29.12.23

Sobre os telhados

É lá que vivem!

Os detalhes do quotidiano disciplinado nunca chegaram a ser assimilados, não se sabe porquê...

Não me apetece assumir a responsabilidade já que outrora também eu parecia fadado a voos fantásticos, mas irrealistas.

Cedo aprendi a fazer a cama, até porque vivi mais de cinco anos em camaratas. E mesmo que essa disciplina não me tivesse marcado, quando cumpri o serviço militar ( em nova camarata) estava fora de causa deixar de fazer a cama, engraxar as botas, chegar a horas...
Claro que há quem não tenha tido necessidade de viver em camarata para aprender que há um conjunto de habilidades fundamentais para evitar que o caos se instale.

23.12.23

A chegada

No aeroporto da Portela, a enxurrada é a habitual, mas hoje ainda é maior. Nela vem a Susana, passar o Natal e entrar no novo ano... Para ela, espero que seja melhor, porque para mim chega-me estar, disponível...
Felizmente, moro perto e estou habituado a este movimento. Fico, no entanto, com a sensação de que alguém mandou abrir as comportas. Diz-me o Daniel que o culpado é o António Costa. Será?

21.12.23

Hoje, é quinta-feira

Ninguém quer almoçar comigo: a Maria Isabel comeu uma sopinha, mais cedo e refugiou-se na caminha, a pretexto da alergia ao frio; o Daniel, de férias, foi passear, mas disse que voltava à hora de almoço... Enfim, são duas da tarde... e eu espero.
Aproveito para avançar na leitura de Almoço de Domingo, de José Luís Peixoto. Parece que este livrinho foi escrito para mim, e não para o senhor comendador, Rui (Nabeiro)... Neste romance, o protagonista nasceu investido de um ritmo ponderado, reflexivo, que, de facto, me seduz, pois começo a aceitar os imponderáveis como se eles fossem naturais. O importante é estar no lugar certo.
Já não se trata de saber quem se é, mas de saber estar, em sossego, até que o vento sopre uma última vez.
O Daniel acaba de chegar. Agora, vamos almoçar.

17.12.23

O Louco e a Lua

Diz-me Nikolai Gógol que ' a Lua se fabrica, normalmente, em Hamburgo, e é de péssima qualidade (Diário de um Louco (...) o fabricante é um tanoeiro coxo, e vê-se logo que é imbecil, não tem a mínima noção de Lua. '

O Louco anunciara que ' amanhã, às sete horas, ocorrerá um fenómeno estranho: a Terra pousará na Lua.'

Nos próximos meses, Portugal vai ALUNAR, tantas são as promessas dos novos tribunos, obviamente coxos e imbecis... E nós vamos com eles!

15.12.23

Agora, o ruido de uma mota

A gata ressona. A mulher procura dormir, insiste na necessidade de dormir. Os olhos frustram-me o gesto de escrever.... os chinelos lá se acomodam nos pés...

(pensava no esquecimento que se instala, na morte da caruma, no absurdo da valorização da memória ... se tudo se torna cinza...)

A porta volta a abrir-se, os passos dirigem-se para a casa de banho, o interruptor foi desligado, a porta volta a fechar-se - são 20h40.

Aproxima-se, no falar madeirense, o parto. 

De acordo com o que fica dito, não vejo motivo para a celebração natalício... e nem é preciso pensar no que se passa na Faixa de Gaza, no Sudão ou na Ucrânia...

Triste parto! 

Por um momento, a noite será de reunião e de memória, triste.

11.12.23

Reencontro


Nunca o esqueci. Sobretudo, o rigor e a modéstia do Joaquim Amílcar Carvalho da Cruz (29/7/1941). Foi em Sintra (Escola Secundária de Santa Maria) que o conheci, quando fez a profissionalização em exercício...
Depois, cada um seguiu o respectivo caminho... E hoje descobri um artigo que dá conta da sua entrega à comunidade Torreense.

10.12.23

Fraqueza


Quando o silêncio só é interrompido pelo interesse, apetece-me voltar costas.... e deixá-lo a falar sozinho. No entanto, acabo por encontrar sempre uma desculpa para esse abuso, como se uma educação diferente pudesse ter moldado um ser mais solidário...
O prejuízo gerado por este comportamento é irreversível e a minha fraqueza indesculpável.
Nem o regresso a Jean-Jacques Rousseau me serve de consolo.
Entretanto, pela manhã, surge o nevoeiro, criando um vale efémero, fruto de uma velha doença dos olhos...  

6.12.23

Os eleitos


Os eleitos deixaram de ter qualquer poder. Sob suspeita permanente, ninguém os leva a sério... Parece que basta ser eleito para, de imediato, cair em suspeita...
Tudo aquilo em que tocam fica manchado e, mesmo, na sua vizinhança, cheira mal...

Deste modo, o melhor é não ser eleito e assegurar o lugar pela força. A única lei que respeitamos é a do mais forte. Ou será que nem essa?

De mal a pior!

Cá por casa, felizmente, nunca houve eleitos...

30.11.23

A vida

Devo anotar que hoje choveu, por vezes, impiedosamente. Saímos de casa por volta do meio dia com objetivo de celebrar 49 anos de casamento. Em 1974, o Sol não faltou, talvez para abrilhantar a restrita e frugal cerimónia... porque, afinal, a minha família não compareceu - de nada serve acusar quem quer que seja...
Hoje, acabámos por almoçar no Corte Inglês para nos abrigarmos da chuva. A refeição foi simples, só que já não temos idade para circular em espaços fechados e tão movimentados...
Quando o cansaço e a ansiedade crescem, nem a psicoterapia (entre as 14:45 e as 15:30) consegue evitar a vontade de regressar a casa e de correr para vale de lençóis...
O que o futuro nos promete não parece ser muito auspicioso... De qualquer modo, não é possível escolher a vida, embora se possa desvalorizá-la...

29.11.23

Exercício de paciência...

Levantar às 7. Tomar banho. Despejar uma máquina de loiça. Eutirox 25. Preparar um pequeno almoço.
Eutirox 75. Comprar no centro comercial três bolas de centeio. Voltar a casa.
Medicamento para a tensão. Voltar a sair, acompanhar o filho, hoje, até ao autocarro.
Regressar a casa. Apanhar e estender roupa. Atenção ao relógio: a acupuntura está marcada para as 11 horas.
Voltar ao centro comercial: avaliação de relógios no relojoeiro que, de facto, ninguém quer; loja de animais, comida seca para a gata...

(Registos e mais registos.)

Às 11:54, sentei-me, a pensar em ler umas páginas de Canetti, Las Voces de Marrakech.  Em 26 minutos, mergulhei  na estória La MUJER DE LA REJA. Afinal, a mulher, sem véu e faladora, dá provas de insanidade naquele contexto.

Faltava apressar a saída - ajudar a vestir, pentear, dar de comer à gata... Era preciso chegar a horas à cantina dos Serviços sociais da administração pública - pataniscas com arroz de feijão... Hesitação: o horário do cinema Nimas era incompatível com o tempo disponível... Assim regresso a casa, aproveitando para visitar a irmã Teresa no Lar Mil Primaveras...
(...)
Noutro qualquer dia, darei conta do exercício.... 
sobretudo porque a chuva intermitente faz-me saltar de estendal, ora exterior ora interior.
O drama avoluma-se: a memória falha no que é essencial e cresce no que parece distante e acidental. Por exemplo, para que serve o morfex e o psidep? A resposta já foi dada mil vezes, mas é como se tal nunca tivesse acontecido...
Agora, 19h35, o sono forçado é interrompido para comer umas bolachinhas...,como se nada tivesse acontecido.

26.11.23

Promessas


Prometer é fácil, o problema está em cumprir...
Chegada a hora, a culpa será de quem terá deixado os cofres vazios...
Ou, então, a culpa será da memória efémera...

Eu, que sou experimentado em promessas falhadas, já deveria ter desligado... mas, todavia, uma pequena esperança tremelica...

23.11.23

Irritante

Poderia dizer que ando muito stressado / estressado, mas a palavra desagrada-me. Prefiro, assim, dizer que ando muito irritado. E porquê? 
... porque foram necessários dois meses para que a Fidelidade (que diabo de nome?) me desse razão num acidente em que não tive qualquer responsabilidade...
... porque, quando a memória falha, tudo deixa de fazer sentido...
... porque me deixei ludibriar por publicidade enganosa: paguei aos chineses (ou a quem se faz passar por eles) o triplo do custo de uma almofada, quando o  que encomendara era uma cadeira de baloiço com... almofada e não só...
... porque depois de pagar um frete, me pedem para ir buscar a mercadoria...
... porque a Vodafone me cortou o sinal do pacote MEO em dois dias seguidos, obrigando-me a solicitar o serviço técnico da minha operadora, porque há quem seja mau profissional e /ou/ preguiçoso...

No entanto, nem tudo é irritante: hoje dois jovens profissionais (da empresa R. Martins Climatização) substituíram, em três horas, um equipamento de ar condicionado, deixando tudo impecável.

20.11.23

Hoje

relembro que terminei o mestrado há 27 anos... creio que, a partir daquele 21 de novembro de 1996, o caminho foi sempre a descer... a queda não tem sido grande, apesar do ponto de partida me ser desfavorável.
nestas páginas, há exemplos suficientes dos obstáculos ultrapassados, mesmo se a consciência disso fosse ténue... um passo em frente e outro à retaguarda, esquerda volver... cantilena de uma longínqua parada...
disseram-me, hoje, que o presídio militar de santarém tem acolhido uma universidade sénior de dançarinos e coristas...razão suficiente para não integrar nenhuma dessas promissoras universidades, pois noutros tempos não me foi reconhecida qualquer apetência para tal arte... eu que até nem sou surdo.

18.11.23

Quem visualiza...


Quem visualiza, vê o quê?
Por exemplo, ontem, o registo é de 283 visualizações anónimas...
Espero que não seja o radar do Ministério Público...


Para os devidos efeitos, informo que esta árvore se encontra no Jardim da Estrela, em Lisboa.

Assim, talvez, seja mais fácil recolher indícios da minha atividade...

13.11.23

O texto vai ganhando corpo...


O parágrafo já lá vai... o texto vai ganhando corpo, e nós à deriva, pois não sabemos se aquilo que é transcrito corresponde ao que foi dito e por quem...
De qualquer modo, já deveríamos ter aprendido a lição.

Por ora, vou lendo "O 25 de Abril e o Conselho de Estado - A Questão das Actas" de María José Tíscar Santiago, percebendo que, em 1974, apesar da voragem política, ainda havia atas das reuniões dos órgãos políticos...

Hoje, como é? Os atuais governantes terão abdicado dessa formalidade, preferindo estar permanentemente sob escuta?
E quanto ao Ministério Público, quem o escuta ou será que tem atas?




7.11.23

Um parágrafo

Na Barataria, à laia de conclusão, um parágrafo é suficiente para obrigar o primeiro-ministro a demitir-se, deitando para o lixo o voto de um país...
Claro que o país vai voltar a pronunciar-se sobre quem o deve governar. No entanto, quem é que vai garantir que os novos candidatos não estão já sob o olhar do ministério público?
Finalmente, quem é que responde pelo ministério público nesta Barataria?

Na minha opinião, o referido parágrafo não deveria surgir como conclusão, pois não remata... arruina num segundo o carácter do homem que o povo escolheu para primeiro-ministro...

No decurso das investigações surgiu, além do mais, o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do Primeiro-Ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido. Tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente. Lisboa, 7 de novembro de 2023 O Gabinete de imprensa do Ministério Público.

4.11.23

Da nomeação

Com o tempo, a Caruma fenece e com as chuvas vira pasta escorregadia... E para que ninguém escorregue, assumo, definitivamente, a autoria. Pode parecer capricho, mas não o é.
Como se sabe, o nome mais não é do que a antecâmera do anonimato. E assim deve ser!
Quanto ao tempo, as guerras mantêm o ímpeto destrutivo, em nome de causas absurdas. 

3.11.23

Aos poucos...

Aos poucos, deixo de escrever porque os factos são tão horrendos que de nada serve emitir opinião. A retórica só serve para nos confundir,  encaminhando-nos para ideias medíocres que só nos podem afastar da verdade...
Perturbado pelos factos, incapaz de contribuir para uma efetiva alteração das atitudes, abdico de escrever a ver se dou um passo para a diminuição do ruído comunicacional.
De qualquer modo, já sabia que a minha voz não move uma palha, quanto mais montanhas... 
(...)
O horror em Gaza, na Ucrânia e em tantos outros sítios persiste.

25.10.23

O que nos compromete

O que acontece é o que nos compromete. 
Para a maioria, passar ao lado é a melhor solução... Para as fações, vinga o extremismo, sempre descontextualizado...
Desta vez, António Guterres pegou os bois pelos cornos, e fez muito bem. Dentro e fora de portas, os faciosos não se vão calar.
A maioria não se compromete. Prefere ignorar.


17.10.23

Não foi fácil

Não foi fácil o ano que ontem terminou.
Esperemos que o que se inicia, felizmente com chuva, se revele menos tormentoso.
Não é só o corpo, mesmo que nem sempre seja o meu, que nos limita a caminhada. É sobretudo a alma, que nem Platão me consegue explicar de forma luminosa, que carregada de sombras insiste em desfazer a razão.
Neste novo ano, a escrita será cada vez mais restrita, pois de pouco serve espraiar-se para outras plataformas.
Esperemos, sim, que a chuva não nos falte, porque de paz andamos desconversados.

13.10.23

O desregramento...


Parece que vamos ter chuva! Esperemos que seja moderada, já que o desregramento humano campeia, da Rússia a Israel... Ambos dizem combater os extremismos, como se não tivessem responsabilidade na sua proliferação... 
Praticar o mal para destruir o mal nunca foi solução. Não quer dizer que se entregue a outra face... só que é criminoso atentar contra populações indefesas.
Esse ataque deveria ser universalmente condenado.
(Ai, o condicional...)

6.10.23

Sem defesa

 «Os escritos são peças mortas que não conseguem defender-se quando atacados.» Platão, Fedro

A dialética socrática procurava, a todo o custo, evitar a morte, só que num registo oral argumentativo. A escrita encarcera.
De certo modo, ao escrevermos, todos sabemos, de antemão, que a imortalidade só seria possível se conseguíssemos prolongar a vida...
Por isso, insistimos na ilusão até nos cansarmos, em definitivo. 
Do anátema não escapamos!

23.9.23

Bocage, tão alto!

Que apreço!

«Aqui nasceu Bocage. o de curta vida. Está no alto daquela coluna, voltado para a igreja de São Julião, e há de estar perguntando a si mesmo por que foi que ali o puseram, tão sozinho, ele que foi homem de boémia, de versos improvisados em tabernas, de tumultuosos amores em camas de aluguer, de muita rixa e vinho. (...) Quem cá ficou, abusou de quem morreu. Manuel Maria merecia uma arrebatada fúria, não esta romanização de senador que vai pregar no fórum sonetos de parabéns.» José Saramago, Viagem a Portugal.

Até a data, o deseja de Saramago (op. cit., pág. 593) encontra-se por cumprir.

Resta saber se alguém ainda o lê e, sobretudo, se o compreende...O tempo não tem culpa se a ignorância vai crescendo de tal modo que muitos dos seus poemas se tornam incompreensíveis... No entanto Bocage deveria ser um exemplo para as novas gerações. Tão alto, porquê? Será complexo de inferioridade?

18.9.23

Por agora

Atento à vida e ficando convencido que não fazemos cá muita falta...

Aqui, entre Setúbal e a Praia da Figueirinha, os sinais são contrários: a cimenteira do Outão tudo desfeia e polui... e o mar avança ao encontro da serra...
(os golfinhos passam ao largo...)

Por outro lado, ando a braços com a Diotima de Sócrates... de quem não tenho qualquer memória. 
Será trauma ou refinada ignorância?

 

14.9.23

António Costa recorda

Diz o António Costa: (No Passos Manuel, após o 25 de Abril) só havia radicais (UEC's e MRPP's, GDUP´s) e três socialistas.

Muito eu gostava de saber quem eram os outros dois, eu que tive a oportunidade de testemunhar a luta política e até de a sentir na sala de aula...
Por luta política, entenda-se o saneamento dos 'fascistas', o enfrentamento dos direitistas da linha do Estoril e, sobretudo, a rejeição dos autores neorrealistas que tinham passado a fazer parte dos programas de Português.
(Os jornalistas perderam a oportunidade de esclarecer o público.)

10.9.23

Para que serve governar em maioria?

Como todos sabemos, falta alojamento, e o que existe, muitas vezes, não obedece às regras de construção antissísmica nem respeita, por exemplo, os veios de água e a indisciplinada disposição florestal...
O que sabemos é que não estamos preparados para reduzir os efeitos de um tremor de terra mais forte. Não criamos pontos de fuga nem explicamos às populações que o nível da água do mar vai submergir uma boa parte do litoral.
Portanto, se eu fosse governo deixava de discutir a crise da habitação e dava início a um programa de  construção de alojamento descentralizado, antissísmico, e que permitisse resolver a desertificação e, sobretudo, combater a apetência pelo lucro fácil e imediato.
A discussão atual do problema da habitação é retrógrada e nunca resolverá nenhum dos grandes desafios que nos são colocados, como, por exemplo, um ataque nuclear cada vez mais provável... não se trata de resolver os problemas dos jovens, dos polícias, dos médicos, dos professores... trata-se de resolver os problemas da maioria e para isso é que os portugueses deram uma maioria ao atual governo.


7.9.23

O esmoler

Nada mal! Já encontrei o epíteto!
O rico vai atirando as moedas que lhe sobram da colecta com um único objetivo: fixar o eleitorado.
Em obediência ao princípio da igualdade, vai nivelando, sem incomodar o patronato.
O rebanho dos pobres de espírito cresce diariamente... Só que ao contrário do que possam imaginar, estes não são bem-aventurados.

O pior é que o esmoler sabe que no reino dos pobres de espírito não há ninguém capaz de lhe frustrar os intentos.... e lá vai caminhando sobre as águas da cegueira.


6.9.23

Finalmente

 

... a reparação do meu veículo vai avançar. Desde 17 de Julho que o CLIO esperava por uma decisão das companhias de seguros.
Esta espera dá para perceber que tudo serve para evitar a assunção de responsabilidades. E, sobretudo, serve para entender que há muita incompetência da parte de quem deveria ser célere na resolução dos litígios. 
(Enfim, a Justiça ou não atua ou chega quase sempre tarde. E quem é que beneficia?)
Já agora pergunto: O que é que justifica que uma companhia de seguros tenha ressuscitado um endereço de correio eletrónico inativo, do tempo em que eu fora seu cliente, isto há mais de 14 anos?
E utilizou-o para me informar (ou seria a oficina?) que assumia o pagamento da reparação do veículo...
 
Por agora só a AUTO ÍNDIA, que acolheu o veículo, se salva, pois esperou pacientemente pela decisão de reparação.

3.9.23

Inter pocula

«É por isso que um banquete político me parece um equívoco inestético. Nele, o festim se reduz a coisa pouca, mas também os discursos perdem muito do seu alcance ao serem proferidos entre copos.» Kierkegaard, O Banquete.

Raramente vou a banquetes e muito menos políticos, deixei de beber, a não ser água... café e chá... por esta ordem. Falta-me certamente a experiência solidária, ia a dizer comunitária, no entanto não vejo como é que os discursos dos políticos podem nutrir as ideias de comensais já toldados... a não ser que tudo não passe de encenação...

1.9.23

O litro de azeite


Li que o litro de azeite pode chegar aos 10 € e não estou a falar do gourmet. 
A responsabilidade é do preço dos combustíveis. Gosto da justificação.... a apanha mecânica substituiu os panos e as mãos, sem esquecer os paus...
No entanto, há uma solução: eliminam-se os homens e deixa-se a azeitona apodrecer no solo e este agradece...

Estamos a chegar àquele tempo, em que a inflação acabará  por nos atirar para os braços uns dos outros, e não será pelos melhores motivos...

(Acabei de ler um livrinho muito esclarecedor sobre o futuro que nos invade: Canibais e Reis, de Marvin Harris. Despachem-se que um destes dias, vamos ficar todos às escuras.)


29.8.23

Do Nilo para esta estranha terra...

 

Os amigos acham graça, mas isto de migrar é cada vez mais duro. Estou aqui à espera da minha companheira e ela não aparece... Não acredito que se tenha perdido nem que se tenha deixado enfeitiçar por outro ganso. Entre nós, a fidelidade não se compromete...
Por outro lado, esta água esverdeada, que desaparece aos poucos, convida-me a sair daqui. Mas para onde? Os lagos desta terra são tão pouco fiáveis.
Por vezes penso que, um destes dias, a água desaparece por inteiro... e que vai ser necessário lançar-me ao pescoço dos patos reais que por aqui vão aterrando... e lá morre, de vez,  a Moral.

A verdade é que os amigos, que se entretêm com a desgraça, andam cada vez mais sós. Falam para dentro ou talvez para fora, não chego a compreender...

23.8.23

Em análise

 

Não sei o que é que Charles Fourier teria pensado se durante 30 dias lhe fossem respondendo que 'o processo estava em análise'. Admitindo, no entanto, que Deus teria delegado a análise nos homens, é provável que não  se conformasse.

Perante o cabotinismo (escorado na IA) das companhias de seguros, as emoções por mais reprimidas que sejam podem  empurrar  o cidadão pacato para um falanstério.

O capitalismo é demasiado calculista. O cidadão que arda em lume brando...

17.8.23

Não tenho notícias

 

Não tenho notícias de D. Clemente - apenas uma lucarna semiaberta!
Há um mês que espero uma decisão das companhias de seguros - só que o tempo das seguradoras conta-se em 'dias úteis'... e o meu é inútil...
Ultimamente, ando mais atento aos traços distintivos. Por exemplo, há quem confunda uma alface com um abacate ou quem me queira convencer que uma laranja pequena é, afinal, uma clementina.... E tudo isto tem um preço!
Pela forma como vou sendo tratado, estou convencido de que não passo de um idiota, de tal modo que me apetece prometer aos portugueses que se me escolherem como ministro das finanças, o meu primeiro ato será acabar com os impostos...
Talvez seja por isso que voltei a ler  um livro, comprado por mim em 1975 -Théorie des Quatre Mouvements et des Destinées Générales, de Charles Fourier. 

O cacho promete bananas, mas o melhor é procurar uns figos. A Moral também promete o Bem, mas engana...

13.8.23

Ponte ciclopedonal cardinalícea

Se eu fosse cardeal recusaria tal honraria e nem seria preciso apelar à temperança cristã.
(Por estes dias, quantas moedas serão necessárias para abrir as portas celestiais?)
Não há clemência para tanta vaidade!
E eu que pensava que o desapego era uma virtude cristã.

PS. Parece que Dom Clemente ouve as vozes da terra e decidiu declinar o convite. Quanto ao Dr. Moedas, nem sempre é fácil distinguir a moeda verdadeira da falsa...

8.8.23

O impacto das jornadas mundiais da juventude


"Não tenham medo..." Do quê?

Fiquei com a ideia de que a omissão esconde um programa inconfessável, mas antigo: a criação de um exército ao serviço da igreja católica...

Espero, no entanto, que os jovens se deixem seduzir pela necessidade de preservar o planeta e não de o destruir.

O fanatismo é o nosso pior inimigo.

5.8.23

Da minha janela...

 

... sem o que (não) vejo e sobretudo o que não oiço. Ou será que não quero ouvir?


Este jogo entre a visão e audição regressou ao discurso dos 'espertos' de última hora... porque nada têm a dizer, apenas procuram a ribalta...

E já agora, parece que rebentou a bolha entre Loures e Lisboa... a propósito de relva e de sanitários. Entre ricos e remediados!

4.8.23

Ainda não fui espreitar o Papa


... e não sei se vá. 
Delego a minha curiosidade no Presidente Marcelo, um homem piedoso cujos gestos são arrasadores...
Entretanto, vou observando os jovens peregrinos italianos que, por perto foram alojados, e que se debatem com falta de casas de banho... Quanto à alimentação, procuram-na no pequeno comércio, evidenciando que os recursos não serão muitos... Felizmente, o Sol não lhes tem faltado! E alegria!
O que mais estranho é que os milhões de euros gastos no Parque Tejo não têm sido aproveitados - apenas estão previstos dois eventos!
Nem sequer as casas de banho, que avisto da minha janela, estão a ser colocadas à disposição dos peregrinos ...
Bem sei que o Papa não se ocupa de latrinas no sentido literal, mas há  gestos que lhe devem cheirar mal.

31.7.23

Escolhas

Tenho encontrado nos últimos dias uns tantos cristãos que porfiam em dizer-me que não são católicos, ao mesmo tempo que batem com a mão no peito.
Esta inesperada confissão deixa-me de pé atrás. Até porque os cristãos nunca foram avessos ao investimento...

(De facto, não sei a razão de tal pronunciamento. Eu nunca acreditei verdadeiramente em entidades divinas. Esse foi o verdadeiro motivo da minha saída do Seminário de Santarém em março (?) de 1971. E de lá para cá, a fé não me bateu à porta. Isto não significa que, a espaços, não tenha acreditado no ser humano... No entanto, vou sendo assaltado pela desilusão.

Da minha janela, avisto o recinto em que vão decorrer as JMJ e, sobretudo, o sapal cercado pelas águas atlânticas, sim, porque o Tejo vai continuar assoreado por falta do malfadado capital... talvez porque o rio seja católico. 
Pode ser que Francisco regresse à Natureza... nas suas homilias.  

29.7.23

Para o caso de terdes sede


 Abri bem os olhos e vereis que as torneiras não vão faltar!

Quanto à água, esperemos que também não falte ou que, em situação extrema, chova abundantemente... Só não me atrevo a nomear quem possa interceder pelos sequiosos porque, caso não tenha havido concurso público, o Tribunal de Contas não se esquecerá de erguer a sua voz aos céus...

Por mim, só espero que o esforço valha a pena e que ninguém se engasgue ou se afogue... e desejo que lá para o dia 8 o lixo já tenha sido levantado e transformado. Em quê? Não sei!

PS. Não esqueça a garrafinha, de preferência, de vidro...

26.7.23

Latidos


Os cães ladram... vá lá saber-se porquê! 
Também me apetece ladrar... e sei porquê. 
O mais fácil seria desistir, mas pra quê...
Contar uma história, criar uma narrativa, talvez! 
Porém, nenhuma história explica os latidos.
Ainda se fossem uivos... O que é feito dos lobos?

Com tantas canelas à mostra... Talvez me atire!
... mas pra quê... 
vou esperar que Francisco explique.

22.7.23

A cigarra e as formigas

É mais fácil pisar inadvertidamente uma dúzia de formigas do que observar uma cigarra por mais afinado que seja o ouvido...
 

Bem, hoje lá consegui avistar uma cigarra. A foto não é a melhor, mas registo-a aqui, pois sempre que a oiço, procuro-a intensamente...

Enfim, quem porfia sempre alcança... tal como as formigas, apesar de nós não lhe darmos a mesma atenção...

19.7.23

Novamente, o autocarro 783 da CARRIS

Hoje, não posso deixar de pensar na carreira 783 (Carris). Não sei se sabem, mas alguém teve a ideia de a bifurcar. Alterna entre o Prior Velho e a Portela.

Hoje, o painel de uma das paragens da Av. da República anunciava 2 autocarros, quase simultâneos: um para cada localidade. Só que o génio da Carris decidiu passar a RESERVADO o que seguia para a Portela, obrigando os passageiros a entrar no que ia para o Prior Velho.

Entretanto, chegados ao Campo Pequeno, foi possível observar que o RESERVADO retomava ali a marcha para a Portela, tendo ignorado os que o esperavam na paragem anterior.

Em conclusão, o cidadão que adivinhe e sobretudo que vá a pé, mesmo quando possa ter dificuldades de locomoção...

Como de nada serve queixar-me à CARRIS, deixo aqui este TESTEMUNHO de como a empresa não está ao serviço do utente...

18.7.23

O derradeiro peão



No mês em que fez 19 anos, foi abalroado por um AUDI apressado na rua Dona Estefânia (Lisboa).
Não cometeu qualquer infração: parou junto de uma passadeira para que os peões atravessassem em segurança, e depois retomou a marcha... só que, de súbito, o CLIO viu-se acossado por outro veículo que, parado na passadeira, atrás de outros veículos devidamente estacionados, decidiu precipitar-se para a faixa de rodagem...
O insólito é que, agora, o AUDI deseja ser indemnizado, pois esperava que o CLIO o tivesse visto, como se fosse o derradeiro peão.

13.7.23

Hiatus

 

O Percurso Ribeirinho de Loures, que vai unir as cidades de Lisboa, Loures e Vila Franca de Xira, prevê a construção de uma pista para bicicletas e um passeio pedonal entre Santa Iria de Azóia e a Bobadela — e tudo isto junto ao rio. Esta pista terá uma extensão de cerca de seis quilómetros, com passagens por Santa Iria de Azoia, São João da Talha e Bobadela. Assim que a obra estiver concluída, em junho, será possível circular de bicicleta e a pé entre Lisboa, Loures e Vila Franca de Xira. Já há data para a abertura do passadiço que vai ligar Vila Franca de Xira a Lisboa – NiT

Fui à Praia dos Pescadores, Santa Iria da Azoia, verificar como é que estava a ser feita a ligação que permitirá circular de bicicleta e a pé entre Lisboa, Loures e Vila Franca de Xira... e fiquei de boca aberta... Tudo o que vi foi um amontoado de sucata, que alguém tenta aproveitar, mas que só ficará limpo para as calendas lusas...


Nota: Hiatus implica a imagem de alguém de boca aberta. Relembro que já estamos em Julho. De qualquer modo, um pescador brasileiro, que acabara de chegar, assugurou-me que a inauguração está para breve... Um pouco como as corvinas que esperava pescar, apesar de não haver por ali falta de tainhas...

12.7.23

O falcão e a sereia

 

«Le style c'est avant tout le fait de n'exister que dans et par le regard ou la parole de l'autre.» Michel MAFFESOLI, La Contemplation du Monde.

O olhar fixou-se no falcão português com remos em vez de asas... no entanto, de perto, uma sereia aproveitava a sombra ou, talvez, procurasse esconder-se de um  vieirense mais atrevido...

Por ora, o melhor é não conjeturar, porque nunca se sabe quem é que vê e, sobretudo, ouve...
De facto quando fixei o olhar no falcão, não vi a sereia.

9.7.23

Os caixotes de lixo

Há os que lutam. Também há os que sofrem... e não são poucos!

E depois há os que se aproveitam da luta e do sofrimento. 

Não estou a referir-me aos que grafitam as ruas deste país desigual...

Como se pode observar, os caixotes do lixo vieram mesmo a calhar e, de certo modo, até respeitam as cores escolhidas pelo artista na popular Praia da Vieira...


 

5.7.23

Cabra Anã




Nem tudo é patético! Basta observar com atenção. 
Foi o que fiz nestes últimos dias para tentar combater a neurastenia... forma simplificada de explicar comportamentos bipolares...
Estar atento, procurar satisfazer todas as necessidades e, de súbito, o calendário colapsa: é como se todos os dias se concentrassem num só, mas alheio a qualquer cronologia...
E depois há não se sabe o quê, embora o outro seja sempre o responsável... E que outro? Esse é que é o problema maior!

( Estas cabras descobri-as em cativeiro, em Monte Real... bem longe do seu habitat natural...)





1.7.23

Patético

Viajar pelo jardim é proibitivo, além de perigoso...
No quarto, há sempre alguém a exigir dormir. Em casa, ainda vou até à sala.
Mas, aqui, a esta hora, só posso refugiar-me na casa de banho.

(Afinal, o último refúgio também me escapou! Digam-me lá que que não ando em maré de sorte!)

27.6.23

Por um instante

 


Por um instante, ficou tudo branco. Sem súbita neblina, apesar das cinzas que acabavam de atravessar o Atlântico, pensei que estava no reino da Dinamarca shakesperiano ou numa cidade branca de Saramago...

O espaço contraia-se e implodia num instante sem que o tempo desse conta.

No entanto, ainda é possível arrepiar caminho. Mudar de campo e virar o feitiço contra o feiticeiro... e este sabe melhor que ninguém que já está a desconto.

Por um instante, imagino tudo escuro... e só sinto o cheiro nauseabundo das sibilas que mergulham as mãos no lodo da hora.

26.6.23

O Grupo Wagner

Não sei se existem muitos grupos Wagner, mas o chefiado por Yevgueni Prigozhin mostra à saciedade o risco que os Estados correm ao recorrer aos seus serviços.
E nós o que é que fazemos? Em vez de condenar os exércitos de mercenários, elogiamos as suas proezas, os seus atrevimentos. Esquecemos a destruição de vidas e bens que deixam por ondam passam.
 
Bom seria, por exemplo, conhecer as ligações de Yevgueni Prigozhin a Portugal. Ou será que as não há? Recrutamento, financiamento, aquisições de propriedades, simpatias ... 
Talvez as Secretas nos devam alguma informação!

20.6.23

Vingança fora de tempo

Compreendo que João Tordo tenha escrito o romance "Naufrágio" sobre a natureza do macho... Só não compreendo porque é que vai insistindo na 'natureza humana', já que o próprio retrata Jaime como predador e as mulheres como 'presas'.
A natureza humana é um mito útil para aliviar consciências, no entanto, incapaz de acrescentar responsabilidade. Culpa, sim, porque a vitimização começa por ser um processo que esconde a incapacidade de denunciar na hora o agressor...
Enquanto não surge o alarme publico, a vítima vai sendo devorada já não pelo predador, mas por um sistema vexatório da autoestima, trate-se da abordagem religiosa ou da científica (psicoterapia) e claro... a droga e o álcool.
A queda do herói é inevitável nesta obra, apesar dos romances de Jaime Toledo albergarem todos os ingredientes necessários à alienação das suas jovens leitoras, não muitos diferentes da Bovary de Flaubert... Se o herói se salva isso é coisa de somenos, o mal já estava feito e era duradouro. 
Acossado pela demoníaca comunicação social, Jaime apercebe-se que há muito mergulhara na ilusão, soltando amarras e deixando que 'Narcisse'  se afunde em frente de Santo Amaro.. que, por esta hora, já  deve ter entrado no Paraíso Celeste...

18.6.23

Singapura?

Não sei o que é que se passa em Singapura, mas a Estatística informa que neste mês de Junho mais de 9 mil visualizações deste blogue tiveram origem neste país. Nem faço ideia do que é que lhes está a despertar atenção...
O que também me intriga é que o número de visualizações, só em Junho, já tenha chegado às 11378.... 
Temo que alguém se esteja a servir de CARUMA para fins menos lícitos.

E aposto que esta postagem vai ser ignorada. Uma visualização é o que espero!

14.6.23

A tábua

Desapareceu. Talvez fizesse falta. Foi arrancada com todo o cuidado.
Agora, só falta dar um passo em falso...com vista para a maré, cheia ou vazia. Pouco importa a vítima!
Daqui se avista o país, não o que houve, mas o que há!

Acabei de ler  As Regras da Atração, de Brett Easton Ellis. Tábua a mais tábua a menos, a receita é sempre a mesma: álcool, droga, sexo ... promiscuidade absoluta. Se a vida universitária era, nos anos 80, a retratada neste livro, então os dias de hoje estão explicados.
Este é uma daquelas obras que exige um leitor masoquista...

12.6.23

Mais um dia sem remodelação

Remodelar quem e para quê. Mais compadres a precisar de iniciação. Talvez  o vime esconda algumas moedas...
Morreu o Sílvio Berlusconi... um dos homens que mais contribuiu para a degradação da vida pública e da vida privada. O que diria Santo António deste hereje?

10.6.23

O pirómano

A cada alocução, solta uma metáfora incendiária. Não resiste, até porque em cada incêndio se imagina bombeiro...
É preciso muita paciência para lidar com esta mania. 

9.6.23

Um poeta incinerado que quer sobreviver nos oceanos...

« há não sei quantos mil anos um canavial estremeceu na Assíria
e um douto poeta inscreveu esse tremor num curto poema lírico
lido agora por mim junto a um canavial nos subúrbios de Lisboa
e eu penso que os dois canaviais estremeceram igualmente
a tantos tempos e lugares de distância
e só se extinguirão devorados pelo fogo
quando o fogo devorar a terra inteira»
     Herberto Helder, A Morte Sem Mestre

Maldita ideia!
O Fogo acabará por incinerar a Terra...
Este otimismo parece ser bem aceite por quem opta pela incineração. Sentimento de culpa?

7.6.23

' o psicológico '

Aqui, os pacientes sujeitam-se a múltiplos tratamentos. Em princípio, estão obrigados a fazer fisioterapia para recuperarem de todo o tipo de acidentes...
No entanto, acabo de ouvir uma utente dizer que 90 por cento destas pessoas não têm qualquer mazela, a não ser" do psicológico"....
Não percebo bem o que é que ela faz nesta sala de espera... Talvez tenha entrado no pavilhão errado.

1.6.23

Os pés vagarosos

Areia... Céu encoberto. Alguns banhistas. Sem saber se a maré sobe ou desce... E isso que interessa?

Por vezes as palavras sobem no avião que regressa de outras horas duras, agora dolorosamente aprazíveis, incapazes de descer com as aves que mergulham os bicos na espuma das ondas...

Não basta fazer de conta... Ainda se tudo não passasse de ilusão... os pés vagarosos, desta vez, não se perderam.

E barcos lá bem longe...

28.5.23

O livro por escrever...

Herberto Helder: «escrevi porque tinha um problema de ódio a resolver.»

Eu nunca fui capaz de odiar ninguém, isto não quer dizer que não tenha sido atormentado aqui e ali. No entanto, preferi seguir caminho à espera que o tempo tudo sanasse...
Talvez não tenha sido a atitude mais adequada, mas não me passava pela cabeça resolver os conflitos através da escrita panfletária ou outra...
O que de aqui resulta é que os curiosos ficaram sem acendalha para darem satisfação à coscuvilhice que lhes mina a mente.
E assim se explica porque nunca escrevi um livro...

21.5.23

Aposta falhada

 «Car on instruit les ignorants pour que, d'ignorants qu'ils étaient, ils deviennent des gens instruits.» Maître Eckart, La Divine Consolation


Sinto-me traído. O espectáculo dos últimos dias revela que, se houve alguma aprendizagem, foi a da dissimulação, com o único objetivo de chegar o mais depressa possível ao pote. Toda a argumentação é pidesca e obscena, encapotada, no entanto, de espírito democrático.

(Cuidado com os poços! Quando menos esperamos, surgem os cavacos escondidos pelas silvas...)

18.5.23

Era necessário fazer-lhe a folha!

Afinal o Dr. Pinheiro vinha do Gabinete anterior, com o monopólio do dossier TAP... Não é difícil imaginar que o Gabinete constituído em Janeiro, incapaz de compreender em tempo útil o que estava em causa,  entrasse em conflito com o Adjunto...
Das audições de ontem, fiquei convencido que a familiaridade que governa estes gabinetes só pode acabar em violência, até porque a sua constituição já é indicador suficiente... sem ser mesmo necessário falar do protagonista que se esconde numa chamada telefónica para demitir o Dr. Pinheiro...
Consta que outrora o Dr. Salazar também tinha o costume de demitir os ministros pelo telefone...

14.5.23

Da poeira das praias almadenses

Hoje, fui à Praia da Mata... Continuo sem perceber por que motivo a Câmara de Almada não cuida dos acessos...É só pó, poeira!
Provavelmente, o povo procura ali o pó em que se há de tornar e que, paradoxalmente, seria um dos indícios da alienação, na vulgata marxista...
Só que este povo já não é de Deus, a não ser por precaução, não vá a eternidade estar à sua espera... 
Se eu vivesse para (e em) Deus, não estaria aqui a queixar-me, nem sequer me aperceberia da sujidade que me envolve o corpo... 
O batismo teria sido suficiente e a poeira não me afetaria a ideia...

10.5.23

O sentimento

«Um sentimento é um estado afectivo que se produz por causas que o impressionam. Estas causas podem ser alegres e felizes, ou dolorosas e tristes. O sentimento surge como resultado de uma emoção que permite que o sujeito esteja consciente do seu estado anímico.
Os sentimentos estão vinculados à dinâmica cerebral e determinam de que forma uma pessoa reage perante distintos acontecimentos. Trata-se de impulsos da sensibilidade relativamente ao que se imagina como sendo positivo ou negativo.
Por outras palavras, os sentimentos são emoções conceptualizadas que determinam o estado afetivo. Sempre que os sentimentos são saudáveis, o estado anímico alcança a felicidade e a dinâmica cerebral flui com normalidade. Caso contrário, o estado anímico não está em equilíbrio e podem surgir perturbações como a depressão.
As alterações nas cargas emocionais determinam as características dos sentimentos. As emoções podem ser breves no tempo, embora possam gerar sentimentos que se mantêm durante períodos bastante extensos.
Os sentimentos podem ser positivos quando promovem boas ações, ou prejudiciais se fomentarem más ações. Neste último caso, é importante que o homem consiga dominar os seus sentimentos e modificá-los. Por exemplo: Um sujeito que sinta ódio planeia realizar um assassinato. É portanto imprescindível que essa pessoa controle o seu sentimento de ódio de modo a evitar o crime.
A pessoa nunca se deve guiar unicamente pelos seus sentimentos, uma vez que estes são instintivos e, como tal, podem representar uma perda de liberdade para o ser humano ou promover actos irracionais, tal como mencionado no exemplo anterior.»

A citação vai longa, mas o objetivo é clarificar o significado de uma palavra que se vulgarizou de tal modo que a irracionalidade campeia...  Uma guerra não tem início apenas porque o tirano assim o decide, mas porque nos esquecemos de que a paz deve ser preservada a todo o custo.

7.5.23

Na Almirante Barroso


Esta é a minha janela. Sempre que regresso, estaciono nesta rua, dou uma espreitadela aos jacarandás e verifico se os contentores do outro lado do gradeamento já foram retirados... De novo, só a flor que se vai repetindo anualmente... e já passaram três anos.
No entanto, na última noite, voltei à caixa geral de aposentações a participar a minha decisão de me aposentar em definitivo, e já não é a primeira vez que tal me acontece... Numa estranha caixa de areia, com pequenos vales e algumas colinas, ficou registado a chumbo que o melhor é deixar de olhar para trás, até porque o futuro não se deixa vislumbrar.
Regressei ao restaurante chinês da rua Actor Taborda, nº51, porque o Dia da Mãe lá me levou, apesar da minha já ter partido, levando consigo o que nunca pudemos dizer...

2.5.23

O poder enlouquece

Acabo de ler O rei Lear, de William Shakespeare.
O que é que posso dizer desta tragédia? Pouco. Nunca fui rei, mas compreendo que há momentos em que começamos a errar as escolhas que fazemos... E quando tal acontece, não há volta a dar, pois o que move os herdeiros (e os súbditos) são as paixões... e estas rapidamente se desinteressam do bem comum...

Creio que o António Costa, tal como o rei Lear, já se deixou enredar pelos seus favoritos, perdendo assim o pé da governação. A vantagem dele (desgraça nossa!) é que ele não é o último louco... o Marcelo tudo fará para o ofuscar.

Esta manhã, ainda não tinha concluído a leitura, e já começara a pensar que a passagem do tempo em nada contribui para aprimorar da inteligência: a lucidez é um privilégio de muitos poucos, concedido pela hora em que se nasce...

29.4.23

Se não fossem as flores...

o que seria de nós?
(O que será de nós? Há regras que convém venerar...)

Em tempos de indisciplina, já não sei o que pensar... a liberdade justifica tudo até ao dia em que seja necessário aprisioná-la para que possamos sobreviver (mau argumento, bem sei!).

No que me diz respeito, já não tolero a comunicação cada vez mais determinada pela vontade de instalar o caos.
E, infelizmente, já não suporto um governante que parece viver numa torre de marfim e que se revela incapaz de reconhecer que tem vindo a fazer más escolhas para ministérios decisivos para o futuro do país...
Espero que Maio, para além das flores, traga clarividência e coragem para deitar fora a fruta podre... e já agora que a nova seja colhida diretamente na árvore, evitando qualquer tipo de frigorificação.


25.4.23

Neste estranho 25 de Abril

Hoje, a 25 de Abril, acabei de ler MACBETH... 
Tantos assassinatos justificados pela ânsia de poder; na assombra, o punhal serve o déspota, acicatado por uma mulher estéril e que, a cada momento, o acusa de cobardia...
Nesta data, em nome das liberdades, dentro e fora do Parlamento, desrespeitou-se o 25 de Abril... Infelizmente, parece que há cada vez mais discípulos de MACBETH...

24.4.23

Livros usados

Se procura livros usados, entre em contacto... (macagomes@hotmail.com)

Domínios:

Literaturas (lusófona, francesa, comparada...)

Ciências humanas (psicologia, psicanálise, sociologia, antropologia...)

Didática da língua e da literatura portuguesa

20.4.23

Tanta água...

Tanta água, e só um pato real!

Em terra, tantos patos... e um rasto inclassificável... um labrego em cuecas expõe-se à espera de ser pescado. 

Entretanto, a maré vai cheia e o peixe escapa-se para águas profundas.

(Na Praia dos Pescadores, Póvoa de Santa Iria, só havia 4 canas de pesca debruçadas sobre o Tejo, absortas... talvez fossem do labrego ao sol, quem sabe...)

16.4.23

Imperdoável




De memórias, há quem diga, se nutre o presente. Só isso!

No entanto, imperdoável  é deixar de ver as borboletas e de ouvir os melros...

Como prova de que não se deve viver só de memória, acabo de avistar uma pega rabuda às portas de Lisboa...

Isto sem falar do que vamos guardando no inconsciente, de forma voluntária ou não...