Um pouco mais cedo
Para ti, que lutaste sempre,
Que nunca pensaste que o teu fim estava ali, naquele lençol branco,
asséptico.
Que nem sequer esperaste pela meia-noite!
Foste embora um pouco mais cedo...
A morte é sorrateira, apressa-se invisível,
Esconde-se dos sentidos, destrói numa euforia devastadora.
Em certos casos, no entanto, a morte é mais leve do que a vida.
Anoitece apenas.
A vida, essa, pesa desmesuradamente.
Absurdamente.
(12/12/2005)
Aproxima-se
Cercam-me os fios dos teus cabelos
nocturnos silenciosos
Despontam em números proibitivos
os teus ávidos dedos
Parecem querer aproximar-se no mar largo
que fica para além do Sol
(22/1/2006)
Passei por lá e não te vi!
Refletia só a modesta jarra
Sombra ténue da tua presença.
Passei por lá e só ouvi
Sob a capa da terra
O eterno incómodo
dum involuntário queixume.
Passei por lá e não senti
a força da tua mão
E saí a procurar flores
esquecidas da tua presença.
Passei por lá e só vi
o olhar vazio
do corvo faminto.
(2/3/2006)
Se tu soubesses
O lugar donde partiste
tinhas ficado um pouco mais
Se tu soubesses
As máscaras que nos cercam
tinhas ficado um pouco mais
Se tu soubesses que as máscaras
ensaiam uma dança metálica
de espectros
Se tu soubesses
O lugar que me deixaste
tinhas ficado um pouco mais
Um lugar onde seduz um rosto sem luz
(1/7/2006)
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