24.2.22

O que fazer com 100.000 homens?


Deixá-los à míngua não seria boa ideia.

Só a vertigem os ajuda a compreender o que fazem na fronteira. Não a ultrapassar seria um suicídio. Por isso avançam confiantes da sua razão aniquilidadora - vieram ao mundo para destruir e nada os irá impedir, pensam os 100.000 homens conduzidos à linha da frente, sem perceber que, nas suas costas, já foram descontados...

Do lado de cá, o esplendor das noites mal dormidas, fazendo de conta que os 100.000 homens, um destes dias, regressarão a casa como se nada tivesse sido destruído.
2.
Avisam-me que são 200.000 homens, o número pouco importa... Bom seria saber se são, de facto, homens... prontos a matar outros homens...
3.
Não sei bem se os tais 100.000 homens já se aperceberam que também eles podem ser mortos ou se a vodka lhes destruiu os neurónios, a não ser que as sinapses já sejam descartáveis...
4.
Para além dos 100.000 homens, há outros homens que atravessam a fronteira com o objetivo de reportar a guerra. No entanto, falam sobretudo de si... Porque será?
5.
100.000 homens atravessaram a fronteira, sem saberem para onde se dirigem, mas avançam. Cumprem ordens, pouco lhes interessa o resultado da travessia... Muito os homens gostam de cumprir ordens! Desculpa antiga.
6.
100.000 homens continuam a avançar para Kiev e nós a assistir... A quê? Preferimos contemplar a destruição a agir.

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