19.7.25

Se eu fosse um robot...

 

Ali, no fundo da piscina aspira continuamente até que o mandem concluir a tarefa. Pelo que observei não se cansa nem faz greve de zelo. De tempos a tempos, vem à superfície e limpa as paredes como se fosse uma lapa ... 
Começo a observação por volta das 19 horas e, no dia seguinte, lá continua, imperturbável, a operação de limpeza. Vem-me à ideia que o robot talvez seja perfeccionista...
Admiro-lhe a resiliência, gabo-lhe a saúde e não posso deixar de o invejar... agora que me canso cada vez mais e me queixo por dá cá aquela palha...

Entretanto, já não consigo comentar o que se passa... Por exemplo, porque é que se deixa construir a torto e a direito e, sobretudo, por que motivo não se remunera devidamente o trabalho, de modo a que as pessoas não acabem a viver em barracos ou na rua...
O problema não é de construção é de remuneração!

12.7.25

O poeta (António) Silva Carvalho vai viver ...

«Estou aqui, neste poema, e sei que vou sobreviver

a quem me escreve! Tem que ser assim! É assim 

que se faz a história do homem, como se nada fosse,

uma palavra aqui e uma necessidade ali, o tudo 

surgindo como uma evidência tão natural e certa

que a própria filosofia não sabe o que dizer!»

22/5/1986, SILVA CARVALHO, CYPRESS WALK 

Sem notícia do António desde 2023, a esposa enviou-me um oportuno e-mail a recordar-me a amizade, mas que o colega e amigo partira de vez... no dia 8 de Julho de 2025. 

6.7.25

Desproporção

Morrem dois jogadores de futebol. 
Morre um militar de Abril. Morre uma fadista. Morre um músico e produtor musical...
E morrem diariamente, anónimos, muitos outros que abnegadamente tudo fizeram pela família, pela profissão, pela comunidade...
Para os primeiros, a comunicação social guarda-lhes, quase, toda a programação. Para os restantes, meia duzia de palavras e de imagens ou o silêncio absoluto...

Que todos repousem em paz neste país de pouco senso.

Entretanto, José Socrates, que tudo tem feito para não ser julgado, agora quer um julgamento em direto. Porque será?

Finalmente, gostaria que o Estado esclarecesse a quem é que, de facto, tem sido atribuída a nacionalidade portuguesa nos últimos dez anos. Será assim tão difícil fazer um gráfico que clarifique a origem dos 'novos' portugueses! 

30.6.25

O estreito de Ormuz


Posso estar enganado, mas suspeito que a vitória de Trump na guerra Israel-Irão esconde um acordo em que ninguém quis perder o estreito de Ormuz, a começar pela China...

Deste modo, todos cantam vitória.... e a resolução do problema foi mais uma vez adiada, o que permite a Israel continuar a terraplanagem da Faxa de Gaza e à Rússia manter a invasão da Ucrânia ..

Por outro lado, Taiwan liberta-se temporariamente do sufoco... 

Quanto à União Europeia, não posso dizer nada de dignificante. Os seus dirigentes acreditam que basta agitar a folha de cálculo...

25.6.25

Farinha do mesmo saco

Na corte, a tradição diz-nos que cada rei tinha o seu bobo.... Hoje, o bobo sentou-se no trono, não mudando o seu modo de ser/dizer, e, à sua volta, amontoam-se os aduladores que decidiram elogiar-lhe os caprichos...
Pasmo da cega obediência da Europa e, sobretudo, da crença de que Putin é o inimigo e de que Trump é o salvador, quando ambos são farinha do mesmo saco.

22.6.25

Flamingos, talvez invisíveis!

 

Por aqui, só andorinhas em permanente voo sem necessidade de serem reabastecidas. Voo picado à procura de insectos sem abrigo.
A maré ia cheia: nem peixes nem patos. 
Flamingos, talvez invisíveis! E estes é que podem ser perigosos, caso transportem a Bomba GBU-57... O Irão que o diga!

No entanto, por aqui, parece que não há perigo de sermos atacados pelo Sr. Trump: as terras são pobres; a população caminha para a extinção... o território está à mercê de quem desembarca no aeroporto... os políticos não têm vontade própria, nem sabem o que isso é.

O que me perturba, não são os estorninhos que rasam as fachadas dos edifícios, mas a nuvem de comentadores que, durante horas, falam do que não sabem como se estivessem numa sala de aula cada vez mais vazia.

14.6.25

Sua Excelência, de Corpo Presente

Pepetela publicou este romance em 2018. Estranhamente, só hoje acabei de o ler...Para quem já lera pelo menos 17 títulos deste Autor é inexplicável... ou, então, cansei-me do rumo da narrativa.
De qualquer modo, este intervalo de 7 anos não tornou o romance obsoleto. Infelizmente, apesar das mudanças políticas, o poder continua a servir os mesmos propósitos: o enriquecimento dos parentes, legítimos ou ilegítimos, dos fiéis de infância e de caserna... o endeusamento dos déspotas, servidos por esbirros implacáveis...
A técnica narrativa relembra algumas obras de José Saramago, em particular O Ano da Morte de Ricardo Reis. Sua Excelência, durante o seu próprio velório, revisita a sua vida e a da pátria, dando particular ênfase à sua prole, fruto da sua concupiscência.
O seu caixão acaba numa lixeira montanhosa que se erguera junto ao palácio presidencial...