18.12.21

Outrora e outros tempos


Olga Tokarczuk no romance 'Outrora e Outros Tempos' leva-nos ao centro da tragédia de um país encravado entre estados expansionistas, utilizando uma estratégia narrativa peculiar - o tempo recorrente de diversas personagens prisioneiras do território e, sobretudo, do seu próprio corpo.
Nem Deus nem a Alma lhes valem de todo, quando os exércitos estrangeiros se enfrentam, roubando-lhes a vida ou, pior, mutilando-lhes definitivamente os corpos. E, absurdamente, na guerra todos morrem, sejam invadidos ou invasores...
A desumanização é uma consequência da guerra, tal como o esquecimento é a melhor solução para o fim da vida:
«Aprendeu a esquecer e o esquecimento trazia-lhe alívio (:..) Bastava-lhe não pensar durante um dia ...»

Este romance é, por um lado, extremamente cruel e, por outro lado, apaziguador: «Ignorar que se existe é libertar-se do tempo e da morte.»
Ainda assim, a leitura desta obra incita-me a aventurar-me um pouco mais na literatura polaca, já que a Polónia me está cada vez mais distante...

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