Para quem nasceu depois do 25 de Abril de 1974 e sente alguma curiosidade pela euforia revolucionária, recomendo-lhe que vá ver o filme TORRE BELA, de Thomas Harlan.
Encontramos lá, bem explícitas, as causas da frustração da classe trabalhadora, mas, sobretudo, podemos ver por que motivo continuamos a perder terreno em tudo o que respeita à transformação humanizada da sociedade.
Um filme que mostra como os portugueses estão habituados a tomar o destino nas mãos sem para isso se preparar minimamente. Desde a "arraia-miúda", que içou o mestre de Avis ao poder, que acreditamos no voluntarismo colectivo ou, em alternativa, rendemo-nos a todas as formas de messianismo que nos possam libertar deste desterro acanhado a que orgulhosamente nos agarramos desde o século XII.
Infinitamente pequenos, sonhamos o infinitamente grande.
O filme TORRE BELA, apesar de brilhante, por momentos, adormeceu-me o cérebro: sempre que as vozes se sobrepõem, sempre que o ruído aumenta, a minha atenção recolhe para uma forma de vigília que me deixa entorpecido. Parece-me uma defesa um pouco primária, mas que, de facto, me atormenta desde a infância.
Não querendo evocar esse tempo, fico, contudo, com a sensação de que certas vivências desse tempo remoto são responsáveis pela minha descrença nos movimentos de massas.
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