(29-04-1949 - 17-03-2024)
Nunca fui próximo do Nuno Júdice, embora me tenha cruzado com ele várias vezes num lugar que merecia a sua atenção: a Escola Secundária de Camões. Talvez porque se mantivesse fiel às suas antigas (os) alunas (os) ou aos companheiros (as) de viagem.
Pareceu-me um homem tímido..., como se pedisse desculpa ao chão que pisava... na verdade, talvez fosse bem diferente. No entanto, eu não me aproximei... deixava-o com os amigos.
Creio que, nesta hora, o melhor que posso fazer é transcrever o soneto RAMO, da obra O Breve Sentimento do Eterno:
Vejo a erosão das palavras na Terra
da frase. Transformam-se em lama;
misturam-se com as folhas. Um húmus
de sílabas alimenta o verso.
Com a primavera, o poema nascerá;
e as suas flores cobrirão o campo
com um brilho transparente, deixando
ver o interior de cada imagem.
Corto-as do caule para fazer o ramo
que ponho no vaso da estrofe,
para que não sequem nem murchem.
São as flores que ficam, as que
duram para o inverno, as que
resistem ao vento, à angústia, à morte.
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