26.4.25

Do Pulo do Lobo a Mértola


Estive em Mértola, mas o que despertou mais a minha atenção foi o rio Guadiana.
Claro que a vila velha impressiona: ruelas estreitas, floridas, com uma vista extraordinária para o rio e para o castelo... tudo alimentado pelo poder autárquico. Os turistas alimentam os hotéis e os restaurantes... A população é quase invisível. De certo modo, as aves são mais audíveis, embora esquivas. Quanto ao passado, dou a palavra aos arqueólogos: as escavações continuam...




19.4.25

Ver as coisas

Estamos a perder a oportunidade de ver as coisas como elas são, preferimos o reflexo, e nem sequer esperamos vê-las mais tarde, numa dimensão anunciada, mas para a qual não fomos formatados.
Vivemos do reflexo, não das coisas, mas de nós próprios - de sonhos, de medos. Incapazes de respeitar os outros, porque, afinal, não os vemos. Se existem, é para nos servir...
Nesta Páscoa, o que é que há para ver, para além das imagens de que nos podemos desligar? A não ser que no palco, surja algum holograma, continuamos incapazes de nos libertar...

10.4.25

Não é espuma...

 

Não é espuma, é a essência dos dias de que nos vamos afastando. Preferimos discutir as tarifas americanas, como se tivéssemos abdicado de procurar a autossuficiência. 
Preferimos viver de fundos europeus que nos permitem todo o tipo de importações, muitas vezes supérfluas...
Detestamos o trabalho e perseguimos quem trabalha, vivendo cada vez mais de subsídios. Só assim nos sentimos vivos!
Um destes dias, vamos a votos, sem querer pensar que podemos perder o subsidio, porque iremos votar a favor da guerra, desde que outrem esteja disposto a dar o corpo ao manifesto... 
Ainda não percebemos que o tempo das invasões franceses, das grandes guerras e da guerra colonial já acabou. 
Agora a guerra é outra e exige mais inteligência, inclusive para combater a IA.

3.4.25

O Cemitério do Elefante Branco

Para quem gosta de compreender a contemporaneidade, designadamente de raíz lusófona, é imprescindível ler o conjunto de estudos sobre 'retornados e ficções do império português' da autoria de João Pedro George.
Trata-se de uma obra bem documentada sobre o modo como o 'êxodo' africano foi acolhido e percepcionado no Portugal 'europeu'.
A atenção dada às publicações, que sobre a matéria foram sendo publicadas no pós-25 de abril, é exaustiva e evidencia a natureza do trabalho editorial desenvolvido. Primeiramente, de contestação do processo de descolonização e dos seus intérpretes, e depois de 'apagamento'  das vítimas do colonialismo... No essencial, explica a visão que, hoje, continuamos a ter do Outro... seja refugiado, imigrante...
Pessoalmente, esta leitura obrigou-me a questionar a posição de alguns escritores 'engajados' que costumava considerar como 'esclarecidos'... e, por outro lado, confirmou-me que a os 'best-sellers', gerados no seio dos órgãos de comunicação social mais não são do que formas de ganhar dinheiro à custa da nostalgia... e do branqueamento da realidade... 
Tudo a branco, mesmo que se seja negro!

31.3.25

Com pés de betão...

 

Com pés de betão nem o vento nos arranca do chão... e nós gostamos de quem carrega na transparência..., mesmo que isso signifique enfiar-nos a carapuça...

A tradição consagrou o princípio de que, conquistado o poder, tudo devemos fazer para que o preservemos, isto é, estejamos de pedra e cal...

Há, no entanto, quem à pedra prefira o betão. E à cal, os meios de comunicação, formais ou informais...

29.3.25

A chuva de Março

 

Dizem-me que choveu muito em Março. Desconfiado, resolvi visitar as Portas do Sol, em Santarém.
Chegado, fui surpreendido por um caudal amarrado às margens e que em nada pode ser comparado às cheias de outrora. 
Sempre tinha motivo para desconfiar: a comunicação social abusa da falta de memória do cidadão... Repete à exaustão pequenos detalhes com o objetivo de nos estupidificar...
E o que é válido para a chuva também se aplica à política!
Quanto à cidade de Santarém dá pena. O casco da cidade está cada vez mais degradado. Basta observar o estado do Teatro Rosa Damasceno... e quanto aos novos habitantes, o melhor é calar. 

23.3.25

Dizem-me...

Dizem-me que a Primavera já chegou. Certamente, temerosa. Quanto a isso, nada devo acrescentar a não ser que o Martinho terá vindo fora de estação, pois para novembro ainda falta um tanto... 
Dizem-me que nos Estados Unidos da América chegou um déspota, de seu nome Trump. Apressado, procura açambarcar terras e minérios, eliminar o que resta da Liberdade... provavelmente nem as estátuas se salvarão...
Dizem-me que o tirano Putin quer a paz oferecida pelo amigo Trump, ignorando a vontade da Ucrânia... Isso, no entanto, é uma fantasia dos estrategas e dos comentadores. Putin alimenta-se da guerra, tal como Netanyahu... Sem ela, seriam banidos...
Dizem-me que o Montenegro se candidata nas eleições legislativas de maio, não me espanta, porque, afinal, ele tem sucesso nos negócios... Parece que o sonho de uns tantos é serem montenegros.