As máquinas de escrever, na sua forma definitiva,
começaram a ser comercializadas em 1874, nos EUA e o seu teclado tinha o
símbolo @ que posteriormente sobreviveu no teclado dos computadores.
Em
1972, ao desenvolver o primeiro programa de correio electrónico (e-mail),
Roy Tomlinson aproveitou o sentido do símbolo @ “at”, disponível
no teclado, utilizando-o entre o nome do usuário e o nome do provedor. Assim fulano@provedorx ficou a significar “fulano
no provedor X”.
Nos
diversos idiomas o símbolo @ ficou com o nome de alguma coisa parecida
com a sua forma:
Ø
italiano - chiocciola (caracol)
Ø
sueco – snabel (tromba de elefante)
Ø
holandês – apestaart (rabo de macaco)
Ø
austríaco – strudel
(extrato
do livro: “A Casa da Mãe Joana” – Reinaldo Pimenta)
10.10.22
O teste deu positivo...
O teste rápido de antigénio (nasal) deu positivo... No entanto, a Direção Geral de Saúde não recomenda isolamento nem qualquer outra medida específica - talvez a máscara, talvez a lavagem das mãos... e um ben-u-ron de tantas em tantas horas...
Considerando que o teste de antigénio num hospital custa 28,50 e que deixou de haver qualquer tipo de comparticipação, creio que os portugueses já devem ter concluído que há outras formas de esbanjar o dinheiro... Por isso o número de testes diminui. E a morte voltou a ser um acontecimento privado...
Eu lá paguei o teste. Sonso!
9.10.22
O espirro
6.10.22
O tempo
Assim, o esclarecimento das relações, por vezes confusas, que se estabelecem entre conceitos temporais do tipo “ano”, “mês” ou “hora” (ou também “antes” e “depois” ) e conceitos do tipo “presente”, “passado” e “futuro” leva-nos a uma conclusão meio inesperada. Os conceitos do segundo tipo não se aplicam ao nível físico, àquilo que chamamos “natureza”, onde a causalidade mecânica passa, com ou sem razão, pelo modo representativo de ligação. Ou então, só se aplicam a ela na medida em que haja seres humanos que remetem a si mesmos os acontecimentos que se desenrolam nesse plano. Os conceitos de “presente”, “passado” e “futuro”, de qualquer modo, só podem relacionar-se com o perpetuum mobile das cadeias causais que compõem a natureza com base numa identificação de carácter antropomórfico, como quando se fala do futuro do Sol.
(…) O presente é aquilo que pode ser imediatamente experimentado, o passado é o que pode ser rememorado, e o futuro é a incógnita que talvez ocorra, algum dia.
Norbert Elias, Sobre O Tempo, 65-66, Zahar, 1998