Ano de 1540.
Habitantes de Taiquilleu: « ... queira Deus por sua bondade que não seja esta nação barbada daqueles que por seu proveito e interesse espião a terra como mercadores, e depois a salteão como ladrões, acolhamonos ao mato, antes que as faíscas destes tições branqueados no rosto com a alvura da cinza que trazem por cima, queimem as casas em que vivemos, e abrasem os campos das nossas lavouras, como tem por costume nas terras alheas...» Fernão Mendes Pinto, PEREGRINAÇÃO, cap. 41.
Ano 2008.
Sorriso de orelha a orelha, olham-nos nos olhos como se acabassem de prestar um grande serviço ao Estado e aos professores... Num apertado jogo de cintura, acabaram por deixar de pé um modelo de avaliação iníquo, adiando a sua aplicação para o próximo ano lectivo. Uns, felizes, porque salvaram o modelo; outros, eufóricos, porque salvaram o 3º Período.
Nos bastidores vão, agora, distribuir as prebendas, indiferentes à necessidade de definir um projecto educativo para o país, e que seja aplicado, indepentemente do vencedor das próximas eleições. A educação não é feudo que possa ser gerido por um partido ou por uma coligação de interesses.
Tudo não passa de uma dança de cadeiras, em que grandes e pequenos aproveitam a confusão para promover os seus interesses, para torpedear regras que pensávamos sagradas: negociamos o que não é nosso; favorecemos os amigos e os correligionários; viciamos processos; omitimos; escondemos o jogo.
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