28.8.16

O emplastro

Perdi-lhe o nome, mas, sempre que ele invade o ecrã, fico sem saber o que fazer - ouvi-lo pela enésima vez; se mudo de canal, temo que o emplastro tenha decidido abdicar do seu papel de "Velho do Restelo", e eu perca o acontecimento.
O problema é de que nada serve mudar de canal, pois o emplastro vive neles como o Velho nas páginas d' Os Lusíadas. E condena-nos à morte, inevitavelmente. 
O emplastro lembra-me o Presidente do Conselho, Oliveira Salazar, que insistia no argumento de que "a razão" estava do seu lado e que o tempo se encarregaria de o mostrar.
O emplastro parece ser um legitimista que nunca percebeu que quem provocou a mudança foi ele próprio.  

27.8.16

Entre nós...

"O cão não abandona o caixão do dono.
A notícia vem de Itália, mas poderia vir de qualquer outra parte do mundo.

Entre nós, porém, há quem não se importe com o que acontece ao seu semelhante. Passe de lado, mude de passeio, se esconda...
Em último caso, acena-se com uns milhões de euros que vão direitinhos para o bolso dos "empreendedores"... 
Há por aí quem deite os foguetes e apanhe as canas! 

24.8.16

Em silêncio

Vou ficar em silêncio... A lição é dos avós que poupavam nas palavras e, assim, evito o desconforto alheio, de quem já andava farto de tamanha prosápia...
Sob as horas inúteis, de que serve terçar armas por uma ou outra causa ou até, num tom mais intimista, dar conta da tensão a que obedecemos cegamente...
Em idade juvenil, o silêncio era por vezes cenário de uma imaginação colonizada por anátemas demoníacos - no silêncio, o mafarrico destroçava-me o sossego...
Agora, chegou o tempo de ouvir as penas e guardá-las só para mim. A quem poderiam interessar as minhas penas? 

23.8.16

Longe da alegria

Vou esperar um pouco mais, embora a espera nada traga de entusiasmante... A atitude é masoquista, mas resulta de uma paciência inexplicável.
Sensato seria não esperar, porém de pouco serviria. Provavelmente só apressaria o desenlace. E esse é inevitável, mesmo que finjamos ignorá-lo.
E lá voltamos à paciência, isto é, à capacidade de suportar a rotina, o inesperado, a dor e até a ambição de uns tantos que persistem em acreditar na imortalidade...
Dentro de dias, estarei de regresso à alegria, postiça...

22.8.16

'Geringonça' , apontamento político-linguístico

Desde que Paulo Portas batizou o governo como 'geringonça' que procuro a origem do termo. Pela sua sonoridade, encontro-lhe um laivo onomatopaico que me faz pensar na sua antiguidade e, sobretudo, na sua expressividade de raiz popular... Afinal, o aristocrata 'Paulinho das feiras', era sensível à quinquilharia e ao palavrão... 
Por outro lado, pondo a questão de forma cerimoniosa, o termo 'geringonça" pode ser uma adulteração do castelhano 'jerigonza' que, certamente, refletirá o modo como os senhores de Castilha olhavam para as nossas proezas... Sem esquecer, o antepassado provençal 'gergon' que serviria para designar a impossibilidade de compreender o linguajar da época avesso a qualquer norma, senhorial ou conventual...
Andava eu nestas cogitações, quando o olhar me caiu sobre a exemplificação de palavras africanas (Caderno de Atividades / Novo Plural 10): lá estava a 'geringonça' no meio de outros termos mais ou menos suspeitos: «búzio, cachimbo, canga, Congo, cubata, dengoso, embalar, fulo, geringonça, lengalenga, macaco, manha, missanga, pipoca, tanga, tango»
Rogando pragas à erudição, estou pronto a aceitar a última explicação. Foi em África, provavelmente no Roque Santeiro, que o Paulinho descobriu a 'geringonça' e decidiu que era do seu interesse (e do PP e do Estado Português) apostar no governo do José Eduardo dos Santos, mesmo que isso o obrigue a afirmar que a geringonça portuguesa está para durar, ao contrário do 'amigo' Passos... 

21.8.16

Maria Rueff em entrevista ao Diário de Notícias

"As pessoas não são as políticas dos países." DN, 21 de agosto de 2016

Se puder, compre o DN deste domingo, e leia, pois irá ver que não se arrepende. Está lá tudo sobre algumas das pessoas mais genuínas deste país dos últimos 50 anos, a começar pela Maria Rueff...
A entrevista, conduzida por Ana Sousa Dias, deveria ser de leitura obrigatória nas escolas deste país, que persiste em valorizar valores efémeros e fátuos.
Este é um daqueles testemunhos que, até hoje, melhor me explicaram que a 'glória política' pouco tem a ver com o sentir e o viver das pessoas, que, de forma espontânea, choram e riem sempre que alguém lhes fala ao coração...

20.8.16

O IMI não pode ser um privilégio

O IMI deve ser um imposto universal.
Como tal, sou contra qualquer tipo de isenção a quem quer que seja - Fundações, Igrejas, Associações, Estado, Banca, Municípios, Embaixadas, Emigrantes, Estrangeiros...
A exceção abre sempre a porta ao privilégio...