29.3.24

em letra pequena...


É visceral: odeio o calor e a seca. Como tal, neste mês de março, não me queixo nem sequer dos políticos.
Não se entendem, compreendo. Passam demasiado tempo ao sol!
Agora que estou a ler a Ilíada, percebo que os políticos, tal como os guerreiros do tempo homérico, apesar de valorizarem a força e a manha, não passam de bonecos manipulados por deuses caprichosos, sedentos de sangue humano.
Um único conselho para os meses que se avizinham: não se esqueçam de Zeus!

22.3.24

A lei das marés


A maré vai começar a encher e os detritos ficarão, por um tempo, submersos. Estejamos atentos ao que ela no traz!
Inevitavelmente, a maré voltará a vazar e detritos voltarão à tona.

É impossível escapar!

(Ainda pensei que se tratasse de um arado cansado de sulcar o mar da palha...)

18.3.24

Nuno Júdice, são as flores que ficam...

 (29-04-1949 - 17-03-2024)

Nunca fui próximo do Nuno Júdice, embora me tenha cruzado com ele várias vezes num lugar que merecia a sua atenção: a Escola Secundária de Camões. Talvez porque se mantivesse fiel às suas antigas (os) alunas (os) ou aos companheiros (as) de viagem. 
Pareceu-me um homem tímido..., como se pedisse desculpa ao chão que pisava... na verdade, talvez fosse bem diferente. No entanto, eu não me aproximei... deixava-o com os amigos.

Creio que, nesta hora, o melhor que posso fazer é transcrever o soneto RAMO, da obra O Breve Sentimento do Eterno:

Vejo a erosão das palavras na Terra
da frase. Transformam-se em lama;
misturam-se com as folhas. Um húmus
de sílabas alimenta o verso.

Com a primavera, o poema nascerá;
e as suas flores cobrirão o campo
com um brilho transparente, deixando
ver o interior de cada imagem.

Corto-as do caule para fazer o ramo
que ponho no vaso da estrofe,
para que não sequem nem murchem.

São as flores que ficam, as que
duram para o inverno, as que
resistem ao vento, à angústia, à morte. 

14.3.24

Os sinais poderiam ser de Primavera

 

As flores estão aí! No entanto, os cravos murcharam. E a culpa não é dos capitães... é de quem se deixa convencer de que há soluções fáceis.

De pouco servirá celebrar os 50 anos de Abril, se a contrarrevolução está em marcha acelerada. E para a maioria, este caminho é de futuro...

Triste futuro este que se avizinha!

(Por mim, fica a esperança de que esta ilusão se desvaneça rapidamente, até porque, ao contrário do que muitos acreditam, desta vez não estaremos sós. Para o bem e para o mal!)

6.3.24

Em Março

 

Voltei ao Oceanário.
Das espécies vistas, poucas recordava. O problema deve ser meu.
Sei que as lontras já não se chamam Amália ou Eusébio... Não sei se há por lá algum CR7, talvez o tubarão...
Do Peixe-Lua, parece-me que lhe falta uma parte, talvez as silvas que, noutros tempos, imaginei, seguindo a lição rústica...

(...)

Em respeito pelo 25 de Abril de 1974, dia 10, tenciono votar, mas tenho um problema: ainda não entendi se há alguma proposta que vise criar condições para um país mais educado, mais produtivo, mais solidário. Só me apercebo de ajustes de contas e de regresso ao passado ou, então, à conveniência de manter tudo na mesma.

Espero que o problema seja meu, pois não consigo ultrapassar a condição de rústico, mesmo vivendo à beira da cidade.