12.6.16

A escola pública e o ensino das línguas

"As minhas filhas fizeram o jardim-de-infância e a primária numa escola pública. E agora estão na Escola Alemã, (...) tem a ver com a opção por um currículo internacional. Para mim era importante que elas tivessem uma educação com duas línguas que funcionassem quase como maternas, digamos assim. Se assim não fosse, andariam obviamente numa escola pública." Alexandra Leitão, secretária de Estado da Educação.

A secretária de Estado da Educação, Alexandra Leitão, tem dado provas de coragem ao afrontar os interesses instalados no Ensino Privado, no entanto, na entrevista dada à Visão, faz prova de falta de visão política, pois se o ensino público deve promover a igualdade, em matéria de ensino das línguas estrangeiras, não o faz já há muitos anos, por mais que se aposte no ensino do inglês desde o primeiro ciclo.
Um país periférico da União Europeia, se quiser competir com o centro dessa comunidade, tem de generalizar o ensino das línguas nacionais dos parceiros europeus mais poderosos, e fazê-lo recorrendo a professores devidamente habilitados e a métodos adequados à idade dos jovens alunos. E a senhora secretária de Estado sabe disso, como, em geral, a classe política o pratica com os seus filhos.
Ainda, nos últimos dias, tive oportunidade de compreender a fragilidade da situação portuguesa, ao assistir à projeção internacional dos filmes realizados pelas oficinas de cinema de países como a Bulgária, o Reino Unido, a Alemanha, a Finlândia, a Lituânia, a França, Portugal, a Bélgica, a Espanha, Cuba, o Brasil e o México. As oficinas eram constituídas por jovens, entre os 7 e os 18 anos. Durante 3 dias, os jovens realizadores, produtores e atores apresentaram defenderam o filme produzido por cada equipa e, sobretudo, questionaram de viva voz o trabalho das restantes oficinas.
Ora nesta situação de exposição pública, não pude deixar de compreender a dificuldade portuguesa em questionar os trabalhos apresentados ou de compreender as questões colocadas na Cinemateca Francesa.
Há um défice imperdoável num dos pilares da formação e da educação em Portugal - o ensino das línguas estrangeiras. A senhora secretária de Estado da Educação sabe-o, porque não ignora que há um "currículo internacional" e que o escolheu para os seus filhos...
Não se trata, aqui, dos jovens portugueses serem mais ou menos ricos ou pobres. Trata-se, sim, de desenhar uma política da língua materna e estrangeira que nos tire da periferia...

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