16.4.09

Mas parece que...

"Mas parece que das desaventuras há mudança para outras desaventuras, que do bem não a havia para outro bem." Bernardim Ribeiro
Parece que em cada dia que passa nem a mediocridade escapa à mudança para pior! Quanto mais descemos mais enfunamos.
Do nosso quarto, espreitamos o mundo pela janela, sem a abrir. Preferimos as pantalhas à luz crua da vida...
O rio, supõe-se, continua a correr lá longe, mas há muito que abandonámos as suas margens!

14.4.09

Pensar que não sou sozinho...

Torre de Menagem (séc. XII)
Igrejas da Misericórdia e de S. Tiago (séc. XVI)
Ribeiro Sanches, ilustre estrangeirado (séc. XVIII)

As fotos desaparecidas (de Penamacor) que aqui coloquei são o meu modo de dizer que não é possível construir uma identidade colectiva, prescindindo de um olhar atento sobre o património natural e edificado ao longo de séculos. A memória horizontal é efémera e caprichosa, incapaz de estabelecer nós com o passado. É construída sobre areia movediça.
O sentimento identitário exige a combinação da memória horizontal com a memória vertical. Sem essa articulação deixa de haver solidaridariedade, noção de pertença e a liberdade vira acto gratuito.
O que há de comum nestas fotos é a acção de conquista: do território, da espiritualidade, da solidariedade, do conhecimento ao serviço da humanidade, mesmo que isso signifique sacrifício, perseguição, desterro...
A estrada que vou percorrendo é sinuosa para que, pelo menos, nas curvas possa olhar para o lado e para trás e pensar que não sou sozinho...

Da ambiguidade...

Quem vive na ambiguidade, mais cedo ou mais tarde acaba sem amigos.

11.4.09

Pegas no Freixial

Pegas azuis no Freixial (Aranhas). Na Idanha, elas eram pretas!? Estou sem perceber estes desmandos da natureza num raio de 35 km. Parece, no entanto, que as pegas têm uma história muito antiga. Só não compreendo por que motivo não me lembro das pegas da Serra de Sintra, à excepção das do Paço Real.
Pega gulosa, sem vertigens!
Um cuco! Quem diria que ao cantar, o cuco prevê a queda de neve? O tapete é de rosmaninho.
Pinheiro doente. Por aqui, os pinheiros estão todos doentes e parece que ninguém se incomoda.
De vez em quando, lá vou dando sinal de mim! Não estava a ouvir a triste avezinha do Bernardim nem a queria ver cair morta que o mundo já vai tão em desgraça!

6.4.09

Barragem de Idanha-a-Nova

Para além da barragem Marechal Carmona, é de destacar a hidráulica agrícola, inaugurada em 1946 por Oliveira Salazar, com o objectivo de fomentar a agricultura, permitindo a fixação das populações. À primeira vista, o objectivo do Estado Novo continua por atingir. Para o visitante, existe um bom parque de campismo junto à barragem, apesar de, em abril, manter os principais equipamentos encerrados. É pena que a Orbitur não esteja mais atenta, pelos menos à semana da Páscoa!  No entanto, para quem seja avisado, ou seja não se tenha esquecido de se abastecer no supermercado, vale a pena pernoitar na zona para fruir a paisagem, ouvir a passarada, calcorrear os vários itinerários, e finalmente repousar do bulício citadino e do lixo comunicacional.   

2.4.09

O dia das verdades...

A tradição que consagra o dia 1 de Abril como o dia das mentiras deve ser mudada. De facto, todos os dias passaram a ser dias mentirosos, por isso proponho que doravante o dia 1 de Abril passe a ser o dia das verdades.

1.4.09

Digressão por fazer…

Na vida portuguesa, há coisas que não consigo entender. Por exemplo: Por que motivo há tanta gente a queixar-se de que é pressionada a torto e a direito. (Parece-me perfeitamente normal que isso aconteça.) O que é inaceitável é que já não haja homens ( e mulheres) íntegros, capazes de ignorar as pressões e cortar a direito, doa a quem doer. Inspectores, procuradores, juízes, árbitros, polícias várias, advogados, jornalistas passam os dias a levantar suspeitas sem apresentar provas, e, sobretudo, sem utilizarem os poderes de que dispõem para encostar à parede os prevaricadores. Qualquer malhador de púlpito ou de ministério os aterroriza!

No fundo, tudo se resume a uma educação mole, frouxa e céptica. A educação romântica conduziu à moleza e à fraqueza suicida. Por seu turno, a educação realista mergulhou-nos na descrença anticlerical e no cepticismo como forma de vida (a abulia). A educação republicana gerou a anarquia e o bolchevismo que o Estado Novo se encarregou de esconder no fundo da sacristia e de eliminar nas salas de tortura e na frigideira do tarrafal.

Esgotados, acreditámos que a revolução estava na rua, e a educação desapareceu nas secretárias dos burocratas e nas palavras de ordem de novas seitas que permanentemente atacam o erário público.

Digressão feita, penso que já compreendo o que ao princípio me assombrava.