O tema de hoje bem podia cingir-se à "violência" no namoro... ação dinamizada pela APAV, tendo como público jovens do ensino secundário... De tudo o que foi dito, nada me surpreendeu, apesar da tendência de alguns jovens para considerarem que a violência não é habitual entre gente civilizada, gente bem educada...
Os palavrões, os insultos, a chantagem, o boato, o empurrão e o apertão, o riso alarve, o controlo das sms, das chamadas, dos chats, o assédio, o abuso, são, afinal, comportamentos dos bairros da periferia...
Por aqui, são tudo rosas, meu senhor!
Nós, gente civilizada, não faltamos ao respeito, não gritamos, não empurramos, não partilhamos fotos inconvenientes, não arrastamos pelos cabelos os mais frágeis... aqueles /as que não nos satisfazem os caprichos...
Talvez, o amigo /a se exceda, grite, insulte, agrida, abuse da fraqueza do parceiro / da parceira... No entanto, não vamos maçar-nos. Não metas a colher... assunto privado.
Quem disse que tal pode ser crime público!
E a propósito, agora que tanto se insiste em aligeirar a carga de trabalhos escolares, registo aqui um excerto vicentino que bem poderia ilustrar um debate sobre a violência doméstica:
Inês - Por que bradais vós comigo?
Escudeiro - Será bem que vos caleis.
E mais sereis avisada
que nam me respondais nada,
em que ponha fogo a tudo,
porque o homem sesudo
traz a molher sopeada.
Vós nam haveis de falar
com homem, nem mulher que seja
somente ir à igreja
nam vos quero eu leixar.
Já vos preguei as janelas,
Por que não vos ponhais nelas
estareis aqui encerrada
nesta casa, tam fechada
como freira d'Oudivelas.
Farsa Inês Pereira
Sem comentários:
Enviar um comentário