26.4.16

A racionalidade conjugal da morgada de Travanca

A presidente do Conselho de Finanças Públicas (CFP), Teodora Cardoso, rejeitou hoje que este órgão consultivo tenha uma postura ideológica, defendendo antes que respeita a racionalidade económica.

A racionalidade económica é um conceito que me provoca azia. Em primeiro lugar, porque a racionalidade só pode ser estabelecida pela razão humana; em segundo lugar, porque a economia é uma categoria que não deve descurar a ideologia que, pela sua origem, pressupõe um governo do homem para o homem.
Para mim, não é admissível que um perito em finanças públicas tenha uma visão da governação estribada nas regras do galinheiro de salazar: os trabalhadores põem os ovos e os safardanas abocanham-nos...

A dona Teodora Cardoso lembra-me outra Teodora, a do Calisto Elói:

- Valha-me Deus! - exclamou ela aflitivamente. Tu dizes-me coisas que me fazem endoudecer! Pois tu não vês que eu já não posso dar o meu coração a outro enquanto for casada com um?
- Vejo que me não amaste nunca, Teodora . Dize a verdade... Nunca me tiveste amor?
- Eu sei cá, primo! ... Se me casasse contigo, tinha-te amor... Assim como casei com meu marido, que hei de fazer eu agora?  
 Camilo Castelo Branco, A Queda dum Anjo - diálogo entre os primos Teodora e Lopo, cap. XXIX.

Sem comentários:

Enviar um comentário