3.8.07

Torre Bela

   

Para quem nasceu depois do 25 de Abril de 1974 e sente alguma curiosidade pela euforia revolucionária, recomendo-lhe que vá ver o filme TORRE BELA, de Thomas Harlan. 

Encontramos lá, bem explícitas, as causas da frustração da classe trabalhadora, mas, sobretudo, podemos ver por que motivo continuamos a perder terreno em tudo o que respeita à transformação humanizada da sociedade.

Um filme que mostra como os portugueses estão habituados a tomar o destino nas mãos sem para isso se preparar minimamente. Desde a "arraia-miúda", que içou o mestre de Avis ao poder, que acreditamos no voluntarismo colectivo ou, em alternativa, rendemo-nos a todas as formas de messianismo que nos possam libertar deste desterro acanhado a que orgulhosamente nos agarramos desde o século XII.

Infinitamente pequenos, sonhamos o infinitamente grande.

O filme TORRE BELA, apesar de brilhante, por momentos, adormeceu-me o cérebro: sempre que as vozes se sobrepõem, sempre que o ruído aumenta, a minha atenção recolhe para uma forma de vigília que me deixa entorpecido. Parece-me uma defesa um pouco primária, mas que, de facto, me atormenta desde a infância.

Não querendo evocar esse tempo, fico, contudo, com a sensação de que certas vivências  desse tempo remoto são responsáveis pela minha descrença nos movimentos de massas.

   

Sem comentários:

Enviar um comentário