« Ou talvez o riso seja uma língua anterior que fomos perdendo à medida que o mundo foi deixando de ser nosso.» Mia Couto, Venenos de Deus, Remédios do Diabo, 2008
Este romance é de rir e de chorar mais. O argumento repleto de peripécias surpreende e encanta a cada momento: o segredo escapa a cada revelação, precipitando a verdade numa vertiginosa cascata que nos inunda de inesperadas emoções...
II
Todo o dia de hoje e, também, o de ontem me deu vontade de chorar: a vontade de servir e de dominar é tão forte que nem a lei escapa à vontade de a torcer: a DGRHE quer fazer o milagre de tornar o "avaliador" em supervisor pedagógico... como se pudessemos gerar milhares de supervisores em 22 horas de formação, como se os avaliados estivessem dispostos a reconhecer ao avaliador não só a competência de os classificar e de o seriar, como também a competência de os guiar, com base em três observações de aula... e numa lista interminável de itens. E tudo isto, de borla, e sem redução significativa da carga lectiva...
Infelizmente, já vimos esta forma de trabalhar. Basta lembrar o modo como foi lançada a "profissionalização em exercício". Quem se lembra? O efeito é sempro o mesmo: a degradação da qualidade pedagógica e o consequente empobrecimento do país...
Venenos de Deus, Remédios do Diabo! A metáfora absoluta, já que como afirmou (?) Fontanier: no limite, todas as figuras são metáforas.
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