10.4.16

A velha Índia

 «Pertenço a um género de portugueses / Que depois de estar a Índia descoberta / Ficaram sem trabalho...» Álvaro de Campos, Opiário.

Para lá do verde, o investimento alemão; por detrás, o que resta da velha Índia –  a ponte.
Bom seria que os políticos  se empenhassem mais em construir pontes do que em destruí-las.
(...)
Na Índia de hoje, a tragédia:
«O incêndio que deflagrou este domingo num templo indiano, provocado por fogo-de-artifício, causou pelo menos 102 mortos e 280 feridos, segundo um novo balanço oficial. Milhares de indianos juntaram-se na madrugada de hoje num templo hindu de Puttingal Deva, na província de Kerala, sul da Índia, para celebrar o festival Vishu, quando o local de lançamento do fogo-de-artifício a ele associado foi alvo de uma explosão.» Correio da Manhã

9.4.16

A Voz inútil é um modo de dizer

A Voz inútil é apenas o modo de dizer que naquele serviço o número de enfermeiros é de tal forma reduzido que não sobra ninguém para responder às questões dos familiares dos doentes.
Curiosamente, no serviço de internamento, o familiar e o amigo do doente são esclarecidos de que só o médico pode dar informação e como tal o melhor é ligar para a unidade, só que do outro lado irrompe uma Voz inútil...
Chegados à unidade, por exemplo de Cuidados Intensivos Neurocriticos, não há médico à vista, e apenas se vislumbra um enfermeiro em frente de um terminal de computador, provavelmente a preencher a ficha clínica dos doentes...
De qualquer maneira, não me posso queixar: o António está a recuperar bem da intervenção... e cá fora sempre pude observar o castelo de S. Jorge, apesar de bem distante.

A Voz inútil

Estou desde as 18 horas de ontem a ligar para o serviço de neurocirurgia do Hospital de S.José. O telefone toca durante meio minuto até que uma Voz 'responde', Lamentamos, de momento não é possível atender. Volte a ligar mais tarde.
Bem gostaria de saber de quem é esta Voz e quanto é que lhe pagam para realizar esta tarefa inútil.

Lá terei que me mexer e cumprir o preceito: Quem quer vai, quem não quer manda!

8.4.16

Partiu o ministro caceteiro

«Entretanto, o António Costa deve lembrar a João Soares que não precisamos de um ministro da cultura trauliteiro.» Caruma, 1 de Março de 2016

A nomeação de João Soares para ministro da Cultura só não me surpreendeu por ele ser filho de quem é. A Comunicação Social celebrou o 'homem de cultura', embora eu nunca tenha percebido porquê. Conhecia-lhe a arrogância que o levou a perder a renovação do mandato para presidente da CML, conhecia-lhe  o descaramento que o levara a apoiar Savimbi, contribuindo para a manutenção da guerra civil em Angola, conhecia-lhe as relações pouco recomendáveis com investidores chineses interessados na propriedade alentejana e não só...
No essencial, a cultura de João Soares resume-se a um discutível círculo de relações, com enorme dificuldade em aceitar a crítica... e que por isso reage como se ainda vivêssemos no século XIX.

7.4.16

Idalécio ou 'aquele que tem o espírito forte'

Passei anos a guardar papéis e eles são tantos e já amarelecidos que já não tenho paciência para os recuperar. Talvez pudesse digitalizá-los ou até copiá-los para o computador, mas falta-me o tempo e, sobretudo, sobra-me a ideia de que estes não iriam interessar a ninguém.
Apetece-me rasgá-los, de vez! De tempos a tempos, inicio a tarefa, mas acabo por suspendê-la. Vá lá saber-se porquê!
Nos últimos dias, tenho vindo a pensar que, definitivamente, perdi a hipótese de enviar os meus papéis para o Panamá.
Triste sina! Chego sempre tarde! Eu que prezo a pontualidade... a culpa é dos meus pais que não quiseram dar-me o nome de  Idalécio

6.4.16

De passagem...

Há tanta gente a necessitar de ajuda!Tanta gente em movimento!
Com maior ou menor diligência, desenvolvem-se estratégias de acolhimento e de integração. No entanto, quando se pensa na aprendizagem da língua portuguesa como forma de integração, há um momento em que todos desaparecem, como se o inglês bastasse para eliminar as fronteiras.
Afinal, o que se desenvolve através do ensino em inglês é uma nova forma de assimilação, em que as escolas em geral e, em particular, as universidades não passam de barrigas de aluguer.
A integração pressupõe o conhecimento da cultura do lugar, da sua especificidade linguística e histórica. Sem esse conhecimento, o imigrante e o refugiado (categorias, por vezes, indistintas) estarão só de passagem, mesmo que a linha que separa a vida da morte possa ser muito ténue... 

5.4.16

O mal-estar destes dias

Há sempre um dia em que a intimidade acaba exposta, mesmo se por prevenção ou para despistar sintomas recorrentes.
Há sempre um dia em que um amigo se prepara para regressar às mãos do neurocirurgião, mesmo se para por cobro ao crescimento de um cisto indesejado.
Há sempre um dia em que um filho decide regressar a Ancara, capital de um país, onde a repressão das oposições é cada vez mais frequente e violenta.
Há sempre um dia em que um colega nos parece ter subitamente envelhecido... 
Este é um desses dias!

(...)
Para a semana, esperemos que o vento frio se tenha afastado e que o pólen dos plátanos tenha cumprido a sua função.
Para a semana, esperemos que o mal-estar destes dias tenha cessado!