Não é certamente um espaço assombrado. No entanto, os livros estão fechados à chave. Pertencem a um tempo envergonhado ou, talvez, sejamos nós que temos vergonha desse tempo. Não se sabe bem que livros por ali estão naqueles "altas estantes" - ninguém parece querer saber. No orçamento, não há verbas para recuperação / encadernação ou para catologação. Ao certo, também não sabemos se há verbas ou não.
Ali, ninguém lê os livros da biblioteca. No melhor dos casos, alguns alunos e professores lêem os seus próprios manuais e todos sabemos, creio, que os manuais são parecidos com livros, mas apenas isso.
Profanada a biblioteca, fazemos dela espaço de reuniões, de palestras, de lazer. Os assuntos abordados podem ser pertinentes e interessantes, mas raramente arrastam um público significativo, a não ser que o condicionemos ou o "arrebanhemos", sujeitando-nos a uma escuta perturbada por conversas paralelas, por entradas e saídas "fora de tempo".
Sempre ouvi dizer que o programa deve ser cumprido, mas nunca compreendi se ele é, de facto, lido. Literalmente, nenhum programa apresenta o jornalista e o cartunista como conteúdo, mas nada, nele, os inviabiliza como recurso - vivo, autêntico - capazes de despertar vocações, de expor a trasnsversalidade dos conteúdos, de nos obrigar a questionar o passado e, em caso de desespero, a rir de nós próprios.
E a culpa não é certamente da biblioteca!? Provavelmente, é apenas, uma questão de canal,o tal, como sentenciou o cartunista Bandeira.
A biblioteca tem livros. Deve ter livros. Por isso se lhe dá o nome de biblioteca. E por isso deve ser biblioteca, não um museu.
ResponderEliminarSaibamos embora que nos falhará sempre o tempo para ler livros, por inteiro. Será sempre mais fácil escrevê-los, por inteiro. Quem escreve sabe-o bem, quando lhe coloca o último ponto final, no livro, e o manda à vida.
O leitor também o sabe, que apesar de lido, o livro nunca se fechará de vez enquanto se não fecharem de vez os olhos que o leram.
E eu não perdi ainda a esperança de ver a Biblioteca, esta com livros de que falamos, em jeito de metáfora, com vida, para cá e para lá, como na Grécia de hoje - falando verdade o Bandeira, que razão não tinha para mentir. E sabia do que falava!
Gostei do que li. Eu própria já me interroguei muitas vezes o porquê daqueles livros estão tão guardados, impossibilitados de se mexer. Bem sei que são como uma reliquia e isso deve ser estimado mas era bom que houvesse dinheiro para os trazer de novo "à vida".
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ResponderEliminarcaros,
ResponderEliminarainda há bem pouco tempo estive a folhear o Egypto, do Eça, na biblioteca.
afinal, parece-me que as medidas de contenção têm de ser reforçadas, porque rara é a grade que não está destrancada.
como diz o outro, "vale a pena pensar nisto".