20.8.08

Arenas de Cabrales

Há por aqui muito queijo, mas as cabras e as ovelhas não estão visíveis.Não é preciso procurar muito para descobrir as esplanadas ocupadas pelos seguidores de Baco.
Em Agosto, Arenas de Cabrales é ponto de passagem para o funicular que leva à aldeia de Bulnes. São apenas 6 Km. Mas é preciso partir cedo, para assegurar o estacionamento do camping-car. E o regresso é uma aventura: uma das faixas da estrada desaparece durante kilómetros... E, então, se o condutor continuar sem óculos!

15.8.08

Do rio CARES à Torre FRIERO...

O alvo é registar a confluência entre a água do rio que corre entre penhascos e o cume da montanha que o alimenta. No meio, uma mancha vegetal que esconde o reino animal. Por aqui só passa quem procura despojar-se da vaidade humana.
/MCG

O rio CARES

Para aqui chegar foi preciso subir a bom subir e enquanto se sobe a encosta só pensamos onde o caminho nos pode levar. Quando lá chegamos até podemos pensar que a rocha se torna o obstáculo que interrompe a calma do fluxo e precipita as emoções que provocam a queda da pobre avezinha… De repente, lembrei-me do rouxinol do Bernardim… mas isso já é literatura. E desta, tenho por perto "Que farei quando tudo arde?" do António Lobo Antunes. No entanto, tenho que confessar que as encostas destes montes despertam-me mais emoção que as artísticas metáforas do António...

A simplicidade

Nos momentos de infortúnio, olhar a vida vegetal e animal pode ser uma solução. A expectativa mata o momento e, nestes casos, há que preenchê-lo. Nada melhor que percorrer e observar a natureza. Tudo parece simples, mas o instante em que as asas da borboleta se expõem pode ocupar-nos de tal modo que não há infortúnio que nos ocorra...

14.8.08

Santa Marina de Valdeón, de longe

Para aqui chegar, é necessário querer afastar-se do bulício, querer evitar os engarrafamentos e acreditar que o gasóleo não faltará nem se sofrerá um furo ou, no pior dos casos, um choque frontal... E mesmo assim ainda há dias em que os óculos (as gafas) se quebram e as mercearias não passam de uma miragem... Quanto aos caminhantes de Santiago, são admiráveis quando cumprem efectivamente as promessas que os orientam... A mim, falta-me esse espírito; duas horas de caminhada bastam-me e deixam-me os ossos em pânico...

11.8.08

Por terras de Cantábria...

O camping "La Viorna" está situado a 1 Km de Potes, na direcção  do Mosteiro de Santo Toríbio de Liebana (Cantábria..., aliás, hoje, 10 de Agosto, é o dia desta Comunidade!). O antigo mosteiro beneditino vive da "cruz", outrora lugar de suplício e, com a morte de Cristo, tornou-se promessa de vida.

Depois de ter visitado Potes, lugar turístico construído sobre as margens do rio Deva e, pelos vistos, impulsionado pelo marquês de Santillana no séc. XV que, à época, mandou construir a Torre do Infantado, onde provavelmente encerrava os relapsos à justiça que exercia por toda a Liebana,

                                     parti, a pé,  para o Mosteiro de Santo Toríbio, reconstruído nos anos 50/60 do séc. XX, e entregue aos franciscanos. Como não era a (minha) hora, não aproveitei para beijar a cruz de prata dourada, que encerra o lenho original, símbolo da vida. Estou sem saber se Toríbio viveu no séc. V d.C., ou mais tarde, mas parece que terá sido na sua deslocação à Terra Santa que recolheu um pedaço do pau de cedro que suportou a morte de Cristo. O Mosteiro fica situado num lugar altaneiro e estratégico, de onde os monges podiam avistar a tempo os inimigos de Cristo, para além de poderem contemplar o maciço rochoso que os envolve. No Inverno, este lugar seria certamente inacessível!

                                 Agora que o tempo está a mudar, as nuvens abatem-se sobre os Picos da Europa, vejo-me obrigado a confessar que foi necessário aqui chegar para que finalmente lêsse A MORTE DE IVAN ILITCH, de Lev Tolstoi, novela datada de 1886. Uma escrita minuciosa e descarnada que põe a nu a fragilidade do homem no momento de enfrentar a morte. E, sobretudo, reflecte sobre a mentira da vida, num tempo em que ainda se procurava acreditar na verdade.

Da leitura desta obra, retiro a ideia, que me não é estranha, de que a doença nos torna  insuportáveis para os que nos rodeiam (familiares, amigos...). Pior do que o envelhecimento, a doença cria uma hostilidade que nos mina até que "ela" nos sufoque... Tolstoi, nesta pequena narrativa, coloca-nos perante a doença, como eu me encontro perante a grandeza e o peso das montanhas que me cercam...

1.8.08

Os frabões

São ardilosos e vaidosos. Olham-nos lá do alto, com comiseração. O povo nada sabe e devia estar agradecido.

Se o Presidente se interroga sobre a perfídia que lhe quer furtar o pouco poder de que ainda dispõe, o unanimismo responde que o Senhor Presidente acordou tarde e mais valia ter ido de férias.

Em Portugal, o Presidente deve ir a banhos e no tempo de sobra, o melhor que tem a fazer é ajudar a Senhora, sua esposa, a limpar o pó aos presépios.

Afinal, as Ilhas há muito que deixaram de ser nossas! Os frabões aderiram à descolonização mental:

Abaixo os símbolos!

Acima os interesses!